Após duas temporadas (2020 e 2021) interrompida por causa da propagação do coronavírus, que, a partir do dia 11 março de 2020, passou a ser tratada como pandemia pela Organização Mundial de Saúde, a Caminhada Ecológica está de volta ao calendário goiano para sua 29ª edição. Desde o dia 20 de julho de 2019, último dia da 28ª edição do projeto, quando 29 atletas e integrantes de equipes de apoio mergulharam nas águas do Rio Araguaia, em Aruanã, há uma espera de quase três anos para uma nova jornada.
A Caminhada Ecológica está retomada em 2022 e terá a presença de 24 atletas - 17 homens e 7 mulheres -, além dos envolvidos na realização do evento. Serão cerca de cem pessoas reforçando a importância de a iniciativa idealizada por Antônio Firmino de Lima, o Seu Donca, se manter cada vez mais viva e deixar o legado.
A partir da madrugada desta terça-feira (19), antes de o sol nascer e ainda no escuro, a 29ª Caminhada Ecológica larga em Trindade, a Capital da Fé. Serão 310 km percorridos a pé, durante cinco dias, passando também pelos municípios de Goianira, Brazabrantes, Caturaí, Inhumas, Itauçu, Itaberaí, Cidade de Goiás, Faina, Araguapaz e fechando o roteiro no sábado (23), novamente nas águas frias do Rio Araguaia, em Aruanã.
Desde segunda-feira (18), a movimentação começa com o congresso técnico no Sesc Faiçalville (Goiânia) e continua em Trindade, com a chegada ao trevo e solenidade no centro administrativo. Depois, à noite, haverá missa na Matriz (Santuário Velho) e jantar solene, últimos eventos que precedem a largada, horas depois.
“Vamos fazer (Caminhada Ecológica) com toda a segurança possível”, promete Antônio Celso Ferreira Fonseca, coordenador técnico da Caminhada Ecológica desde a gênese dela, quando os primeiros atletas, inspirados no pioneiro Seu Donca, deram os primeiros passos no início da década de 1990. Os atuais, segundo Antônio Celso, se encontram num ritmo bom, muito bem preparados fisicamente.
Os atletas foram selecionados após conseguir cumprir os tempos e distâncias exigidos na seletiva. Entre eles, seis serão estreantes (três homens e três mulheres), repetindo índices de renovação a cada seleção, entre 20% e 30% de novatos.
Mesmo que houvesse dificuldades para treinos nos primeiros meses da pandemia, em 2020, a maioria dos atletas conseguiu também retomar a rotina de preparação. Mesmo assim, a Covid-19 deixou sequelas, como a diminuição dos inscritos na seletiva, em junho. “A seletiva mostrou o quanto a Covid-19 deixou marcas na população”, avaliou Antônio Celso. Alguns tiveram a Covid-19, mas já estão recuperados, saudáveis.
O lema dessa edição do projeto é “Por um Cerrado Vivo”. Os símbolos da Caminhada Ecológica, como a bandeira conduzida pelos atletas nas solenidades e na estrada, e o troféu Jaburu (entregue aos prefeitos das cidades do roteiro) foram preservados com carinho, estão atuais, assim como a música “Andarilho da Natureza” e o apito usado pelos capitães dos atletas, avisando para perfilar na estrada, trotar, acelerar ou diminuir o ritmo, caminhar em fila indiana, tirar fotos ou para cada um cuidar dos atletas mirins nas cidades.
A garotada está de volta. Ficarão próximos aos atletas, mas, por causa dos protocolos de saúde, não poderão ser conduzidos como antes, para evitar contato físico e riscos de contaminação. Mas o carinho dos andarilhos e a sutileza das crianças serão laços a aproximá-los.
A retomada da Caminhada Ecológica significa a repetição desses rituais, como a preparação, a antecipação do que deverá vir no próximo ano (2023), quando completará marca simbólica e importante de 30 edições. Não fosse a pausa, em decorrência da pandemia, no ano passado (2021) a iniciativa teria alcançado a marca.
A 29ª Caminhada Ecológica se mantém atual, fiel aos princípios, mas aberta às novas iniciativas voltadas paa a defesa da natureza, a preservação do cerrado, a recuperação dos rios e cursos d’água, a valorização da goianidade e da cultura goiana, a aproximação entre atletas e comunidade. A Caminhada Ecológica celebra a vida em momentos adversos.
