Esporte

Missa, festa, aflição e título: argentinos celebram o tri em Goiânia

Fábio Lima / O Popular
Argentinos e amigos comemoram título no salão paroquial da Igreja Ortodoxa São Nicolau, no Setor Oeste

“Tudo com a Argentina é sofrido”, disse um torcedor da Argentina para resumir o sentimento da conquista do tri da Copa do Mundo. Antes da bola rolar, a confiança era grande entre os cerca de 60 torcedores que se reuniram em Goiânia. Um momento de tensão pairou no setor Oeste durante a decisão. No fim, após vitória de 4 a 2 nos pênaltis contra a França, a festa foi grande entre os adeptos da alviceleste.

Familiares e amigos, incluindo brasileiros, todos vibraram com o tri mundial da Argentina.

A noite de sábado (17) para domingo (18) foi de pouco sono e muita ansiedade para alguns. Logo cedo, muitos torcedores da Argentina partiram para a Igreja Ortodoxa Antioquina de São Nicolau, no Setor Oeste, ponto de encontro para dezenas de argentinos em Goiânia.

Às 10 horas, a missa começou e foi finalizada a cerca de 30 minutos do início da decisão da Copa contra a França.

“Eu não dormi nada, como que dorme? Eu só penso na Copa. Quero a terceira (estrela)”, disse o argentino Mariano José Mangiagli, de 52 anos, antes da partida começar. Até o apito inicial, muita festa com direito a empanadas argentinas, churrasco, mate, canções da torcida alviceleste com direito a bombo leguero (bumbo) sendo batucado até a disputa dos pênaltis.

Os gols de Messi e Di María, ainda no primeiro tempo da decisão, deixaram a confiança no título mais alta. Faltava pouco tempo para a celebração. O empate da França na etapa final, porém, mudou o clima no salão paroquial. Os sorrisos foram deixados de lado e deram lugar a feições de preocupação.

“Quando a Argentina fez 2 a 0, pedi muito por mais um gol porque sabia que poderia acontecer isso (empate). Quando a França empatou, achei que a gente ia perder”, desabafou o empresário brasileiro Henrique Cattonar, de 35 anos, que é filho de um argentino.

Antes da prorrogação começar, houve uma roda de oração liderada pelo padre Rafael Javier Magul, argentino que foi responsável por reunir os demais torcedores.

“A França pressionou bastante. Quando foi para a prorrogação, senti a Argentina melhor e percebi que o título ia vir. A última bola, que o Martínez defendeu (no chute de Kolo Muani), foi a defesa do título. Ali, eu sabia que a gente ia ser campeão”, completou Henrique Cattonar, que vibrou com a família a conquista do tri da Copa do Mundo.

“O time foi fantástico, estou muito feliz. É um título que representa a força argentina de superar qualquer dificuldade, a força de quem quer triunfar. Agora, vamos aproveitar porque não tem hora para acabar”, afirmou o patriarca da família Cattonar, o argentino Eduardo, de 63 anos, que, ao lado dos amigos Mariano José Mangiagli e José Luis Pumar, viu os três títulos da Argentina na Copa do Mundo - 1978, 1986 e 2022.

“Este título (de 2022) é uma alegria para nosso país, que vive um momento difícil. Nesta vida cheia de pobreza, dificuldades, é uma felicidade única. Estou feliz, sei que a Argentina está muito feliz. Pensei que ganharíamos no 2 a 0, não esperava uma prorrogação, muito menos os penais e tanto sofrimento”, contou o argentino José Luis Pumar, de 55 anos, que vive em Goiânia há oito anos e assistiu à decisão ao lado da família.

Brasileiros se juntam à festa

A torcida para o título da Argentina não foi exclusiva dos hermanos. Brasileiros - filhos, filhas, netos, netas, esposas e maridos da turma alviceleste - reforçaram a torcida pelo tri.

“Foi muito sofrido, emocionante. Ao mesmo tempo que você chora, dá risada, é impossível controlar as emoções. É uma vitória maior que futebol, é um título para um país que está em uma situação triste. A Copa foi uma forma de esquecer os problemas. Hoje, somos campeões. Chorei demais, meus pais passaram mal, mas deu tudo certo, a felicidade é o que fica”, disse a brasileira Lais Lezcano, de 34 anos, que é filha dos argentinos Emilia Lezcano e Geraldo Sivadon.

Entre os argentinos, não houve consenso a respeito do patamar entre Messi e Maradona na história. Para alguns, o atual camisa 10 está lado a lado do grande ídolo argentino. Para outros, Dieguito segue maior. Em comum, todos se sentem orgulhosos da Copa feita por Messi.

“Estou muito orgulhoso do Messi, é o mesmo orgulho que sinto pelo Maradona. Messi deixou a desejar em outras Copas, mas isso não aconteceu desta vez. Talvez por ter sido a última, mas o sentimento que tenho por ele é igual ao que tenho pelo Maradona. A Copa do Mundo merecia ter o Messi campeão”, afirmou o argentino Mariano José Mangiagli.

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