Esporte

Atlético-GO integra lista de luxo no Brasileirão

Fábio Lima
Atlético-GO conquistou o tri inédito no último fim de semana

Emergente do futebol brasileiro, o Atlético—GO se destaca nos últimos dez anos pela conquista de títulos, planejamento e a obsessão por crescer nos cenários local, regional e até internacional. Levantamento mostra que o Dragão está entre os dez clubes da Série A com maior número de conquistas nos últimos dez anos (a partir de 2014). No período, o rubro-negro goiano foi campeão da Série B (2016) e seis vezes do Estadual (2014, 2019, 2020, 2022, 2023 e 20 24).

(Confira, no fim do texto, lista dos dez clubes da Série A mais vencedores nos últimos dez anos)

Há razões para isso. O clube saiu da penúria a partir de 2006. Voltou ao cenário regional, chegou às finais, ganhou títulos e obteve acessos. Em 2014, quando foi campeão do Goianão com o gol memorável do zagueiro Lino, aos 48 minutos do segundo tempo, seguiu conquistando títulos e ultrapassou rivais no futebol goiano: Vila Nova (15 vezes campeão goiano) e Goiânia (14 vezes).

O Atlético-GO soma 18 títulos do Estadual, em 2º lugar no Estado, e ainda festeja o inédito tricampeonato (2022, 23 e 24). Na projeção do presidente do clube, Adson Batista, vai brigar pelo inédito tetra, em 2025. “Sempre o próximo (torneio) é o mais importante. Ainda mais que nós nunca fomos tetra”, falou o dirigente.

Adson Batista está no clube desde o final de 2005. O Dragão foi campeão da Série C (2008) e três vezes do Goianão (2007, 2010, 2011) antes de 2014. Na visão do dirigente, o Atlético-GO voltou a ser forte e ganhador de taças porque tem um planejamento estratégico, de crescimento, saúde financeira, organização e bom trabalho no departamento de futebol.

“Isso foi fruto de um planejamento de médio a longo prazos. Não é por acaso. Trabalhamos muito para melhorar isso (brigar por títulos), assim como também melhorar o poder de investimento. O clube hoje tem protocolos, é bem definido em todos os departamentos e sempre cuidei disso, pessoalmente”, falou o dirigente.

Em nível nacional, esta evolução começa a ser perceptível, pois os outros clubes sabem que há outra referência no futebol goiano, pois o Goiás se vê estagnado.

“Em primeiro lugar, é preciso dizer como o clube tem um trabalho silencioso. As pessoas não sabem como é o Atlético-GO, não têm muita noção deste levantamento (títulos). Não sabem de um número que vi, recentemente, de que é o time com melhor aproveitamento (85,96%, com 16 vitórias, um empate e duas derrotas) neste inicio de ano”, verificou o comentarista Sergio Xavier Filho, do Sportv.

No futebol goiano, o Atlético-GO vê espaço para crescimento da torcida, do patrimônio e das finanças. “Esta ascensão do Atlético-GO, proporcionalmente, é muito parecida com a do Athletico-PR. Cresceu no futebol brasileiro, é time grande no País. O Goiás parou no tempo em termos de conquistas”, atesta o comentarista Evandro Gomes, da Rádio CBN Goiânia e da TV Brasil Central.

Ao se lembrar das últimas conquistas do Dragão, Evandro Gomes lembra que o clube poderia ter uma sequência inédita, de seis títulos seguidos do Goianão, não fosse a eliminação na fase semifinal do Goianão 2021, em casa e nos pênaltis, pelo Grêmio Anápolis, campeão naquela edição. O clube seria hexa e ultrapassaria Goiás e Goiânia (foram pentacampeões).

O comentarista ressalta a arrancada atleticana, o planejamento e o trabalho de Adson Batista, que ocupa cargos no clube desde o final de 2005. São 18 anos do dirigente no Dragão, no qual ganhou experiência e lastro com a gestão do futebol e do clube, como um todo.

“O Atlético-GO cresceu não só como time, mas como clube. Hoje, tem estrutura fantástica e, da maneira que vai, se tornará grande muito mais cedo do que se imaginamos em nível nacional, buscando títulos importantes”, previu Evandro Gomes.

O ex-goleiro Márcio e o ex-zagueiro Lino fizeram parte do processo de evolução do Dragão. Foram campeões, estavam nos títulos do Goianão de 2014 e da Série B de 2016. Ambos acreditam que o clube está se consolidando.

“É um crescimento bacana, de um clube mediano. Está se colocando na prateleira, dos times bons do Brasil”, destacou Márcio, que também fez parte de geração vencedora do clube com as taças do Goianão 2007, 2010, 2011, Série C de 2008 e o acesso à elite nacional em 2009.

