O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) suspendeu por 760 dias o jogador Moraes, da Aparecidense. Além dele, outros quatro atletas foram suspensos pelo tribunal. Eduardo Bauermann, do Santos, foi o único que pegou gancho de partidas e não em dias. Outros dois jogadores foram banidos, e Igor Cariús absolvido.
Todos foram julgados por terem tido algum tipo de envolvimento no caso de manipulação de resultados no futebol brasileiro em jogos da Série A do Campeonato Brasileiro em 2022. O julgamento, que durou mais de oito horas, ocorreu nesta quinta-feira (1º), no Rio de Janeiro. Cabe recurso dos jogadores ao Pleno do STJD.
Confira o resultado do julgamento de cada um dos jogadores:
Moraes (Aparecidense): 760 dias de suspensão e multa de R$ 55 mil;
Gabriel Tota (sem clube): banimento e multa de R$ 30 mil;
Paulo Miranda (sem clube): 1.000 dias de suspensão e multa de R$ 70 mil;
Eduardo Bauermann (Santos): 12 jogos de suspensão;
Igor Cariús (Sport): absolvido;
Fernando Neto (São Bernardo): 380 dias de suspensão e multa de R$ 15 mil;
Matheus Gomes (sem clube): banimento e multa de R$ 10 mil;
Kevin Lomónaco (RB Bragantino): 380 dias de suspensão e multa de R$ 25 mil.
Como foram os votos:
Adriene Silveira Hassen:
Moraes: 760 dias de suspensão e multa de R$ 55 mil
Gabriel Tota: banimento e multa de R$ 50 mil
Paulo Miranda: 1.000 dias de suspensão e R$ 70 mil
Igor Cariús: absolvido
Matheus Gomes: banimento e multa de R$ 10 mil
Fernando Neto: 380 dias de suspensão e R$ 25 mil
Kevin Lomónaco: 380 dias de suspensão e R$ 25 mil
Eduardo Bauermann: 12 partidas
José Cardoso Dutra Júnior:
Moraes: seguiu a relatora na íntegra
Gabriel Tota: banimento e multa de R$ 30 mil
Paulo Miranda: seguiu a relatora na íntegra
Igor Cariús: seguiu a relatora na íntegra
Matheus Gomes: seguiu a relatora na íntegra
Fernando Neto: 380 dias de suspensão e R$ 15 mil
Kevin Lomônaco: seguiu a relatora na íntegra
Eduardo Bauermann: 12 partidas
Felipe Tadeu Moreira Lima do Rego Barros:
Moraes: 720 dias de suspensão e multa de R$ 140 mil
Gabriel Tota: banimento e multa de R$ 5 mil
Paulo Miranda: 360 dias de suspensão e multa de R$ 70 mil
Igor Cariús: 360 dias de suspensão e multa de R$ 70 mil
Matheus Gomes: banimento e multa de R$ 1 mil
Fernando Neto: oito partidas de suspensão e R$ 20 mil
Kevin Lomônaco: 360 dias de suspensão e multa de R$ 70 mil
Eduardo Bauermann: 360 dias de suspensão e multa de R$ 70 mil
Jorge Octávio Lavocat Galvão:
Moraes: seguiu a relatora na íntegra
Gabriel Tota: seguiu a relatora na íntegra
Paulo Miranda: seguiu a relatora na íntegra
Igor Cariús: seguiu a relatora na íntegra
Matheus Gomes: seguiu a relatora na íntegra
Fernando Neto: seguiu a relatora na íntegra
Kevin Lomônaco: seguiu a relatora na íntegra
Eduardo Bauermann: seguiu a relatora na íntegra
Leia o resumo do julgamento:
A sessão começou por volta das 11h30 e teve análise de requerimentos apresentados por advogados de algumas defesas, casos de Eduardo Bauermann e Kevin Lomónaco. Os pedidos foram para adiamento do julgamento e que alguns casos fossem julgados separados, como do zagueiro do RB Bragantino. Todos foram indeferidos pelos integrantes da 4ª Comissão Disciplinar do STJD.
Após cerca de 40 minutos para análises dos requerimentos, o julgamento começou com depoimentos de duas testemunhas: o técnico Moacir Júnior, da Aparecidense, a pedido da defesa do lateral esquerdo Moraes; e o médico Guilherme Dilda, ex-Santos e hoje no Palmeiras, a pedido da defesa do zagueiro Eduardo Bauermann.
Em depoimento, Moacir Júnior falou do seu histórico com Moraes. Citou pontos positivos do atleta da Aparecidense, comentou que o jogador se diz arrependido de ter participado do esquema de manipulação e que sabe que errou. A fala do treinador do Camaleão foi rápida e durou cerca de 15 minutos, com questionamentos de auditores.
Logo na sequência, Guilherme Dilda, que era médico do Santos na época em que Eduardo Bauermann participou do esquema de manipulação, prestou depoimento. O profissional contou que na reta final do Brasileirão 2022, quando os jogos contra Avaí e Botafogo-RJ foram disputados, o defensor atuou lesionado.
Segundo o médico, a expulsão diante do Botafogo-RJ, na 37ª rodada, talvez tenha sido ocasionada para que ele não jogasse na última jornada da Série A e tratasse dessa possível lesão no pé.
Após esses depoimentos, o julgamento não foi mais transmitido por sigilo. Jogadores como Moraes e Eduardo Bauermann prestaram depoimentos entre 13h30 e 15h30. Antes da transmissão ser paralisada pelo STJD, o advogado de defesa do lateral da Aparecidense pediu sigilo pelo fato do jogador goiano ter assinado acordo com o MP-GO.
Por volta das 16 horas, a transmissão foi retomada, inicialmente com a sustentação da procuradoria do STJD. Antes das falas das defesas, a auditora Adriene Silveira Hassen permitiu que o jogador Matheus Gomes prestasse depoimento, já que não houve pedido de sigilo.
Segundo Matheus Gomes, ele estava sem clube quando foi abordado por Victor Yamasaki Fernandes, que é um dos réus em processos do MP-GO e faria parte da organização criminosa. O goleiro explicou que não se recorda da data que foi procurado, mas seria entre o segundo semestre de 2022 e início deste ano. O goleiro disse que trabalhava como motorista de aplicativo no período.
Matheus Gomes frisou que recebeu uma proposta para que ele fizesse algum ato dentro de algum jogo: expulsão ou penalidade, mas ele informou que estava sem clube e recusou. Depois, Victor Yamasaki teria perguntado se ele (Matheus Gomes) conhecia outros jogadores. O goleiro informou que conversou com Fernando (Netto) e ele teria aceitado participar do esquema.
O defensor alegou que não recebeu valores e não tratou sobre o assunto. “Ele (Victor Yamasaki) só me falou que poderia pagar bem alto, mas em nenhum momento citou uma quantia certa”, disse o jogador, que revelou que passou a receber ameaças após a aposta não ter dado certo.
“Foram ameaças pesadas feitas pelo Bruno (Lopez), já que a aposta não deu certo. Cobraram o Fernando (Neto) e como eu que indiquei, passaram a me ameaçar também”, afirmou o jogador, que assinou com o Sergipe e jogou três vezes pelo clube entre março e abril deste ano, mas frisou que está sem clube e voltou a trabalhar como motorista de aplicativo.
Após esse depoimento, as sustentações das defesas foram iniciadas.