Esporte

Goianão: quem vai botar o título no currículo

Wesley Costa e Wildes Barbosa / O Popular
Jefferson (E), do Atlético-GO, e Apodi (D), do Goiás, são os maiores campeões estaduais de suas equipes

No dia 9 de abril, uma parte dos jogadores finalistas do Campeonato Goiano poderá atualizar o currículo com mais um ou o primeiro título estadual. Mesmo com a redução de datas para os Estaduais nos últimos anos e o foco de equipes em outras competições mais nobres do calendário, o interesse em conquistar um título estadual se mantém vivo e atual para clubes, jogadores e torcida.

No futebol goiano, os dois clubes com mais títulos do Estadual, Goiás e Atlético-GO, disputam a final de 2023 a partir do próximo domingo (2 de abril), com o jogo de volta marcado para uma semana depois, dia 9.

No Atlético-GO, fechar o torneio local como campeão é uma cobrança diária, pois parte do crescimento do clube passa pela capacidade de ganhar jogos, campeonatos e taças. Entre os atleticanos, a expectativa é de que o clube seja bicampeão pela terceira vez (foi bi em 2010 e 11, 2019 e 20).

Por conta da rivalidade travada com o Goiás, o Atlético-GO aprendeu que precisa ser forte e vencedor a partir do futebol goiano. Desde 2006, o Dragão ganhou sete vezes o título, em 2007, 10, 11, 14, 19, 20 e 22 e, através disso, ganhou visibilidade, respeito e novos torcedores.

A maioria do elenco atleticano vivenciou a experiência e a sensação de ganhar pelo menos um título local. Isso valoriza a carreira. Jefferson é o jogador com mais títulos estaduais do elenco atleticano e todos foram no Goianão, só que apenas um pelo Dragão e outros três no rival Goiás, ex-clube que o lateral volta a enfrentar na decisão, como fez na final de 2022.

Há os que foram campeões no Rio, como Felipe Vizeu, desfalque no primeiro jogo da final por causa de uma contratura muscular.

Outros ganharam em São Paulo, como o zagueiro Emerson Santos, que ganhou a posição de Ramon Menezes nos últimos jogos, após se livrar de uma sequência de contusões. Há os campeões no Sul, como o reserva Vico Duarte, e no futebol nordestino, como o goleiro Ronaldo e o próprio Ramon Menezes, que ainda são lembrados pela torcida do Vitória, que se vê cada vez mais distante das finais do Baiano.

Alguns nomes no Atlético-GO se tornaram ídolos por causa de gols decisivos ou momentos de superação no Goianão, como Anailson e Lino, que marcaram gols inesquecíveis e vivem uma relação de idolatria entre os torcedores do Dragão. No atual elenco, Ronaldo, Luan Sales, Ramon Menezes, Jefferson, Moraes Júnior, Shaylon e Airton estiveram nas últimas conquistas do Goianão pelo Dragão.

Artilheiro do Dragão no Estadual com oito gols, Luiz Fernando ainda não sabe o que é ser campeão goiano. O jogador tem consciência da importância de ganhar um Estadual, como ocorreu ao fazer gol decisivo para o Botafogo na semifinal do Campeonato Carioca, sobre o Flamengo, em 2018. A torcida botafoguense não se esqueceu do gol do no Maracanã, na vitória de 1 a 0.

Mas falta uma taça e a medalha de campeão do Goianão para o atacante atleticano coroar a história dele no clube. Muitos dos bons momentos de Luiz Fernando, no Dragão, foram no Estadual.

A estreia dele (diante da Anapolina, em 2015), o primeiro gol (sobre o Itumbiara, em 2016), o primeiro gol num clássico (sobre o Goiás, em 2016) como profissional no Atlético-GO, tudo isso ocorreu no Estadual.

Porém, após chegar à semifinal do Goianão duas vezes (em 2016 e 17), Luiz Fernando vive a ansiedade de ganhar o título local pelo Dragão e firmar ainda mais o nome no clube, como fez ao ser campeão da Série B do Brasileiro (2016).

“Será diferente (campeão). Nas outras oportunidades que tive, não pude chegar à final”, citou o jogador, lembrando o início dele. “Em 2014, quando cheguei (à base), vi o Atlético-GO ser campeão (gol de Lino, aos 48 minutos do segundo tempo sobre o Goiás). Disse que queria ser campeão também”, ressaltou o atacante, que chamou para si a responsabilidade interna por ser o jogador com maio números de jogos pelo clube, ao alcançar a marca de 150 partidas no empate de 1 a 1 diante do Volta Redonda-RJ, pela 2ª fase da Copa do Brasil.

No atual elenco do Goiás, a missão de colocar fim ao jejum de títulos do time esmeraldino deve ter seu peso diminuído porque a base do time titular é bem experiente e tem conquistas deste tipo no currículo.

Aos 36 anos, o lateral direito Apodi é um especialista em títulos estaduais. O jogador levantou a primeira taça deste tipo há 16 anos. Quando defendia o Vitória, Apodi foi campeão baiano de 2007 e repetiu o feito em 2009. Entre as duas taças, jogou em Minas Gerais e ganhou o Mineiro com o Cruzeiro em 2008.

Apodi conquistou seis títulos estaduais na carreira e será o jogador mais vitorioso em campo na final entre Goiás e Atlético-GO. Além de Bahia e Minas Gerais, Apodi foi campeão cearense, catarinense e alagoano.

O jogador já revelou o desejo de seguir no clube até o fim da temporada e tem a chance de escrever seu nome na história do clube se adicionar um título goiano ao farto currículo.

Além de Apodi, outros sete jogadores do time considerado titular do Goiás já ergueram taças estaduais. Ou seja, a equipe é tarimbada e acostumada com jogos decisivos.

A final contra o Atlético-GO vai ser uma nova oportunidade para jogadores que estiveram envolvidos na decisão entre os dois clubes na temporada passada possam dar o troco no rival. O próprio Apodi lembrou que os jogadores que perderam aquele título para o Dragão sabem a dor que sentiram e não querem que isso se repita.

Se boa parte do time titular do Goiás já soltou o grito de campeão, mesmo que por outros clubes e em outros estaduais, o goleiro e capitão Tadeu ainda sonha com essa primeira oportunidade para selar sua idolatria no clube.

O goleiro paranaense tem a conquista de uma Copa Paulista pela Ferroviária, clube em que se tornou um jogador com identificação junto à torcida. No Goiás, o jogador já é considerado um ídolo por muitos torcedores, mas ele próprio diz que título é um objetivo que tem perseguido. Foi esse o discurso adotado quando comemorou a marca de 200 jogos pelo clube, em fevereiro.

“O principal objetivo agora é ser campeão, colocar um título dentro dessa marca de jogos. Já falei outras vezes que isso não é algo que me incomoda, pois tenho que trabalhar no dia a dia e jogo a jogo, mas é algo que tenho buscado muito”, frisou.

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