Lino foi campeão do Estadual 2014 (fez o gol do título) e foi capitão do título da Série B 2016. “É muito bom ver o crescimento do clube. Com certeza, vai subir mais degraus, vai brigar por coisas maiores”, previu o ex-jogador.

O Atlético-GO está se consolidando e não pode ter retrocessos, como ocorreu com clubes como São Caetano, Santa Cruz e Paraná, que se encontram distantes, por exemplo, da condição de clubes da Série A e tiveram projeção. Por isso, Sergio Xavier Filho fala em crescimento silencioso, mas consistente, com saúde para buscar taças, além de ter a capacidade de se levantar nas adversidades, como foi no descenso à Série B, em 2022.

“O Atlético-GO está lá, quietinho, comendo pelas beiradas. Isso tem a ver com um trabalho a longo prazo. É muito raro no futebol ver um clube que, na troca de diretoria, consiga manter padrão. Principalmente neste sobe e desce de 1ª Divisão (nacional), isso bagunça a cabeça do dirigente porque o cara que sai da (Série) B e vai para a A, com orçamento de (Série) B, muitas vezes acaba se perdendo, pois gasta demais e faz o bate e volta”, apontou Sergio Xavier Filho.

Nos últimos dez anos, o Dragão foi rebaixado duas vezes, em 2017 e em 2022. Porém, se planejou e não demorou muito tempo na Série B. Por muito pouco, não caiu à Série C em 2013, o que seria o maior retrocesso nos últimos anos.

“Quando volta, ele (clube) volta muito pior, com os contratos de A, tendo uma realidade de (Série) B. Muitas vezes, para brincar de abecedário, você vai direto para a (Série) C. O Atlético-GO tem conseguido manter o padrão e isso é fruto de gestão a longo prazo. É ter cabeça tranquila, não se empolgar demais com as vitórias e não entrar em surto psicótico quando perde”, receitou Sergio Xavier Filho.

Década de conquistas

Times da Série A com mais títulos nos últimos 10 anos

PALMEIRAS - 14
Nos últimos 10 anos, o Palmeiras foi tetra do Brasileiro (2016, 2018, 2022 e 2023) e do Paulistão (2020, 2022, 2023 e 2024), bicampeão da Libertadores (2020 e 2021) e da Copa do Brasil (2015 e 2020), e campeão da Recopa Sul-Americana (2022) e da Supercopa do Brasil (2023).

FLAMENGO - 14
O Flamengo foi hexa do Carioca (2014, 2017, 2019, 2020, 2021 e 2024), bicampeão da Libertadores (2019 e 2022), do Brasileiro (2019 e 2020) e da Supercopa do Brasil (2020 e 2021) e campeão da Copa do Brasil (2022) e da Recopa Sul-Americana (2020).

GRÊMIO - 14
O Grêmio venceu sete vezes seguidas o Gaúcho (2018, 2019, 2020, 2021, 2022, 2023 e 2024), quatro vezes a Recopa Gaúcha (2019, 2021, 2022 e 2023), a Libertadores (2017), a Copa do Brasil (2016) e a Recopa Sul-Americana (2018).

ATLÉTICO-MG - 12
Os títulos do Galo: Mineiro (2015, 2017, 2020, 2021, 2022 e 2023 e 2024), Copa do Brasil (2014 e 2021), Brasileiro (2021), Recopa Sul-Americana (2014) e Supercopa do Brasil (2022).

FORTALEZA - 12
Foi heptacampeão do Cearense (2015, 2016, 2019, 2020, 2021, 2022 e 2023), bicampeão da Taça dos Campeões Cearenses (2016 e 2017) e da Copa do Nordeste (2019 e 2022) e campeão da Série B (2018).

CUIABÁ - 11
Conquistou o Mato-Grossense (2014, 2015, 2017, 2018, 2019, 2021, 2022, 2023 e 2024) e a Copa Verde (2015 e 2019).

ATHLETICO-PR - 10
Campeão do Paranaense (2016, 2018, 2019, 2020, 2023 e 2024), da Copa Sul-Americana (2018 e 2021), da Copa do Brasil (2019) e da Copa Suruga Bank (2019).

BAHIA - 8
Lista de títulos: Baiano (2014, 2015, 2018, 2019, 2020 e 2023) e Copa do Nordeste (2017 e 2021).

CRUZEIRO - 7
Foi tricampeão do Mineiro (2014, 2018 e 2019), bicampeão da Copa do Brasil (2017 e 2018) e campeão do Brasileiro (2014) e da Série B (2022).

ATLÉTICO-GO - 7
Conquistou o Goiano (2014, 2019, 2020, 2022, 2023 e 2024) e a Série B (2016).

Fonte: Folhapress

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