Os cinéfilos de plantão podem comemorar o lançamento de uma produção goiana nos cinemas. O longa Horizonte, dirigido por Rafael Calomeni, entrou no circuito comercial de exibição. O filme integrou a programação da Mostra O Amor, a Morte e as Paixões e continuará em cartaz durante a próxima semana no CineX do Centro Cultural Oscar Niemeyer. O drama será exibido até a próxima quarta-feira (21), diariamente às 14 horas.
Com profissionais goianos integrando a maior parte da equipe técnica e com locações e filmagens feitas em Aparecida de Goiânia, vizinha da capital, a trama narra a história de Rui (Raimundo de Souza), um goiano de terceira idade e bem tradicional que mora no barracão dos fundos da casa do irmão. Com a morte do irmão, seu sobrinho Júnior (Arthur D Farah) se muda para lá com a família, o que torna a vida do protagonista insuportável.
Saindo de casa na companhia de seu violão, Rui decide morar numa vila para idosos conhecida como Vila Horizonte. Lá ele conhece a misteriosa Jandira (Ana Rosa), com quem vai tentar, com muita dificuldade, estabelecer uma amizade.
A ideia de gravar em Goiás partiu de Dostoiewski Champangnatte, roteirista do filme, que é goiano e sempre quis realizar um filme na terra natal. “Acho que gravar esse filme aqui tem muito a ver com a própria natureza da narrativa. Também tem relação com essa questão das constituições familiares que tem por aqui e perpassa pela minha subjetividade e memórias. Não é só um bairrismo, mas também sobre como as famílias lidam com questões que desrespeitam a terceira idade”, explica.
O diretor Rafael Calomeni embarcou no projeto em 2017 e começou a filmar em 2021. Ele assume que não sabia do potencial audiovisual do Centro-Oeste. “Quando esse projeto chegou para mim eu já percebi que era uma temática pouco falada, que é o protagonismo na terceira idade, e a ideia me cativou. Quando vi que se passava no Centro-Oeste eu gostei muito porque sabemos que a fotografia daí é muito boa devido à pouca chuva e às belezas naturais”, revela.
O ator goianiense Arthur D Farah também integrou o elenco e conta que o filme foi sua primeira experiência nas telonas, já que sua carreira sempre esteve voltada para o teatro. Arthur foi convidado pelo roteirista Dostoiewski, assim como o também goiano Paulo Vespúcio, veterano no cinema nacional que dá vida ao personagem Décio, um homem sem escrúpulos que vai se aproveitar da debilidade da família.
Arthur fala sobre a experiência de trabalhar com atores gabaritados. “Contracenar com atores tão experientes foi uma aula. Já tenho uma trajetória bem calcada no teatro, mas a experiência com câmera foi a primeira vez. O pessoal foi simpático demais, receptivo demais, eles me passaram vários ensinamentos e experiências para conseguirmos chegar num resultado bem legal. Ainda pude ensinar o sotaque goiano para os atores cariocas.”, conta.
Totalmente gravado em Goiás, o filme percorreu eventos por todo o País, incluindo o Festival de Cinema de Vassouras do Rio de Janeiro e recebeu os prêmios de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante. O longa também participou do Festival de Cinema de São Bernardo do Campo e de dois festivais internacionais em Los Angeles e na Nicarágua, em que ganhou o prêmio de Melhor Filme Internacional.
O filme chegou a ser exibido em três sessões especiais gratuitas em Aparecida de Goiânia e Goiânia, em novembro de 2022, e agora começará a percorrer os cinemas comerciais de todo o País. “Quero que todos compareçam e que saibam que antes desse filme ser meu, ele é de Goiânia, já que foi todo desenvolvido aí e conta a história de um personagem goiano trazendo a mensagem de otimismo e esperança. Vale muito a pena as pessoas participarem, apoiarem e assistirem o filme de peito aberto porque é uma história muito positiva”, convida o diretor.
(Catarina Lima é estagiária do GJC em convênio com a PUC Goiás)