Famosos

Almir Sater celebra sua essência em novo álbum

Divulgação
Almir Sater: “Fui fazendo o disco durante as gravações (de Pantanal). A própria emoção que a novela transmitia, toda a felicidade e entusiasmo de estar ali contribuem para um bom trabalho”

De chapéu na cabeça e sorriso no rosto, Almir Sater se ajeita na cadeira enquanto se desculpa pelos poucos minutos de atraso para entrar na videochamada. “É que eu estava tomando um cafezinho”, justifica. O cenário bucólico é a sua casa, que fica no meio da floresta, na Serra da Cantareira, zona norte de São Paulo, e o café foi uma merecida pausa nas entrevistas sobre o seu novo disco, Do Amanhã Nada Sei, que chegou na sexta-feira (28) às plataformas digitais.

Esse é o décimo disco de estúdio do cantor, compositor e violeiro sul-mato-grossense em 40 anos de carreira e o primeiro de inéditas desde os premiados AR (2015) e +AR (2018), feitos em parceria com Renato Teixeira e vencedores do Grammy Latino em 2016 e 2018, respectivamente. Renato é um dos parceiros de Almir no novo trabalho, colaborando na música Ave Chamada Tempo.

A primeira faixa, que dá nome ao álbum, já apresenta o tom bucólico característico da obra e figura de Almir, tanto na letra quanto na sonoridade dos arranjos, e dá a dica do cenário que inspirou a produção do novo trabalho: o Pantanal, onde retornou para as gravações da novela em que contracenou ao lado do filho, Gabriel. “Fui fazendo o disco durante as gravações. A própria emoção que a novela transmitia, toda a felicidade e entusiasmo de estar ali contribui para um bom trabalho”, observa.

A melancolia da faixa Do Amanhã Nada Sei, escrita em parceria com Paulo Simões, se mescla à esperança em versos como “Conto com a força dos ventos/ E o imenso poder das marés/ Mesmo as piores tormentas/ Eu enfrento sem perder a fé”. A segunda música, Eu Sou Mais do que Sou, é uma colaboração com Luiz Carlos Sá e fala de amor. “Sou fã do Luiz Carlos desde a época do trio Sá, Rodrix e Guarabyra”, comenta, em referência ao grupo surgido nos anos 1970 e precursor do rock rural.

Paulo Simões, inclusive, assina oito das dez faixas do disco junto de Almir. “A gente trabalha tanto com a música, quanto com a letra. Eu cuido mais da música, ele da letra, mas nos permitimos interferir nas duas coisas sempre”, conta. “Isso é algo importante em uma parceria, ter essa total intimidade de falar ‘isso aqui tá bom’ ou ‘isso aqui tá horrível’, sem medo de encarar as composições”, explica.

Almir brinca que só fez uma música junto de Renato Teixeira desta vez porque esgotaram a parceria com os dois álbuns, AR e +AR. “Durante a pandemia, o Renato me mandou uma poesia lá no Pantanal e eu fiz a música Ave Chamada Tempo. Não trabalhamos assim geralmente, gosto de trabalhar junto, mas pelas circunstâncias fizemos dessa forma”, conta.

“E aí, como eu já tinha gastado praticamente toda a minha parceria com o Renato, abri o baúzinho que tenho com o Paulo Simões e tirei oito canções, completando com a parceria com o Sá”, brinca. Sobre as inspirações para as criações das músicas, Almir exalta o trabalho dos amigos e parceiros e diz que as ideias vão se complementando no processo. “Sempre trabalho com meus parceiros que tem essa veia poética, mas a gente não escolhe o tema que vamos compor sobre. O tema nos escolhe”, diz.

Sensibilidade

O artista explica que, quando começa a tocar na companhia dos amigos, “alguma coisa” desperta a linha que eles vão seguir, assim, de repente. “Comparo, guardadas as proporções, com aqueles espíritos que ficam pairando, esperando reencarnar. Acho que essas composições também ficam no ar e que cada compositor tem a sua antena, a sua sensibilidade para alguns temas e acabam as captando”, comenta.

“Existem também as canções que eu fiz porque queria explorar os músicos que estavam trabalhando comigo. Por exemplo, a última que fiz foi a primeira faixa, Do Amanhã Nada Sei, que nem existia no início da produção”, diz. A felicidade de estar em estúdio também move a veia criativa de Almir, segundo ele. “É um período em que me sinto muito bem, quando estou trabalhando e tirando do nada alguma coisa que me emociona. Sou movido a emoção, a felicidade, e procuro jogar isso pro disco”, conta.

No novo trabalho, Almir Sater volta a trabalhar com o produtor Eric Silver nos mesmos moldes de AR e +AR: gravando as bases no Brasil, que em seguida viajaram até Nashville, nos Estados Unidos, com Silver para completar a parte de Almir. “Como eu estava no meio da novela, deleguei um pouco mais desse disco para o Eric. Alguns solos que eu faria por aqui, deixei com ele, que é um músico experiente, fazer de lá”, explica. Nas gravações, Almir tocou viola, violão, charango e cavaquinho, enquanto Eric foi o responsável por vocais, guitarras, violões, bandolim, baixo, teclados e percussão.

Comentários
Os comentários publicados aqui não representam a opinião do jornal e são de total responsabilidade de seus autores.
ANUNCIE AQUI