Os bares e restaurantes de Goiás estão otimistas com as boas perspectivas de incremento da movimentação de fregueses neste fim de ano. Uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) mostrou que quase metade dos estabelecimentos do Estado pretende contratar até o fim de 2022 e a maioria dos que precisam reforçar suas equipes preveem um aumento da demanda por conta de eventos como a Copa do Mundo e as festividades de Natal e réveillon. Mas essa necessidade de contratar tem esbarrado na dificuldade para encontrar profissionais disponíveis no mercado.
O levantamento da Abrasel mostrou que 31% dos estabelecimentos já aumentaram seus quadros no último mês de setembro, com a melhora dos indicadores econômicos do País. Mas a procura por profissionais como garçons, auxiliares de cozinha, atendentes, cozinheiros e caixas continua grande. Somente o Sindicato dos Bares e Restaurantes de Goiânia (Sindibares Goiânia) conta, hoje, com cerca de mil vagas abertas por estabelecimentos de sua base somente na capital. Em todo Estado, o número de vagas abertas pode chegar a 2 mil.
Atualmente, há oportunidades com salários que chegam aos R$ 6 mil. O presidente da Abrasel Goiás, Danillo Ramos, reconhece que o setor tem dificuldade para encontrar mão de obra disponível, principalmente mais qualificada. Ele acredita que um dos motivos seja a própria queda nas taxas de desemprego, após um número recorde de contratações no País. Além disso, boa parte da população que foi para a informalidade durante a pandemia ainda não teria voltado ao mercado formal e nem estaria procurando emprego, como mostram pesquisas da Pnad-IBGE.
FEIRÕES DE EMPREGO
Mas Danillo lembra que o aquecimento da economia tem levado a uma busca por pessoal por todos os setores da economia, o que tem motivado a realização de feirões de emprego. Nesta semana, somente na capital, estão sendo realizados dois destes eventos que, juntos, oferecem cerca de 15 mil vagas: o ABRH na Praça 2022 e o Feirão de Empregos promovido pelo governo do Estado. “Nosso setor oferece boas oportunidades e é conhecido como a porta de entrada do primeiro emprego para muita gente”, destaca o presidente da Abrasel Goiás.
Por conta deste incremento da demanda por mão de obra, quem não tem experiência, hoje encontra empresas muito mais dispostas a ensinar a trabalhar. Além disso, Danillo acredita que as remunerações estão em patamares mais elevados, considerando o piso da categoria de quase R$ 1.370 e mais adicional de assiduidade e a participação nas gorjetas, que hoje se estende até o pessoal da cozinha. “Já temos auxiliares de cozinha que tiram cerca de R$ 2 mil mensais. Os chefs de cozinha recebem a partir de R$ 3,5 mil e há garçons que chegam a ganhar entre R$ 6 mil e R$ 8 mil, dependendo do restaurante”, informa.
CRESCIMENTO
O empresário Boni Melo, proprietário do Aquarius Restaurante, tem 45 vagas abertas para todos os tipos de funções em suas duas casas já em funcionamento e também para uma terceira unidade, que será aberta no fim deste mês. Ele conta que 15 destes postos não são preenchidos há cerca de três meses. Há oportunidades para todas as áreas, como auxiliar de cozinha, auxiliar de garçom, barman, limpeza, caixa e até monitora de brinquedoteca, com salários a partir de R$ 1,5 mil, mas que podem chegar a R$ 7 mil.
“Não entendemos o porquê disso. Acho que depois da pandemia muita gente migrou para o interior, alguns tentaram empreender ou estão na informalidade, e talvez uma outra parte esteja esperando a definição política ou recebendo auxílios”, arrisca o empresário. A empresa ainda oferece treinamento e oportunidade de crescimento.
O Sindicato Intermunicipal dos Empregados no Comércio Hoteleiro do Estado (Sechseg) conta com um banco de empregos que tem tentado auxiliar os bares e restaurantes no preenchimento das vagas abertas. Mas o presidente da entidade, Marlos Luz, também admite a dificuldade. Ele lembra que 90% dos trabalhadores do setor vieram de outras regiões do País, como o Norte e Nordeste, e acredita que muitos tenham voltado para suas cidades após a pandemia. “Além disso, muita gente se reinventou e descobriu que empreender, vendendo até água no semáforo, poderia ser mais vantajoso que a carteira assinada”, acredita.
Ele ressalta que, além do salário-base da categoria, de R$ 1.362, os trabalhadores em bares e restaurante recebem boas gorjetas. Porém, as oportunidades no setor têm atraído menos os jovens, principalmente por causa dos horários de trabalho, que incluem o período noturno, finais de semana e feriados. “Muitos desistem quando se deparam com estes horários.” E poucos têm se interessado pelos cursos de qualificação, mesmo sendo gratuitos. “Muitas vezes, o trabalhador só tem direito a folga num domingo a cada 60 dias. As demais ocorrem no meio da semana”, lembra Marlos.
EVENTOS FACILITAM CONTRATAÇÕES
Na tentativa de aproximar as empresas dos trabalhadores que buscam uma oportunidade, estão acontecendo dois feirões de emprego na capital. A 11ª edição do ABRH na Praça 2022, que termina hoje, no IPOG, reúne 40 empresas de todos os portes, que oferecem mais de 5 mil oportunidades de emprego. O presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-GO), Milton Marinho, informa que esta edição, a primeira presencial após a pandemia, registra um número recorde de vagas, inclusive em novas modalidades de trabalho, como o home office.
Durante o evento, também há palestras ministradas por profissionais da área de gestão pessoal. As oportunidades vão desde a área operacional, passando por estágios e cargos estratégicos, até gestão, incluindo pessoas com deficiência (PCDs). Milton O Governo de Goiás, por meio da Secretaria da Retomada, também realiza, de hoje até o próximo sábado, a 11ª edição do Feirão de Empregos, na Praça Cívica, que oferece mais de 10 mil vagas, atendimentos de programas sociais e consultorias e linhas de crédito a micro e pequenos empresários.
No Feirão, também podem ser feitas inscrições em cursos gratuitos de curta duração.
