Esporte

Sada Cruzeiro afasta Wallace após jogador incitar tiro em Lula

Reprodução / Instagram
Wallace publica enquete perguntando quem daria "tiro na cara" de Lula

O Sada Cruzeiro, maior campeão da Superliga Masculina de Vôlei, anunciou há pouco o afastamento do jogador Wallace, que nesta segunda-feira (30) à noite incitou violência contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em postagem nas redes sociais.

O anúncio do afastamento "por tempo indeterminado" veio menos de seis horas depois de o mesmo clube soltar nota somente repudiando a postagem do jogador. A postura inicial foi muito criticada nas redes sociais, com as palavras "Wallace" e "demissão" ficando entre as mais comentadas do Twitter.

No novo posicionamento, a Associação Esportiva e Social Sada, que é o clube que joga com a camisa do Cruzeiro, disse que "repudia qualquer ato que possa significar incitação à violência e esclarece que não compactua de maneira alguma com as recentes publicações do atleta Wallace de Souza em suas redes sociais".

"Dentro do que cabe ao patrocinador master do Sada Cruzeiro, foi definido o afastamento imediato do atleta por tempo indeterminado, e exigidos a plena retratação e pedido público de desculpas. Permanecemos atentos aos desdobramentos legais deste lamentável episódio e novas medidas serão estudadas", continuou.

A nota foi publicada pelo site do jornal O Tempo, que pertence a Vittorio Medioli (sem partido). Ele também é dono do Grupo Sada, que patrocina o Sada Cruzeiro desde a criação da equipe, e prefeito de Betim.

O QUE WALLACE FEZ

Medalhista de bronze no Mundial de Vôlei do ano passado e um dos jogadores mais importantes do país nas últimas décadas, Wallace Souza postou uma enquete no Instagram, na noite desta segunda-feira, questionando quem daria "um tiro na cara do Lula" com uma espingarda calibre 12. A postagem foi apagada depois e Wallace se retratou pela atitude.

Wallace, que foi campeão olímpico na Rio-2016, inicialmente postou uma foto com a espingarda e abriu uma "caixinha de comentários", recurso para interagir com os seguidores.

Um dos seguidores perguntou: "Daria um tiro na cara do Lula com essa 12?". Foi quando Wallace criou uma enquete. O jogador perguntou: "Alguém faria isso" e completou com um smile de anjo.

GOVERNO PROMETE AGIR

A postagem foi criticada pelo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta. "Já acionei a AGU e vamos tomar todas as providências necessárias. Não vamos tolerar ameaças feitas por extremistas e golpistas!", escreveu.

REPERCUSSÃO NEGATIVA

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) encaminhou representação ao Conselho de Ética da entidade contra Wallace. O COB disse que "classifica como inaceitável a postagem feita pelo jogador" e reforçou que "o que move o esporte brasileiro são os valores olímpicos como excelência, respeito e amizade e que, portanto, não há espaço para nenhuma conduta violenta ou de incitação à violência."

A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) disse que "repudia qualquer tipo de violência ou incitação a atos violentos, e entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como o respeito, a tolerância e a igualdade".

O Sada, em sua nota inicial, publicada no fim da manhã, havia ressaltado que "precisamos ter muita cautela com as nossas manifestações" porque "vivemos um momento delicado".

O Sada Cruzeiro lamenta profundamente a publicação realizada pelo nosso atleta Wallace e o seu conteúdo. Vivemos um momento delicado, em que precisamos ter muita cautela com as nossas manifestações.

QUEM É WALLACE?

O oposto tem 36 anos e jogou pela seleção brasileira toda a década passada.

Ele foi prata em Londres-2012 e ouro na Rio-2016. Também ganhou três medalhas em Mundiais.

Wallace chegou a se aposentar da seleção após Tóquio-2020, mas voltou para disputar o Mundial do ano passado.

Ele fez carreira no Sada/Cruzeiro, saiu para jogar em outros clubes, e voltou em 2021.

Wallace é amigo de Maurício Souza, costuma curtir as postagens mais polêmicas do agora deputado federal eleito e declarou voto em Jair Bolsonaro.

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