O desemprego crescente no Brasil é um problema que afeta milhões de pessoas. Mas algumas delas fazem da situação de crise um momento para experimentar novos formas de trabalho. Foi o caso do engenheiro civil Aloisio Melo, de 46 anos, que perdeu o emprego em maio deste ano e, três meses depois, se descobriu na função de 'neto de aluguel'.
Não, Melo não cobra para passar tempo com avós. A expressão curiosa é apenas o nome do projeto lançado pelo morador de Vitória-ES, em que ele ajuda idosos com serviços como deslocamentos e aulas de informática.
Natural do Paraná, o engenheiro se mudou para a capital capixaba há dois anos e meio, após uma transferência da empresa. Mesmo depois de demitido, resolveu permanecer na cidade e fazer serviços como motorista na região, por meio de um aplicativo.
"Em uma das viagens, deixei uma mulher em casa e uma outra senhora pediu ajuda para baixar o aplicativo: 'Vem aqui me ensinar, porque os meus filhos não me ensinam'. Aí eu mostrei no celular dela como fazer. Depois da minha explicação, ela ficou encantada com o meu jeito e a paciência para orientá-la", ele detalha.
Melo se deu conta de que o auxílio aos idosos da região poderia se tornar uma fonte de renda. "Eu pesquisei outras páginas na internet e não achei nada parecido em Vitória. E são mais de 190 mil idosos só na região metropolitana, então é um mercado muito grande", afirma.
O engenheiro passou a divulgar seus serviços pelo Facebook e em grupos de WhatsApp, "sem grandes pretensões", segundo ele mesmo.
Por trabalhar como voluntário em asilos locais, ele conseguiu uma boa base de contatos e hoje dá aulas de noções básicas de informática na casa dos próprios clientes. Além disso, o 'neto de aluguel' também ajuda no deslocamento e assistência de idosos. "Levo no mercado, em consultas médicas, passeios. E também acompanho a pessoa no que ela for fazer", diz.
A possibilidade de voltar ao mercado como engenheiro está em aberto, mas ele pretende continuar com o projeto, mesmo que seja nas horas vagas. "Muitos deles [clientes] criaram um laço afetivo. Me chamam de 'netinho' e tudo mais", brinca.
Ao todo, o 'neto de aluguel' afirma que são sete clientes fixos - três nas aulas de informática e quatro no serviço de motorista particular -, além de outros trabalhos extras.