Com número recorde de participantes neste século, o Campeonato Goiano de Futebol Feminino começa neste sábado (12) com a missão de se estabelecer como uma competição cada vez maior. O cenário do futebol feminino em Goiás tem sofrido com equipes ou projetos efêmeros, mas vê no aumento de clubes interessados um movimento de crescimento. O número é o mínimo exigido pela CBF para a realização de um campeonato por parte das federações estaduais.
A competição começa neste sábado (12) com jogos entre River Trindade e Vasco de Itaberaí, em Trindade, e Vila Nova e Flugoiânia, no CT Toca do Tigre, em Goiânia. No domingo (13), Aliança e Abecat jogam em Aparecida de Goiânia.
O Goianão será disputado por seis clubes: Aliança, Vila Nova, Flugoiânia, Vasco de Itaberaí, River Trindade e Abecat. É o maior número de participantes desde a edição de 2000, quando a competição teve nove clubes: os únicos remanescentes daquela edição histórica são Aliança e Vila Nova.
Esses são os dois clubes que também são remanescentes da edição passada do Goiano e os dois projetos mais sólidos do futebol feminino atualmente, inclusive com participações nas divisões intermediárias do Campeonato Brasileiro.
Campeão em 2022, o Aliança segue em parceria com o Goiás e entra na competição para defender o título. A equipe mais tradicional do futebol feminino goiano também é a única que remunera as atletas de todo o elenco, com apoio do clube parceiro.
Patrícia Menezes, gestora de futebol do Aliança/Goiás, vê com otimismo o aumento do número de participantes no Goiano. Para ela, pode ser um sinal do crescimento do interesse pela modalidade em Goiás. A dirigente vive o futebol feminino em Goiás há décadas e acredita que esse é um dos momentos de maior entusiasmo com a modalidade no cenário local.
“Sempre vejo isso como um bom incentivo, a mídia está mostrando mais e tivemos o exemplo da Copa do Mundo agora. Isso abre os olhos das equipes para poderem participar do Campeonato Goiano. Tenho certeza que é um pontapé para que, no próximo ano, tenhamos dez ou doze equipes”, projetou Patrícia Menezes.
Vila Nova no terceiro ano seguido
Outra força do futebol feminino goiano, o Vila Nova entra na competição pelo terceiro ano consecutivo e com ambição de ser campeão e seguir crescendo também no cenário nacional. Para Willian Mendes, gestor de esportes olímpicos do Vila Nova, o aumento do número de clubes é benéfico e atende às exigências da CBF.
“Nossa perspectiva, de forma otimista, é que esse aumento aconteça de forma natural. Que Goiás, Atlético-GO, Goiânia, Anapolina, clubes do interior do estado façam isso. Até 2027, todos os clubes das séries A, B, C e D terão que ter futebol feminino. Esperamos que isso aconteça não só como uma obrigação, mas como forma de fomentar o futebol feminino”, destacou Willian Mendes, do Vila Nova.
Em comparação à edição anterior, Atletas de Jesus e Morrinhos deixaram a disputa em 2023. No lugar deles, entraram projetos do interior e de um clube da capital. O Flugoiânia é um clube com presença frequente nas competições das categorias de base do futebol goiano e nesta temporada estreia também no futebol feminino.
Como o foco do clube é a formação de jogadores, o Flugoiânia é recheado de atletas muito jovens, mas que têm colhido bons resultados em torneios que disputaram recentemente. Elas chegam para um desafio mais forte contra equipes mais experientes.
Em Itaberaí, cidade distante 90km da capital, o Vasco entra na disputa cheio de sonhos. A equipe formada é fruto de um projeto social na cidade e conta com atletas que dividem suas atividades laborais com os treinamentos e os jogos. O time é comandado pelo técnico Nélio Martins, que, assim como as suas comandadas, cumpre dupla função. Além de treinador, ele trabalha como padeiro na cidade.
O presidente do Vasco é Valdinei José dos Santos, o Zoreca. Ele explica que a entrada do clube, que é tradicional no futebol amador, no Goiano Feminino é um caminho sem volta. “Começamos um projeto social para o futebol feminino aqui na cidade e para disputar jogos aqui por perto, mas vimos que o time ficou bom, foi bem arrumado e tem nome. Disputamos o Campeonato Metropolitano de Goiânia e perdemos só para o Aliança/Goiás, por 1 a 0. Isso nos deu a condição de disputar esse campeonato (Goiano). Nossas meninas são praticamente todas de Itaberaí, a maioria trabalha no comércio local”, explicou Zoreca.
De acordo com Zoreca, os recursos obtidos para a manutenção do clube vêm de amigos da cidade. Ele explica que o Vasco de Itaberaí não consegue pagar salários para as jogadoras, mas garante que elas não precisam desembolsar nada para competir e que o clube busca dar o máximo de estrutura para que treinem e joguem com tranquilidade.
Clube de Trindade prega união
Em Trindade, o objetivo é que a união faça a força. Isso porque o projeto do Clube Atlético River Plate, que promove o futebol feminino em Trindade, fez parceria com o Trindade Atlético Clube, o Tacão. Juntos, os dois prometem ascender no cenário goiano do futebol feminino. Essa será a primeira participação no Goiano e o desejo é fazer frente às principais forças participantes da competição.
Em Ouvidor, a Abecat é mais uma debutante no Goiano Feminino. O clube chega para a disputa com a base formada por jogadoras oriundas de um projeto de futebol de 7 da cidade de Araguari (MG), com jogadoras também da região de Catalão.
“Aceitamos esse desafio no campo, nesse primeiro ano, mais como experiência para pegar bagagem, pois a competição é muito forte com equipes estruturadas como o Aliança e o Vila Nova. Mas nosso planejamento é que, a partir do ano que vem, possamos remunerar as atletas e tê-las trabalhando em tempo integral. Hoje, fazemos treinamentos três vezes por semana e à noite, pois a maioria trabalha”, frisou Anderson de Castro, auxiliar técnico da equipe.