A quarta seção da Audiência Nacional, em Madri, determinou que seja reaberto o processo envolvendo Neymar e o Barcelona. O atleta é investigado em virtude de sua transferência para o clube espanhol, em 2013. A Justiça espanhola analisa suposta fraude nos contratos que levaram Neymar para o Barça.
O processo havia sido arquivado em julho. Segundo o juiz José de La Mata, ao arquivar o processo, o caso poderia ter "repercussão esportiva", mas não penal.
Na ocasião, a Justiça espanhola entendeu que a família de Neymar não cometeu crime ao negociar com o Barcelona pelo menos dois anos antes do acerto definitivo (em 2013). Isso porque o então presidente do Santos, Luis Álvaro de Oliveira, assinou um documento autorizando a família do jogador a negociar com o clube espanhol. A DIS, que detinha 40% dos direitos de Neymar, recorreu.
O Tribunal considerou em julho que havia consentimento do Santos quanto aos contatos feitos por Neymar e Barcelona durante todo o processo. Mas o processo será reaberto, e o caso será novamente analisado pelos juízes.
A promotoria espanhola colocou como réus no caso os dirigentes do Barcelona, Josep María Bartomeu e Sandro Rosell, os pais do atacante, Neymar e Nadine, os ex-dirigentes santistas, Luis Álvaro de Oliveira e Odílio Rodrigues, além de Barcelona e Santos como pessoas jurídicas.
A DIS sustenta no processo que a família de Neymar ficou com a maior parte da transação com o Barça, mesmo não tendo direito a porcentagem na negociação. O fundo de investimento afirma que o valor que entrou em nome de uma das empresas da família foi descrito como "direito de preferência", que sinalizaria uma tática para mascarar uma transação. A DIS pede que esses valores sejam repartidos para os donos dos direitos do atleta na época.
O PROCESSO NA JUSTIÇA DA ESPANHA
Os 40 milhões de euros pagos pelo Barcelona à família Neymar foram depositados da seguinte forma: 10 milhões de euros foram desembolsados pelo clube catalão, em 2012, quando ele ainda defendia o Santos. O dinheiro de adiantamento foi depositado em uma empresa aberta pelo atleta.
Os 30 milhões restantes foram pagos pelo Barcelona em outra empresa de Neymar nos anos de 2013 e 2014 (quando ele já atuava pelo clube espanhol). Desde que as cifras foram levantadas pela Justiça, Neymar e Neymar Pai negam veementemente ter havido fraude e sonegação fiscal e alegam que os 40 milhões recebidos são referentes à comissão e direitos de imagem.
Para as Justiças brasileira e espanhola, esses pagamentos exclusivos a Neymar foram uma manobra para driblar o fisco e os então donos dos direitos econômicos (Santos, DIS e Teísa).
Oficialmente, o Santos havia declarado logo após o acerto com o Barcelona que a negociação representou 17,1 milhões de euros. Ou seja: menos do que a metade do depositado nas empresas de Neymar.
Posteriormente ao anúncio do Santos de que Neymar teria sido vendido por 17 milhões de euros, o clube catalão declarou que a contratação de Neymar havia custado 57 milhões.
Pressionada na época, a diretoria do Barça informou que os pagamentos relacionados ao jogador somaram 85 milhões de euros. Isso incluía custos indiretos como luvas, amistoso com o Santos, recursos para instituto Neymar e salários.