O atacante Allano, do Criciúma-SC, foi xingado por um torcedor do Atlético-GO de “negro safado” após a equipe catarinense marcar o gol da vitória sobre o Dragão de virada por 2 a 1, no Estádio Antônio Accioly, na noite de quarta-feira (19).
Este é o quarto caso registrado de racismo no Estádio Antônio Accioly desde 2019.
O gol ocorreu nos acréscimos, aos 57 minutos do segundo tempo, numa cobrança de falta de Trauco. Na gravação das imagens da TV Tigre, que trabalhava durante a partida, é possível ouvir o xingamento que partiu de um torcedor da arquibancada, enquanto os jogadores do Criciúma comemoravam o gol.
Na súmula da partida, não há relato do árbitro Alex Gomes Stefano (RJ) sobre o ato de injúria racial contra o jogador do Criciúma na comemoração do gol. O documento cita que, após o Criciúma marcar o gol, “foram arremessados copos descartáveis vindos da torcida do Atlético Goianiense Saf para o campo de jogo”.
Outra citação é de que ele expulsou um gandula, Lucas Silva Nunes Arruda, “por colocar-se ao lado da trave, orientando a formação de uma barreira numa cobrança de falta contra a equipe mandante”.
Em contato com a assessoria de imprensa do Cricíuma, a informação repassada é de que o departamento jurídico do clube, durante a reapresentação do elenco nesta sexta-feira (21), vai se reunir com o atacante Allano para conversar e tirar uma posição sobre o ato de injúria racial ocorrido no Antônio Accioly.
A diretoria do Atlético-GO afirma que não tomou conhecimento do fato. O presidente da Saf, Adson Batista, disse que não ficou sabendo de nada e não vai se pronunciar, a não ser que ocorra algum desdobramento do fato.
Quarto caso
Este é o quarto caso registrado de racismo ou injúria racial no Accioly desde 2019. Antes do caso envolvendo Allano, um torcedor do Atlético-GO foi acusado de injúria racial contra um torcedor do Vitória em partida disputada em 27 de agosto de 2023. O torcedor foi chamado de "preto" e "macaco".
Em 2022, o volante Fellipe Bastos, ex-Goiás, disse que um torcedor do Dragão o chamou de “macaco”. O jogador registrou boletim de ocorrência, o caso foi investigado pelo Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (GEACRI), mas o acusado não foi encontrado.
Em outro caso, de 2019, um torcedor foi preso dentro do Accioly por ter xingado e feito gestos racistas para o zagueiro Eduardo Bauermann, que à época estava no estádio atuando pelo Paraná, que enfrentava o Atlético-GO na ocasião.
Punição em regulamento
Desde 2023, o Regulamento Geral de Competições (RGC) da CBF prevê que um clube pode ser punido com perda de pontos, entre outras punições, por casos de racismo.
"Considera-se de extrema gravidade a infração de cunho discriminatório praticada por dirigentes, representantes e profissionais dos Clubes, atletas, técnicos, membros de Comissão Técnica, torcedores e equipes de arbitragem em competições organizadas e coordenadas pela CBF, especialmente injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia, procedência nacional ou social, sexo, gênero, deficiência, orientação sexual, idioma, religião, opinião política, fortuna, nascimento ou qualquer outra forma de discriminação que afronte a dignidade humana", diz o RGC.