Esporte

No 2º dia da Caminhada Ecológica, atletas passam por casa da madrinha do projeto

Thâmara Ribeiro
Atletas percorrem trecho do segundo dia de Caminhada Ecológica

Itaberaí, município estratégico na Rota do Araguaia, foi o primeiro ponto de parada dos atletas  da 30ª Caminhada Ecológica na manhã desta quarta-feira (26). Recepcionados pela prefeita Rita de Cássia, os atletas e as equipes de apoio caminharam pelo centro comercial e na parte histórica da cidade, composta por casas de arquitetura colonial.

Na solenidade de recepção, os atletas passaram pela ponte Josias Rosa de Oliveira, sobre o Rio das Pedras. Local de lazer dos moradores locais, a ponte guarda um charme especial  na história da cidade.

Houve o plantio e distribuição de algumas mudas. Itaberaí criou o Projeto Reviver, de plantio de mudas de árvores nativas do cerrado e de recuperação das nascentes.

Além de Rita de Cássia, o atleta Joaci Verde, que participou de edições anteriores da Caminhada Ecológica, caminhou ao lado de colegas do passado e dos sete estreantes.

"O objetivo maior da Caminhada Ecológica é a preservação do meio ambiente.  Ao preservar o meio ambiente, preservamos a vida", disse Rita de Cássia.

Memória da madrinha

Pouco antes do meio-dia, os atletas cruzaram a ponte sobre o Rio Uru, na divisa entre Itaberaí e a Cidade de Goiás, para fechar a primeira parte do segundo dia do projeto ambiental. Final de manhã e início de tarde quentes, de baixa umidade do ar, mas que termina no aconchego na casa de Maria de Lurdes Rodrigues, a Maria do Uru.

Cerca de 300 pessoas, entre os participantes e membros das equipes de apoio, convidados e familiares de Dona Maria do Uru marcaram presença no almoço.

Após a morte da madrinha da Caminhada Ecológica, em abril de 2017, os filhos, filhas e netos dela continuaram a celebrar a passagem dos “bejia-flores”, como Maria chamava os atletas, pelo local. Na recepção, estavam oito filhos, três netos, quatro bisnetos e quatro sobrinhos de Maria do Uru.

Maria do Uru tratava carinhosamente cada participante nas recepções, marcadas pela benzeção com um ramo, chamado de “folha da fortuna”, o gestual de jogar pipoca sobre os andarilhos e a liberdade para que os atletas pudessem usufruir de um descanso sob as árvores frutíferas do quintal e para se banharem nas águas do Rio Uru, ao fundo da propriedade.

A casa espaçosa, a bica e também o rego d’água que atravessa o pomar até desaguar no leito do Rio Uru, o canto dos pássaros, as galinhas ciscando, as flores, a energia do lugar sempre estão à espera dos atletas da Caminhada Ecológica.

“Eles (atletas) são como o beija-flor”, dizia Maria de Lurdes Rodrigues, a Maria do Uru. A morte dela, no dia 27 de abril de 2017, aos 95 anos, não apagou os vínculos com o projeto. Ao contrário, Maria do Uru se consolidou como a madrinha da Caminhada Ecológica e deixou o espaço da fazenda onde viveu a maior parte da vida reservado para aninhar cada “beija-flor”.

“Mamãe ficava ansiosa quando se aproximava do início da Caminhada Ecológica. Ela queria agradar cada um. Sempre muito ativa, dinâmica. Escrevia algumas coisas num papel ou pedia que alguém escrevesse para ela”, lembrou uma das filhas, Izabel Montserrat Rodrigues.

A madrinha sempre preparava algo para receber o pessoal da Caminhada Ecológica. Gostava de usar um ramo, chamado de “folha da fortuna”, para abençoar cada participante. Usava a imagem de uma pomba, que simboliza o Espírito Santo. Tinha sempre um mimo para cada um.

A casa dela virou ponto de parada no segundo dia do projeto, antes de os” beija-flores” partirem em revoada para o início da travessia na Serra Dourada.

O ponto de parada ganhou monumento da Caminhada Ecológica. Aquela senhora que, no início do projeto, ficava à espreita na janela da casa observando a passagem dos atletas, virou referência.

Serviu água, pipoca, café e bolo no começo. A hospitalidade dela e dos familiares criou uma relação fraternal. Por isso, a família mantém a tradição da matriarca. Dona Maria do Uru teve dez filhos (oito vivos e dois falecidos), 17 netos, 19 bisnetos, dois trinetos. E o bando de “beija-flores” caminha em revoada, mas não deixa de voltar ao velho ninho.

Comentários
Os comentários publicados aqui não representam a opinião do jornal e são de total responsabilidade de seus autores.
ANUNCIE AQUI