A diretoria do Goiás vai interromper o projeto de futebol feminino no clube, que promete retomar no futuro. O time esmeraldino tinha vaga na Série A2 do Brasileiro, mas alega contenção de despesas para declinar da vaga. O presidente do clube, Paulo Rogério Pinheiro, diz que deseja remontar equipes quando o cenário financeiro estiver mais favorável e dentro de um projeto maior e autossustentável.
A queda da equipe profissional masculina para a Série B fez despencar as receitas previstas no orçamento esmeraldino em comparação à temporada passada. Além disso, o rebaixamento do clube faz com que o investimento no futebol feminino deixe de se tornar uma obrigatoriedade.
Com essa conjunção de fatores, a diretoria optou pela interrupção do projeto, que estava em andamento no clube desde fevereiro de 2020, com Patrícia Menezes e Luiz César como gestores, e que disputou a Série A2 do Brasileiro e o Brasileiro sub-18 no período.
O futebol feminino no Goiás custa em torno de R$ 50 mil entre salários, encargos trabalhistas e despesas, o que representa ao clube um gasto superior a R$ 600 mil ao ano. Com a queda para a Série B, o clube vai receber cerca de R$ 6 milhões em cotas de transmissão pela televisão. O gasto com o futebol feminino ficaria em 10% dessa receita.
“Não estamos acabando com o projeto, estamos dando uma pausa. Não tem nada de mais, infelizmente é pela nossa situação financeira que está muito crítica”, explicou o presidente Paulo Rogério Pinheiro.
A opção pela interrupção antes de disputar a Série A2 do Brasileiro foi explicada como uma forma de preservar a imagem do clube, uma vez que a agremiação não se preparou para investir de forma sólida na equipe. “Hoje são 13 atletas e teríamos de contratar mais cinco ou seis jogadoras e ainda correríamos o risco de tomarmos uma goleada vexatória e de uma exposição negativa da marca do Goiás, de forma desnecessária”, disse Paulo Rogério Pinheiro.
Como tem contrato com as atletas até o fim do mês de junho, o clube estava disposto a honrar os compromissos até o término dos vínculos, mas Paulo Rogério Pinheiro revelou que tem acordo com as atletas para rescindir até a próxima semana. “Fizemos um acordo e vamos liberar todas as atletas nesta semana ou na próxima. O Aliança já se inscreveu para disputar o Brasileiro com patrocínio que tem e para se manter até o fim do ano”, destacou o dirigente esmeraldino.
As jogadoras que disputarão a Série A2 do Brasileiro pelo Aliança terão à disposição o Centro de Treinamento Coimbra Bueno, em Aparecida de Goiânia, cedido pelo Goiás.
A ideia de Paulo Rogério Pinheiro é retomar o futebol feminino assim que o Goiás conseguir voltar à Série A. “O Goiás voltando para a Série A ao fim do ano, nós vamos refazer esse projeto, mas bem mais profissional. É um projeto para buscar o acesso à Série A1”, garantiu.
No começo do ano, o Goiás disputou o Brasileiro sub-18 e anunciou que captaria jovens atletas para formar uma categoria de base capaz de fornecer novas jogadoras ao time principal. Na ocasião, a gestora Patrícia Menezes vislumbrava projeto de longa duração no clube.
“Nós lamentamos que o projeto tenha de acabar por causa desse caos que aconteceu com a queda do Goiás para a Série B. Houve necessidade de redução financeira e, para disputar o Brasileiro, eram necessárias contratações de mais atletas”, disse Patrícia.
Após ser campeão goiano em 2019 em parceria com a Universo, o Goiás apresentou projeto próprio em fevereiro de 2020. Para isso, a diretoria buscou Patrícia Menezes e Luiz Cézar, que acumulavam experiência no comando do Aliança. O clube cumpria uma obrigatoriedade imposta pela CBF para as equipes da Série A no futebol masculino.
Logo em seguida, a pandemia frustrou planos esmeraldinos para o projeto. O time ainda disputou a Série A2 do Brasileiro, organizado pela CBF, assim como o Brasileiro sub-18, em 2021.