Um ano após ser paralisada, a novela "Amor de Mãe" voltará à grade da Globo na próxima segunda-feira (1º), mas sem episódios inéditos ainda. A emissora fará uma espécie de retrospectiva para recordar tudo que aconteceu na primeira fase. Para a autora, Manuela Dias, um momento "não só de relembrar, mas também sentir".
Segundo Dias, será mais do que uma reprise. As próprias protagonistas, Lurdes (Regina Casé), Thelma (Adriana Esteves) e Vitória (Taís Araujo), irão narrar suas trajetórias na trama até o momento em que foram interrompidas pela pandemia. Com isso, "virou um híbrido com coisas que a gente viu e o que a gente nunca viu", diz ela.
"São 12 capítulos de meia hora, então foi um superdesafio condensar 103 capítulos em 12 de meia hora, mas acho que o público não vai ter uma sensação de retrospectiva. Acho que vai ser muito legal para as pessoas", afirmou a autora em conversa online com a imprensa nesta quinta-feira (25).
A novela, que foi a primeira a ser suspensa pela emissora por causa da pandemia, em março do ano passado, será também a primeira a retornar. Nas duas primeiras semanas, com esses episódios especiais e ainda dividindo o horário com a reprise de "A Força do Querer" (Globo, 2017). A partir de 15 de março começam os inéditos.
A novela voltará inclusive com um personagem novo: a pandemia. Segundo Dias, "a Covid vai entrar como aconteceu na nossa vida. A doença chega afetando todo tipo de gente, não respeita barreira social e as pessoas reagem a ele como a gente estava reagindo, lidando com o desconhecido, com medo, usando máscaras".
As gravações foram retomadas em setembro do ano passado, com um protocolo rígido de segurança, com testes periódicos para detectar possíveis contaminações pela Covid-19 e até mesmo com o isolamento do elenco em hotéis. Todo o protocolo, no entanto, ficou apenas nos bastidores e não deve ser percebido na trama.
EMOÇÃO NO REENCONTRO
Além de todas as inseguranças e medo que rodearam o retorno das gravações, atores na novela afirma que também houve muita emoção. Adriana Esteves, 50, e Chay Suede, que dão vida a Thelma e seu filho, Danilo, na trama, contam que sentiram falta do abraço assim que voltaram aos estúdios, após meses sem se ver.
"Quando eu e Chay nos vimos pela primeira vez, na cidade cenográfica, ele falou 'sério que a gente não vai se abraçar?'", recorda a atriz emocionada, em conversa com a imprensa. "A gente ficou com uma distância, uma dor no coração de não poder se abraçar. A gente se abraçava com a impossibilidade de se abraçar. Foi muito difícil."
Os atores também citaram sentimentos como solidão e esperança na hora de retornar ao trabalho. "O estúdio, que era lotado, estava reduzido, deu uma solidão. Mas isso também deu uma vontade de fazer. E como não existe o ideal e nem o perfeito, as coisas aconteceram de uma forma muito espontânea e verdadeira", disse Esteves.
"Voltar a trabalhar também dava a esperança de que a vida voltaria ao normal em breve também. Você pensa: 'vou seguir esse protocolo, mas já é sinal que a vida está voltando'. Foi um motor muito grande na hora", completa Taís Araujo, que lamenta em seguida o fato de a pandemia persistir e os números estarem ainda piores que antes.
CARMINHA X THELMA
Uma das principais expectativas para o retorno da novela é o futuro de Thelma, que encerrou a primeira fase matando Rita (Mariana Nunes) para manter em segredo que seu filho, Danilo (Chay Suede), é na verdade Domênico, o filho roubado de Lurdes (Regina Casé). A transformação da personagem levantou até comparações com Carminha, de "Avenida Brasil" (2012), também interpretada por Adriana Esteves.
A atriz, no entanto, afirma que não se preocupou com as comparações, até mesmo pelas personagens terem sido feitas por autores diferentes e de forma diferente. "Se elas ficassem parecidas seria um erro meu, seria eu colocando a minha personalidade. Mas quando eu recebo um personagem faço o trabalho oposto a isso. A ideia é zerar minha personalidade e trabalhar o personagem", afirma.
Esteves afirma que ficou mais apreensiva na hora de fazer Laureta, de "Segundo Sol" (Globo, 2018), já que ela foi escrita por João Emanuel Carneiro, mesmo autor de "Avenida Brasil e, consequentemente, criador de Carminha. "Ali a minha preocupação era maior", afirma ela. [Mas quanto a Thelma e Carminha] não me preocupei não, elas são naturalmente diferentes, de autores diferentes."
Mas mesmo com as maldades de Thelma, a atriz ressalta que ficou bastante sensibilizada com o final da personagem. "Foi algo que eu pensei desde o primeiro dia da novela, talvez tenha até preparado a personagem para esse final. Era o que eu imaginava que aconteceria. Mas não sei se o público vai tratar ela com carinho, eu tratei", completa.