No retorno, protocolo será rígido para atletas e equipes
O retorno da Caminhada Ecológica será um desafio, para atletas e equipes de apoio, no cumprimento de rígido protocolo de saúde antes, durante e após o evento, cuja largada será dia 19, às 5 horas da manhã, na rampa do Santuário Basílica Divino Pai Eterno, em Trindade. Os responsáveis pela saúde dos participantes cobram disciplina e cuidados redobrados.
Testes para Covid-19, apresentação dos cartões de vacinação atualizados, uso, troca e descarte de máscaras estão entre as obrigações de cada envolvido no projeto - são cerca de cem pessoas, entre atletas e envolvidos com o trabalho das equipes.
“Preciso da colaboração de todos”, avisou o professor Silvio José de Queiroz, coordenador da equipe de Enfermagem e das outras equipes de apoio (Nutrição e Fisioterapia) da Pontifícia Universidade Católica (PUC-GO). Ele antecipa que “será um pouco chato” na cobrança e no cumprimento do protocolo, que começa na manhã deste sábado (16), com testes para Covid-19 para atletas e membros das equipes de apoio, que serão submetidos ao teste rápido antígeno.
“Quem estiver positivo, faz outro teste, o RT-PCR”, explica Silvio José. Porém, um caso positivado na primeira testagem indica que dificilmente a pessoa participará da Caminhada Ecológica. Questão de segurança.
Na segunda-feira (18), alguns atletas do interior passam por testagem em Trindade. Por causa dos riscos nas aglomerações, como na saída (em Trindade), na passagem por outros municípios do roteiro e na chegada a Aruanã, os atletas terão de usar máscaras a cada ambiente. Na estrada, não usarão a proteção.
“O suor tira o efeito da máscara. Mas é preciso cuidado redobrado onde houver aglomerações”, explica o ortopedista e médico do esporte Ruy Rocha, que também cuidará da saúde e do protocolo de saúde durante a Caminhada Ecológica. Ele terá a equipe com seis acadêmicos da PUC-GO, todos estreantes na Caminhada Ecológica. Como atleta e médico, Ruy Rocha participou de outras edições do projeto, antes da pandemia.
No primeiro dia, por exemplo, Silvio José explica que haverá troca de máscaras no café da manhã (Goianira), na passagem pelos trevos de Brazabrantes, depois Caturaí, no almoço em Inhumas e na chegada em Itauçu para os atletas. Nas vans e nos veículos de apoio, as equipes precisam ter os mesmos cuidados, além do uso de álcool em gel e máscaras.
Boa parte dos membros das equipes de apoio também usa luvas. Ao preparar um curativo nos pés, por exemplo, isso é parte do protocolo. Todo o material utilizado será coletado em sacos plásticos hospitalares. Dentro dos alojamentos, nos refeitórios e nas solenidades, o uso de máscaras será exigido também.
Outro detalhe a ser observado por Silvio José e Ruy Rocha é relativo aos sintomas de gripe. No caso, haverá teste para Covid-19 para quem apresentá-los. “Temos de ter os cuidados normais com os atletas, como nas dores, lesões, calos, bolhas e o lado psicológico. Mas, agora, serão redobrados. Quanto menos aglomeração e contatos, melhor. Todos estão conscientes”, disse Ruy Rocha, que também analisou todos exames (cardiológicos e laboratoriais) exigidos aos atletas.
A outra medida tomada pelos coordenadores da saúde é que, nas entradas das cidades, cada atleta não pegue pelas mãos os atletas mirins - a garotada vai acompanhá-los, mas sem contato físico.
Os responsáveis pela saúde da 29ª Caminhada Ecológica contam com o reforço das equipes de Nutrição, Educação Física, de uma Unidade de Resgate (UR) do Corpo de Bombeiros (três bombeiros), de um trailer da Unimed (com motorista, enfermeiro e auxiliar) para atendimento médico, da equipe de massoterapia (seis membros), que acompanha os atletas nas vans e durante as pausas com atendimento nas macas.
A Caminhada Ecológica é um projeto que tem realização do Jornal O Popular e do Sesc. O patrocínio é da Unimed Goiânia. Jeep Pinauto e Instituto PanAmericano da Visão apoiam o projeto. A PUC Goiás faz o apoio científico, e o evento tem ainda apoio logístico do Corpo de bombeiros e da Política Militar de Goiás. A Caminhada Ecológica também tem parceria com Água Nativa e ProBiótica.