Wilton Pereira Sampaio e Bruno Pires terão alguns dias de descanso depois de atuarem na Copa do Mundo do Catar, mas o foco da dupla goiana do apito é voltar a ser convocada para trabalhar nos próximos Mundiais. O topo na arbitragem foi alcançado pelos profissionais do Estado no Catar. A meta dos dois, agora, é permanecer entre os principais árbitros do quadro da Fifa, já de olho em 2026.
No Catar, Wilton Pereira Sampaio trabalhou em sua segunda Copa do Mundo, a primeira como árbitro de campo. Já o assistente Bruno Pires fez sua estreia em uma edição de Mundial. A avaliação da dupla é que o desempenho foi bom e isso se torna combustível para os dois, que querem trabalhar na Copa de 2026, que será disputada nos Estados Unidos, México e Canadá.
“Chegamos no topo da carreira. Começamos lá embaixo e alcançamos o topo. Mas e aí? Vamos fincar a bandeira no topo e o que fazer agora? O ano de 2023 está logo aí, a nossa Copa do Mundo, que é o Campeonato Goiano, começa dia 11. Quando você atinge o status de mundialista, a cobrança aumenta. A mesma importância que damos para uma seleção é o que damos para um time do Estadual. Queremos colocar tudo que aprendemos na subida até o topo e contribuir para a arbitragem goiana”, afirmou o assistente Bruno Pires, de 37 anos.
Na Copa conquistada pela Argentina, quatro jogos tiveram participações, no campo, da dupla goiana: Senegal 0x2 Holanda, pela 1ª rodada do Grupo A, Polônia 2x0 Arábia Saudita, na 2ª rodada do Grupo C, Holanda 3x1 Estados Unidos, pelas oitavas de final do Mundial, e Inglaterra 1x2 França, nas quartas de final. Bruno ainda foi assistente de VAR na disputa de 3º lugar.
Depois de atuar em quatro jogos no Catar, Wilton Pereira Sampaio é o 3º brasileiro a apitar mais jogos de Mundiais, ao lado de José Roberto Wright. Carlos Eugênio Simon soma sete partidas, e Sandro Meira Ricci possui seis jogos no currículo.
“A Copa do Mundo é o topo da arbitragem. É difícil chegar nesse estágio e pretendemos seguir com os pés nos chão. A cobrança vai ser ainda maior agora, as pessoas vão olhar de maneira diferente. Que a gente consiga manter o bom desempenho nas nossas ‘Copas do Mundo’, que são o Goiano e o Brasileiro”, completou o árbitro Wilton Pereira Sampaio.
Um fator que motiva os goianos a buscar uma nova participação na próxima Copa do Mundo é o feedback positivo que receberam, informalmente, da atuação da arbitragem brasileira no Mundial do Catar.
Segundo Wilton Pereira Sampaio, uma avaliação será feita pela Fifa sobre a atuação dos árbitros no Mundial. “O presidente da comissão de arbitragem da CBF, o (Wilson Luiz) Seneme, me disse que a arbitragem brasileira sai fortalecida, que os sete profissionais deixaram boa impressão para a Fifa. Quando divulgarem o relatório final, vão lembrar da arbitragem brasileira”, contou o árbitro goiano, que, além do conterrâneo Bruno Pires, teve Raphael Claus, Bruno Boschilia, Danilo Manis, Rodrigo Figueiredo e Neuza Inês Back como companheiros brasileiros na arbitragem da Copa.
O processo para chegar na Copa de 2026 começa, segundo os profissionais goianos, no próximo dia 3 de janeiro. Será nesta data que eles iniciam as avaliações física e técnica para atuarem no Goiano e competições nacionais em 2023.
“A análise que a Fifa vai fazer é geral. Ela exige regularidade e considera isso desde o Campeonato Goiano. Além dessa regularidade, boas avaliações físicas e técnicas são consideradas. A exigência para chegar em uma Copa do Mundo é alta, por isso temos que ter disciplina e foco para nos mantermos na lista de convocados”, falou Wilton Pereira Sampaio, que explicou sobre o elevado tempo de acréscimos na Copa.
A quantidade de acréscimos que os árbitros deram na Copa causou curiosidade. De acordo com o árbitro goiano, a orientação da Fifa foi de não deixar tempo perdido nos jogos. Wilton Pereira Sampaio reconheceu que, nos primeiros jogos, o número era elevado, mas isso foi diminuindo conforme a sequência de jogos e agilidade de jogadores nas paradas.
“A questão dos acréscimos foi a orientação de cumprir o tempo perdido, de ser criterioso com o tempo de jogo parado. Substituição leva tempo, atendimento médico, procedimentos do VAR, todo tempo era calculado pela arbitragem, o quarto árbitro e um membro na cabine (do VAR). A orientação era cumprir com o que o jogo pedia. Tiveram jogos com dois minutos, outros já pediam sete de acréscimo”, frisou o profissional.
Viver dias de Copa é algo que marcou Wilton Pereira Sampaio e Bruno Pires e foi considerado por eles como “a realização de um sonho”. No Catar, pouco tempo sobrou para eles conhecerem o país, mas, quando sobrava um tempo entre jogos, aproveitaram para andar por Doha. Visitas a mercados eram de praxe, deu tempo até de montar um camelo. “Só montar. Andar era caro (risos)”, brincou Bruno Pires.
“Quando não tinha jogos, a gente treinava e fazia algumas atividades obrigatórias, como analisar os lances dos jogos anteriores. Não podia sair na véspera de uma partida, mas consegui assistir a oito jogos, o do Brasil contra a Suíça e a final. Lembro da sensação que tive ao sair do hotel para os estádios, o filme que passa na cabeça com tudo que vivemos para chegar ali. As torcidas da Copa me marcaram. São diferentes, mais apaixonadas”, detalhou Wilton Pereira Sampaio sobre sua rotina no Catar e algumas lembranças fora dos jogos em que atuou.