A decisão da Copa do Mundo do Catar entre Argentina e França, no domingo (18), ao meio-dia (de Brasília), fará mais do que um novo tricampeão mundial. É a chance de o campeão eternizar ídolos e subir heróis nacionais de patamar. Se de um lado os argentinos têm Messi, sob a sombra de Maradona e ainda sem o título da Copa, os franceses, que têm em Zidane o ídolo que liderou a equipe no primeiro título mundial, em 1998, contam com Mbappé, que, aos 23 anos, pode ser bicampeão.
Os argentinos dominam a cena em Doha. O azul claro e branco estão em todas as partes, mas eles vão além. Na tarde desta quinta-feira (15), uma enorme bandeira com o rosto de Maradona se destacava entre a multidão que estava no mercado Souq Waqif, ponto de concentração turístico na capital catari. O objeto era levado pelo argentino Daniel Mases, de 40 anos, que se esquivou de apontar um favorito para o título.
Porém, ao ser confrontado sobre a grandeza dos ídolos do país, Daniel resumiu, mas não deixou de cravar o astro dos anos 1980 e 1990 como maior. Maradona foi campeão mundial em 1986, no México, com grandes atuações. Além disso, chegou a disputar a decisão, em 1990, quando os hermanos foram superados pela Alemanha, que ficou com a taça na Itália.
Messi foi vice-campeão em 2014, no Brasil, também perdendo para a Alemanha. Agora, no entanto, o jogador é o maior artilheiro da Argentina em Copas. Ele tem 11 gols anotados - cinco deles no Catar, onde ultrapassou o próprio Maradona (9 gols) e Batistuta (10). “São corações distintos. Messi é Messi, Maradona é Maradona. Cada um tem seu lugar na história, mas Maradona é o maior da história”, decretou Daniel.
A idade também é fator determinante para se estabelecer um paralelo entre Messi e Maradona. “Messi é uma grande figura na história do futebol mundial. Maradona foi Maradona e Messi é Messi. Não há como comparar”, contemporizou Osvaldo Santander, de 57 anos, que viu seu filho Julian, de 22, dar um depoimento diferente. “Pessoalmente, Maradona não me emociona tanto quanto Messi. Sou um caso excepcional, pois só vi Messi. Para mim, Messi é o maior de todos.”
Para Florencia Moncalvillo, de 34 anos, o melhor é deixar essa questão sem ser respondida. “Messi é tão bom jogador quanto Maradona. Acho que isso responderia a pergunta. Os dois foram líderes indiscutíveis, cada qual com o seu perfil. Se Messi não ganhar a final, também será tão grande quanto Maradona”, finalizou.
Timidez francesa
Local de encontro das torcidas, o mercado Souq Waqif era, nesta quinta-feira (15), uma amostra da diferença de quantitativo de argentinos e franceses em Doha. Enquanto os sul-americanos dominam a cena, engrossados pela torcida local, é difícil encontrar algum torcedor da França na multidão. Quase sempre arredios às abordagens, os franceses esperam que Mbappé, além de campeão, seja eleito o melhor jogador do mundo.
Independentemente da geração, a terceira estrela francesa deve eternizar o ídolo atual. “Se Mbappé vencer, será maior do que Zidane. Afinal, terá no currículo duas Copas do Mundo e com grandes performances. Ele merece ganhar a Bola de Ouro (tradicional prêmio da revista francesa France Football para melhor jogador do mundo). Mbappé será maior do que Zidane”, decretou Olivier Bochu, de 55 anos.
Já Jessica Parraga, de 29 anos, admitiu a grandeza do atacante do Paris Saint-Germain, mas tentou evitar confrontar os ídolos. “Eles não são iguais, mas já acho o Kylian (Mbappé) maior do que o Zidane. Mbappé, para mim, é tão grande quanto Messi e, depois da final, creio que ele será eleito o melhor jogador do mundo”, destacou a francesa, que completou: “Zidane não é da mesma geração. Zidane é Zidane”.
O discurso dela é semelhante ao de Humbert Laurent, de 43 anos. “Mbappé não é Zidane. Cada um tem suas características. O Mbappé é mais finalizador enquanto o Zidane coordenava mais o time. Não consigo estabelecer um comparativo entre os dois, que são ídolos mundiais”, disse Humbert, lembrando as características em campo dos dois astros.