Esporte

Stock Car volta a ter equipe goiana no grid: piloto Raphael Teixeira se prepara para estreia

Wesley Costa
Raphael Teixeira na sede da equipe em Aparecida de Goiânia: carro vai estrear no fim de semana, em Goiânia

TANDARA REIS

O piloto goiano Raphael Teixeira, de 37 anos, lança, nesta quinta-feira (29), a equipe ASR Competições. Situada em Aparecida de Goiânia, a ASR será a primeira equipe goiana no grid da Stock Car depois de mais de 20 anos. A primeira corrida já é neste fim de semana, no Autódromo Internacional de Goiânia, na abertura da temporada da categoria. Raphael destaca a importância do projeto para o fomento do automobilismo no Estado.

“É uma necessidade que o automobilismo goiano tinha, precisamos de uma equipe genuinamente goiana. Junto com um aglomerado de empresários, conseguimos iniciar essa equipe. Tem sido um desafio bastante trabalhoso, mas muito gratificante também”, disse o piloto.

Chefiada pelo carioca Roberto Ramos, o Betinho, a ASR Competições promete ter boa parte de DNA goiano. Atualmente, o time possui 12 funcionários diretos e 45 indiretos. Além disso, a estruturação da equipe tem incentivado diferentes setores da economia goiana.

“Estamos movimentando a rede hoteleira, alimentação, serviços de serralheria e pintura. A Stock Car é a maior categoria do Brasil e está contribuindo muito para as cidades de Goiânia e Aparecida de Goiânia. Estamos situados aqui em Aparecida, em um galpão de 600 metros quadrados. Temos aqui todas as ferramentas para uma estrutura de Stock Car, com um tecnologia de primeiro mundo”, frisou Raphael Teixeira.

Começar um projeto como esse exige trabalho e investimento. O piloto goiano conta que uma temporada na Stock Car custa de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões. Para tirar a ASR do papel, Raphael contou com o apoio de patrocinadores.

“É cerca de R$ 500 mil de investimento no começo da temporada. Mas não é nada longe do que são os orçamentos de fora. O nosso ideal foi exatamente esse, pegar o patrocínio que levamos para as equipes de fora e trazer para uma equipe goiana. É difícil expressar números, mas temos a expectativa de consumir o que gastávamos lá fora, mas com mais qualidade aqui em Goiânia”, ressaltou.

Em 2023, Raphael Teixeira disputou dez corridas (cinco etapas) da categoria com a Scuderia Chiarelli, de São Paulo. Neste ano, o piloto correrá pela ASR, mas a expectativa é que futuramente a equipe possa colocar dois carros no grid da Stock Car.

“Temos a expectativa de ter dois carros, mas, por enquanto, a realidade é só um, comigo à frente desse projeto. Estou doido para termos dois carros e para participarmos também das categorias de base, para formar novos pilotos”, projetou.

Apesar do desejo de ter um segundo piloto na equipe, Raphael ainda não tem nenhum nome em mente, mas a tendência é que um piloto goiano seja escolhido.

“Existem nomes que já foram consagrados e nomes que podem vir a ser consagrados. Ainda não paramos para pensar na possibilidade de um segundo carro. Mas acredito que teria que ser um piloto local, sempre digo que temos que dar valor ao atleta da casa. Seria bom fazer por outra pessoa o que eu gostaria que tivessem feito comigo”, pontuou.

O carro de Raphael Teixeira recebe os últimos ajustes para a corrida do fim de semana, que marcará a estreia da ASR Competições na Stock Car. O piloto não esconde a satisfação de estrear sua equipe em uma corrida em casa. “Goiânia é sempre especial. Quando soubemos que a primeira corrida seria em Goiânia, ficamos super empolgados”, finalizou.

Equipes goianas

A ASR Competições será a terceira equipe de Goiás no grid da Stock Car. Em 1979, a Metalonica-Jorlan-Pneulândia, primeira equipe goiana, compôs o primeiro grid da história da categoria, no dia 22 de abril de 1979, no circuito gaúcho de Tarumã, localizado em Viamão (RS), na região metropolitana de Porto Alegre.

Liderada por Alencar Júnior, único piloto do time, a Metalonica-Jorlan-Pneulândia esteve presente nas pistas até 1987. A equipe levou o título da categoria em 1982. Por apenas um ponto, Alencar Júnior se sagrou campeão em 4 de dezembro, em Interlagos (SP), quando venceu a etapa por apenas 160 milésimos de segundo de vantagem sobre o 2ª colocado, Wilson Fittipaldi Jr.

A equipe acabou quando Alencar Júnior recebeu uma proposta para deixá-la. “Uma equipe de São Paulo me contratou a peso de ouro. Larguei tudo e fui embora”, relembra o ex-piloto goiano.

A segunda equipe goiana na Stock Car foi a Justino Motorsport. Comandada pelos irmãos Ananias e Laércio Justino, a equipe esteve presente na Stock Car de 1997 até 2001. “Fomos bem em algumas etapas, chegamos entre os dez primeiros colocados muitas vezes”, disse Ananias Justino ao lembrar do desempenho da equipe nas pistas.

O fim do projeto ocorreu após um acidente fatal com Laércio Justino, durante o segundo treino oficial para a 5ª etapa da Stock Car, no Autódromo Internacional de Brasília, no dia 9 de junho de 2001.

O piloto perdeu o controle do carro na curva da entrada da reta dos boxes. O carro foi arrastado por vários metros, atravessou a pista e bateu no guardrail. Laércio sofreu traumatismo crânio-encefálico cervical, torácico e abdominal. Após a morte do irmão, Ananias optou por acabar com a equipe.

Recentemente, o ex-piloto, a convite de Raphael Teixeira, visitou as instalações da ASR Competições. Ananias elogiou a estrutura.

“O Ananias veio visitar nossa sede e ‘passar a benção’ para nós. Quero representar (Goiás) tão bem quanto eles representaram e construir uma história muito bacana no automobilismo brasileiro, na Stock Car. Já tenho minha história, mas agora quero construir uma nova com a ASR”, projetou.

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