Desde que decidiu participar do ‘Big Brother Brasil’, a trajetória de Tina foi marcada pela coragem. Angolana, entrou no reality brasileiro disposta a mostrar sua cultura e suas origens. Escolheu o jogo antes das amizades, que chegaram como consequência. E não teve medo de expor seus sentimentos de forma clara e objetiva. Tina viveu embates, cultivou alianças, ensinou danças, brincou e jogou charme, saiu de sua zona de conforto e considera ter dado o seu melhor no BBB 23. Eliminada na terceira semana, com 54,12% dos votos, ela avalia que o saldo foi positivo. “Eu acho que fiz uma boa trajetória. Me expus e levei placas muito repetitivas, como ‘Fraca’ e ‘Grossa’. É muito fácil pegar um defeito seu e ficar batendo naquilo. Mas, eu acho que consegui me posicionar quanto a isso. Acho que entreguei e fiz o que estava ao meu alcance”, diz.
Na entrevista a seguir, Tina reflete sobre as surpresas que teve com relação a alguns participantes depois de deixar o programa e comenta a importância da troca com Tadeu Schmidt em seu dialeto originário, na saída do BBB.
Como você avalia sua passagem pelo BBB 23?
Com certeza foi positiva. O mais difícil foi lidar com pessoas diferentes, cada um com sua personalidade. A questão de estar fora da minha zona de conforto e ter que, de alguma forma, me defender, me posicionar, custou-me muita energia. Mas tudo isso faz parte de um todo. Por mais que você imagine ou leve estratégias, não passa perto do que é na casa. É outra coisa, é uma experiência muito fantástica.
O público escolheu você e MC Guimê para entrarem como dupla. Acha que foi uma dupla que funcionou?
Com certeza funcionou e acho que ele impactou positivamente. Foi a primeira pessoa que começou a falar de jogo, horas depois de uma roda de apresentação. Falei: “Qual é, Guimê? Senta aí. Tu veio para quê?”. Eu acho que ele se sentiu um pouco pressionado (risos). Mas funcionou. Quero construir uma relação com ele aqui fora, conhecer a Lexa (risos)... Ele é uma pessoa de uma energia surreal!
[GUSTAVO]
Acredita que jogar em grupo foi a melhor a estratégia?
Na situação a que fomos submetidos, sim. Era muito difícil qualquer pessoa começar a jogar individualmente, e mesmo quem jogou individual estava jogando em grupo ao mesmo tempo. Era importante naquele momento. Ou você se tornava alvo da casa toda ou jogava em grupo.
Você chegou a dizer que não confiava em ninguém na casa. Por quê?
Porque eu fui para jogar. Eu dava alvo no queridômetro para as pessoas do meu próprio grupo, mas no sentido de “estou observando seu jogo”. Por isso eu falava que meus amigos estavam aqui fora. Lá tem muita gente jogando, comendo pelas beiradas.
Quais eram seus verdadeiros aliados no ‘BBB 23’?
Com certeza Guimê e Alface [RICARDO]. MC Guimê por termos entrado juntos e, mesmo sabendo que mais cedo ou mais tarde a gente poderia acabar seguindo o jogo de forma individual, a gente ainda tinha o suporte um do outro e abertura para falar sobre o jogo. E o Alface porque chegou um momento em que eu estava em busca de quem me priorizasse como aliada, e a gente se encontrou. Tivemos uma troca muito bacana de convivência, a questão de jogar um charme e ficar naquela de “estou te paquerando” (risos).
Vocês também trocaram selinho. Tinha uma possibilidade de romance?
Eu me casaria hoje, na festa do Gustavo (risos)! Brincadeiras à parte, não sei dizer, porque a gente tinha muita troca, mas era no sentido de amizade mesmo.
O episódio da peruca não emprestada ao Cezar virou meme nas redes sociais. Você imaginava que isso estaria sendo levado na brincadeira aqui fora?
Eu imaginei que a situação poderia ser levada na brincadeira. Mas quando você tem a oportunidade de explicar para as pessoas aqui fora o quanto algo é importante, é necessário. E até para o próprio Black[CEZAR], porque eu busquei ele para explicar e achei que ele fosse entender.
Quem fica com a sua torcida pelo primeiro lugar?
MC Guimê e Ricardo forever!
E quais são seus planos, agora que está fora do programa?
Quero ter a oportunidade de trabalhar na área em que sou formada, Comunicação e Jornalismo, e ensinar mais algumas palavras e dialetos para o Tadeu (risos). Não planejo voltar para a Angola porque aqui é a minha casa, o meu país, o meu Brasil. Amo e me sinto muito realizada aqui.
Você ficou bastante emocionada com as palavras que o Tadeu Schmidt disse no seu dialeto. Que significado isso teve para você naquele momento?
Em época de colônias, a gente foi obrigado a não falar o nosso próprio idioma e a buscar outras formas de comunicação. E muito foi perdido, tanto em guerras civis quanto na época em que Portugal passou por alguns países africanos. Eu não tive o meu pai presente na minha criação e a minha mãe era uma pessoa que trabalhava muito, por isso eu passei muito tempo com a minha avó, enquanto ela era viva, e ela pode passar o dialeto para mim. Muita gente que é da minha geração não teve essa chance, várias pessoas não falam. Então, acho uma coisa muito bonita e delicada. Tive a chance de aprender e a chance ensinar para as minhas filhas, de poder mostrar para as pessoas que, além do Português, a gente tem oito, nove idiomas dentro de Angola, o que é uma coisa muito rica de preservação e cultura. Quando Tadeu falou e eu o cumprimentei também no meu dialeto foi uma forma de honrar a minha família. Naquelas palavras, ele falou que eu era muito especial e me agradeceu. É uma palavra pequena, mas com significados muito profundos, por isso eu me emocionei. Nunca vou esquecer!