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Humberto Gessinger retorna aos palcos de Goiânia: "Música é feita de ciclos"

Divulgação
Apresentação será neste domingo (28), às 19 horas, no Centro de Convenções da PUC Goiás

Depois de dois anos sem tocar em Goiânia, Humberto Gessinger está de volta aos palcos de uma das cidades que se tornou praticamente sua segunda casa. Antes da pandemia, o gaúcho costumava se apresentar em solo goiano pelo menos duas vezes numa única temporada tamanha identificação com os fãs. Ele retorna agora pela primeira vez com o show da turnê do disco Não Vejo a Hora, quarto registro solo do cantor e o segundo após o fim da banda Engenheiros do Hawaii, em 2008. A apresentação será neste domingo (28), às 19 horas, no Centro de Convenções da PUC Goiás.

O show estava marcado para o dia 24 de julho, mas Humberto Gessinger precisou adiar a data após testar positivo para Covid-19. Os ingressos adquiridos anteriormente seguem valendo para a nova apresentação. Já o pedido de devolução do valor do bilhete deverá ser realizado impreterivelmente no prazo de até 48 horas antes do horário de início do evento.

O cantor começou a rodar o País com o álbum em novembro de 2019, mas precisou parar tudo com o início da crise sanitária. Não Vejo a Hora, lançado pela gravadora Deck, conta com 11 faixas e todas as letras são de Gessinger e é o primeiro de inéditas desde Insular (2013). Entre os destaques, Partiu, que abre o trabalho e que soa com tom profético quanto ao período que a humanidade está passando, Olhou pro Lado, Viu, uma das mais roqueiras, e Algum Algoritmo, um som nostálgico dos anos 1980 moderno, talvez seja a música carro-chefe do registro.

“Desde o início, saquei que o material pedia uma produção ágil, rápida, para que a força das composições não se perdesse em firulas no estúdio. Foi o que a gente fez. É um disco mais linear, mais focado na simplicidade dos trios”, conta o artista. O álbum foi gravado com dois trios. São oito faixas com o power trio formado com Rafa Bisogno na bateria e Felipe Rotta na guitarra (músicos que o acompanham na estrada) e Humberto no baixo de seis cordas.

Nas três músicas acústicas, Gessinger assume a viola caipira, acompanhado por Nando Peters no baixo acústico e Paulinho Goulart no acordeão. Em Goiânia, além de canções de Não Vejo a Hora e de Insular, Gessinger traz os grandes sucessos dos Engenheiros do Hawaii, como Infinita Highway, Somos Quem Podemos Ser, Terra de Gigantes e Refrão de Bolero. “Sigo tocando material recente ao lado de clássicos”, adianta ele.

Você é muito querido do público goiano, tanto que antes da pandemia tocava em Goiânia até duas vezes por ano em algumas oportunidades. O que você preparou dessa vez para o reencontro com o público na cidade?

O carinho é recíproco. É a reta final da turnê do disco Não Vejo a Hora, que segue até o fim do ano. Respeitando o formato original de misturar power trio com um momento de trio acústico, eu renovei o repertório. Sigo tocando material recente ao lado de clássicos dos Engenheiros do Hawaii. Como o catálogo é grande, posso renovar o setlist ou mesmo recriar alguns arranjos para que o show não caia no piloto automático. Um lado legal de ter tantas bandas fazendo cover do meu trabalho - além do reconhecimento desse carinho e dedicação, que agradeço de coração - é o toque para ficar esperto e não virar cover de mim mesmo, o que é sempre um risco para artistas longevos.

 

O repertório do show é centrado em canções do novo disco, do trabalho anterior Insular e também em sucessos dos Engenheiros? Como foi o desafio de separar uma obra tão vasta para uma apresentação de duas horas?

É bem difícil não só pela extensão da obra, mas também pelo fato de o público ser a cada ano mais heterogêneo, pois, ao lado de pessoas que me ouvem desde sempre, há muitos que estão chegando agora. O que já parece antigo para alguns pode ser novidade para outros. A sorte é que as próprias canções me ajudam na escolha. Se prestar bem atenção, a gente se dá conta de algumas conexões e vai se desenhando o caminho das pedras.

 

Em 2013, você lançou o disco Insular e, em 2019, o atual Não Vejo a Hora. Hoje você leva mais tempo para lançar um álbum de inéditas? No momento, você curte mais o processo do que se apressa em disponibilizar as letras?

Há várias facetas no meu trabalho: o compositor, o letrista, o arranjador, o instrumentista, o cantor, o criador de trios. Em cada momento um desses aspectos me pede mais atenção. Tenho gostado muito de preparar os shows, escolher a ordem das músicas, criar conexões instrumentais ou temáticas. Para mim, é um trabalho tão criativo quanto escrever novas canções. Não tenho escrito tanto quanto escrevia no início da carreira, mas sinto mais prazer escrevendo hoje. E acho que melhorei como compositor. Mas, por conta dos clássicos, sinto que as músicas novas demoram um pouco mais para acharem seu espaço. Mas sempre acham.

 

Como funciona o seu processo de composição? Os arranjos, instrumentação e até mesmo revirar suas canções são pensados primeiro que a letra?

Tenho mais facilidade com as letras; então, inconscientemente, acho que dou prioridade aos outros aspectos. Sei que na hora certa a palavra certa vai pintar.

 

A música Partiu, que abre o disco, é meio profética quando se pensa que um ano depois da composição o mundo entrou em pandemia? “Sai a zica, fica azul o céu/ Agora vai/ Sai pra rua, solta a tua voz/... Então é hora de recomeçar”...

Depois de tanto tempo de estrada a gente cria uma percepção instintiva dos ciclos. Música é, por definição, feita de ciclos. Os segundos de um acorde, os minutos de uma canção, as horas de um show, os anos de uma carreira. Como as batidas do coração, o ir e vir dos pulmões, a gente acaba aprendendo a dar tempo ao tempo.

 

Nos últimos meses, artistas têm sido cobrados para se manifestar sobre pautas sociais e políticas. Em sua opinião, é um dever da classe? O que você está achando do cenário atual do País?

Não é um dever do artista, mas deve ser um direito. Estou muito triste com o momento atual do Brasil, mas esperançoso de que mude.

 

Um desejo antigo dos fãs é a volta dos Engenheiros. Existe alguma chance de um dia haver uma nova reunião da banda para alguma turnê comemorativa, por exemplo?

Acho que não. Está tudo aí, pulsando. O que ficou datado segue como testemunho de um tempo e o que transcendeu o momento, segue soando.

 

Após a turnê, quais os seus planos?

Nenhum plano, no momento. Existem várias possibilidades abertas, mas o foco é no presente com a continuidade da turnê.

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