O avanço da tecnologia e da medicina esportiva se tornou alicerce para que cada vez mais jogadores atuem em alto nível e por maior período de tempo. Se antes um atleta de futebol cogitava aposentadoria ao chegar aos 35 anos, hoje se tornou comum ver profissionais em campo com até mais de 40 anos. No futebol goiano, o volante Ralf, do Vila Nova, e o atacante Vagner Love, do Atlético-GO, entrarão no grupo dos 40 anos nos próximos dias.
Em momento raro na carreira, Ralf está lesionado e vai celebrar seu aniversário de 40 anos neste domingo (9). Será desfalque no Vila Nova, nesta segunda (10), contra o Ceará, na Série B. Na terça (11), Vagner Love completa 40 anos no dia em que o Dragão enfrenta o Corinthians, pela Série A.
Os dois vão se juntar a uma turma de profissionais que já passou dos 40 anos e segue em atividade. Na opinião de Ricardo Galotti, especialista em ortopedia e medicina esportiva, os avanços aliados à disciplina e aos esforços diários e a longo prazo de atletas explicam o aumento de jogadores com mais de 40 anos em atividade.
Na Série A, Vagner Love vai se juntar ao zagueiro Felipe Melo (40 anos e 11 meses), ao meia Nenê (42 anos e 10 meses) e ao goleiro Fábio (43 anos e 8 meses) como jogadores com mais de 40 anos.
O volante Ralf, que já é o jogador mais velho da Série B, se tornará o primeiro atleta na atual edição da competição com mais de 40 anos.
“Eu trabalho com times de futebol desde o final da década de 1990. O que eu noto é que tudo no futebol avançou para contribuir para a longevidade dos jogadores. A preparação física é diferente, há treinos individualizados, sempre com controle de cargas e prevenção de lesões”, citou Ricardo Galotti, que também é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.
O especialista reforça que outros fatores explicam maior longevidade dos jogadores, como nutrição e avanços da medicina esportiva com técnicas que preveem retornos mais rápido de atletas às suas rotinas. Ele salienta, porém, que tudo depende do próprio atleta.
Os cinco aspectos - medicina, fisioterapia, nutrição, fisiologia e preparação física - são determinantes para o jogador, mas obviamente o atleta precisa se cuidar e ter disciplina. Trabalhei com o Ralf (no Corinthians), não trabalhei com o Love, mas sei que são jogadores que se cuidam. O jogador tem de ter um sono melhor, cuidar da alimentação e se recuperar em casa. Esses cuidados fora do dia a dia podem ajudar em uma caminhada mais longeva.”
Diferente de outros quarentões, Vagner Love é um atacante de área. A posição em campo, na opinião de Ricardo Galotti, também influencia na longevidade dos jogadores.
“Um zagueiro que se posiciona bem, não corre igual lateral. O fator posição contribui para jogar mais. Até mesmo porque o atleta fica mais velho, experiente e ‘conhece os atalhos’. Ele sabe quando correr mais, diferente de um garoto. Zagueiro e goleiro têm situação mais fácil, volante de posicionamento também”, pontuou o especialista.
A tendência é que, com o passar dos anos, jogadores possam atuar em alto nível por maior tempo de vida. Isso vai depender, claro, do próprio atleta.
“Se o atleta estiver bem preparado, consegue acompanhar. Se tiver todo suporte, se cuidar e querer, tem chance maior de alto nível e por mais tempo. Vejo a possibilidade real de mais jogadores jogarem por mais tempo no alto rendimento”, concluiu o médico Ricardo Galotti.
Jogadores mais velho em atividades nas Séries A e B do Brasileiro
Série A
Fábio, goleiro do Fluminense: 43 anos e 8 meses
Nenê, meia do Juventude: 42 anos e 10 meses
Felipe Melo, zagueiro do Fluminense: 40 anos e 11 meses
Vagner Love, atacante do Atlético-GO: 40 anos (na próxima terça, 11)
Fernandinho, volante do Athletico-PR: 39 anos
Série B
Ralf, volante do Vila Nova: 40 anos (neste domingo, 9)
Matheus Cavichioli, goleiro do Juventude: 37 anos e 10 meses
Matheus Nogueira, goleiro do Brusque: 37 anos e 9 meses
Willian Bigode, atacante do Santos: 37 anos e 6 meses
Fabinho, volante do Sport: 37 anos e 6 meses
*Dados do Transfermarkt.