Esporte

Usuários de redes sociais pedem que nadadora brasileira seja estuprada após eliminação

Reprodução / Facebook

A nadadora brasileira Joanna Maranhão, de 29 anos, foi alvo de xingamentos e ofensas nas redes sociais depois de ser eliminada na prova dos 200 metros medley e, assim, ficar fora da semifinal.

Segundo a atleta, vários usuários enviaram comentários dizendo que ela era uma perdedora, condenada por convicções políticas e tiveram até quem pedisse para ela ser estuprada novamente.

Em 2008, o depoimento de Joanna sobre os abusos sofridos por um ex-treinador no início da carreira levaram a aprovação de uma lei federal que, batizada com o nome da nadadora, alterou a prescrição do crime de pedofilia e estupro praticados contra crianças e adolescentes.

“Quando entrei na minha fan page eu não sabia que a coisa estava tão pesada. Eu não sou uma super mulher. Então a coisa mexeu comigo, óbvio. Eu demorei para dormir e quando acordei fiquei pensando muito sobre isso”, disse ao O GLOBO.

Nesta terça-feira (9), ela publicou uma postagem afirmando que seu advogado coletou informações sobre os autores das mensagens para fazer denúncia contra eles.

“O ódio de vocês será revertido para uma boa causa; combate à pedofilia”, declarou.

Joanna aproveitou para falar sobre as pressões sofridas pelos atletas brasileiros, segundo ela que já batalham contra a falta de estrutura e ainda por reações negativas do público.

“Eu lembro quando a galera esculachou com ela (Rafaela). Chamando de ‘macaco’. E agora, quatro anos depois, ela se torna heroína. Mas ela já era uma heroína. Desde o momento que ele pegou a oportunidade de fazer judô. Do jeito dela. O Cielo não escolheu ficar de fora dos Jogos Olímpicos, o 4x100 livre do Brasil não ficou em quinto porque fez corpo mole”, relatou ao citar atletas brasileiros que também tiveram problemas durante a trajetória.

“A gente dá duro todo dia. Mas o Brasil é país machista, racista, homofóbico e xenófobo. Não estou generalizando. Mas essas pessoas existem. Infelizmente. Aí quando elas estão em frente a um computador elas se sentem no direito de dizer essas coisas. Todo mundo tem o direito de discordar dos meus posicionamentos políticos. Mas a minha formação faz com que eu me posicione. E eu não vou parar. Mas desejar que eu seja estuprada. Desejar que a minha mãe morra, comemorar porque eu não peguei uma semifinal por cinco centésimos, acho isso covardia. Falta de caráter. E isso não se faz com ninguém”, concluiu. 

Reprodução / Facebook
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