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De Molejo a Sandy e Junior, sertanejos regravam sucessos eternizados em outros ritmos

Claudio Zaia
Hugo e Guilherme: dupla está entre as que fazem adaptações de outros ritmos para o sertanejo

Quando Maria Bethânia regravou É o Amor no final dos anos 1990, de Zezé Di Camargo e Luciano, a canção conseguiu furar uma bolha e atingir um público não acostumado a ouvir o sertanejo. Fazer o caminho de volta se tornou uma tendência nos últimos anos. A ideia é pegar hits de ritmos como pop, rock, pagode e axé e trazer para a levada do universo mais escutado no Brasil nas últimas décadas. Um bom exemplo é o da dupla Hugo e Guilherme que gravou recentemente os clássicos Não Precisa Mudar, de Ivete Sangalo e Saulo, Sutilmente, do Skank, e Como Eu Quero, do Kid Abelha.

“É legal fazer essa mixagem porque o sertanejo é como se fosse um camaleão, ele sempre se reinventa e é por isso que é o gênero mais ouvido do País até hoje. Foi uma responsabilidade muito grande cantar essas canções consagradas. Estamos felizes pelo resultado e também por colocar o nosso jeitinho. Quem sabe um dia fazemos um disco 100% apenas com regravações de outros ritmos”, comenta Guilherme, em entrevista por videochamada ao Jornal O Popular A dupla goiana já está acostumada a fazer essas misturas, como quando gravaram Essa Tal Liberdade (SPC) e Amor Perfeito (Roberto Carlos).

Além de Hugo e Guilherme, outros artistas entraram nessa onda, como Guilherme e Benuto, que gravaram Fico Assim Sem Você, de Claudinho e Buchecha, O Amor Não Deixa, de Wanessa Camargo, e A Lenda, de Sandy e Junior. Lauana Prado escolheu Resposta, do Skank, Refrão de Bolero, do Engenheiros do Hawaii, e Aonde Quer que Eu Vá, dos Paralamas do Sucesso. Já os goianos Israel e Rodolffo apostaram em Cilada, do Molejo, e Cheias de Manias e É Tarde Demais, clássicos do Raça Negra. Todas as canções fazem parte do projeto Balada Sertaneja 2023 da plataforma Amazon Music.

Por ser um gênero que tem o barzinho como gênese, o sertanejo transita com muita facilidade por outros segmentos. No início da estrada, atender pedidos do público é uma realidade e por isso quando estão consagrados fazem questão de revisitar esse período. “Comecei com 12 anos tocando e a minha família sempre pedia para tocar um repertório eclético. Escutei muito Capital Inicial, Kid Abelha, Skank e já tive bandas de pop rock. Nessa gravação escolhemos músicas que marcaram a nossa vida e hoje regravar isso é um privilégio, um presente imenso na nossa carreira”, afirma Hugo.

Essa prática de gravar uma música fora do estilo em que ficou conhecido vira e mexe reaparece com mais força no sertanejo. Muitos outros nomes já beberam dessa fonte. Jorge e Mateus no Live In London - At The Royal Albert Hall (2013) cantaram Amor pra Recomeçar, do roqueiro Frejat, e Por Quê?, do forrozeiro Dorgival Dantas. Bruno e Marrone, donos de tantas versões de sucesso, também levaram para o seu show e batizaram o 11º disco de estúdio com o maior hit da banda goiana Mr. Gyn, Sonhando, em 2010. Daniel se encantou e fez de Tantinho, de Carlinhos Brown, a música de trabalho em 2013.

INTERNACIONAL

Em uma época não tão distante na música sertaneja, era comum que artistas regravassem novas versões de hits internacionais. Três das principais duplas do segmento no Brasil apostaram nessa tendência várias vezes ao longo da carreira. Zezé Di Camargo e Luciano, por exemplo, em 1991, fizeram uma releitura para And I Lover Her, dos Beatles, em Eu Te Amo. O sucesso Eu Juro (1995), de Leandro e Leonardo, um dos seus maiores sucessos, é uma adaptação de I Swear, de Elvis Presley. Chitãozinho e Xororó gravaram Um Homem Quando Ama, da original Have You Ever Really Loved a Woman?, de Bryan Adams.

O duo sueco Roxette, formado por Marie Fredriksson e Per Gessle, é o queridinho das regravações dos sertanejos nas últimas temporadas. Marília Mendonça e Maiara e Maraisa surpreenderam durante a live As Patroas em 2020 ao cantar uma nova versão de Listen To Your Heart, batizada de Uma Vida a Mais. Gusttavo Lima usou a canção Spending My Time, da dupla oitentista, para dar voz a um dos grandes sucessos: Na Hora de Amar (2017). No primeiro semestre do ano, o Embaixador disponibilizou uma outra nas plataformas digitais, a faixa Desejo Imortal, derivada de It Have Must Been Love (1987).

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