Objetos de pedra, argila, metal e vidro, raríssimas cerâmicas brancas, louças, urnas funerárias, pinturas e gravuras rupestres. Adentrar ao prédio do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan Goiás), em frente ao Coreto da Praça Cívica, e embarcar em um túnel do tempo é o convite da exposição Goiás: 11 Mil Anos, que entra em cartaz nesta quarta-feira (24), no Centro.
Mais de 100 peças inéditas encontradas em sítios arqueológicos de Goiás, como Aparecida de Goiânia, Mara Rosa, Trindade, Uruaçu, Porangatu e Alto Horizonte estão expostas no salão de exposições do prédio histórico do Instituto. Há diversos artefatos apresentados na mostra, como pontas de flechas, carimbos corporais, cachimbos e adornos de pedra-sabão.
Todo o acervo foi disponibilizado por Instituições de Guarda e Pesquisa de Bens Arqueológicos de Goiás. A curadoria selecionou artigos e objetos que permitem retratar as atividades diárias, culturais e sociais das populações pré-históricas. “O desejo da exposição é apresentar um recorte de como viviam esses povos que habitaram a região de Goiás há 11 mil anos. Toda a mostra foi pensada de forma didática e ilustrativa para instigar a curiosidade”, explica a arqueóloga do Iphan Goiás, Margareth Souza.
Além das peças, uma linha do tempo traz os principais marcos históricos e períodos vivenciados por homens, mulheres e crianças e que são identificados como: caçadores e coletores; agricultores e ceramistas; e, por fim, sociedade ibero e afro-brasileira. “A ideia é fazer com que todos entendam algumas formas cotidianas desses povos, como os seus hábitos alimentares e comportamentais, o cotidiano dos nossos antepassados”, aponta Margareth.
Só em Goiás existem mais de 15 mil sítios arqueológicos cadastrados no banco de dados do Iphan. Bem cultural acautelado em âmbito federal, o patrimônio arqueológico engloba vestígios e os lugares relacionados a grupos humanos pretéritos responsáveis pela formação identitária da sociedade brasileira. Para a exposição foram selecionados objetos de 26 municípios goianos, incluindo Goiânia, onde foi encontrada uma urna funerária no Setor Vale dos Sonhos.
“O desafio foi realizar o recorte entre tantas peças do acervo disponíveis para a exposição e traçar a dinâmica entre os caçadores e coletores, agricultores e ceramistas e, por fim, apresentar objetos já relacionados ao contato dos portugueses e africanos”, reitera Margareth. Ainda é possível ver de perto, por exemplo, ferramentas como machados, pontas de flecha e vasilhames que auxiliavam na caça e no preparo de alimentos, além de cachimbos africanos e louças portuguesas.
Olhares
Após o lançamento, a exposição será aberta ao público em geral e possibilitará também a visita de grupos de alunos, mediante agendamento. Atividades de integração voltadas ao reconhecimento das culturas serão realizadas com os visitantes por meio de mediadores da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) e da Universidade Federal de Goiás (UFG). O espaço da exposição também está adaptado para acessibilidade.
“Queremos aproximar os goianos, crianças e adultos da nossa história e do patrimônio arqueológico de Goiás”, adianta o superintendente do Iphan em Goiás, Alysson Cabral. Promover a exposição dentro do prédio do Iphan significa abrir o prédio histórico do Instituto para a população, além de criar mecanismos de fomento e incentivo para outras instituições. “Uma coisa é você ver acervo pré-histórico nos livros de história. Outra é ter contato de perto, poder enxergar os detalhes, as formas. A exposição aproxima todos da nossa origem, de nossa memória”, argumenta Cabral.
Serviço
Entrada gratuita
Abertura nesta quarta-feira (24), às 18h
Período de visitação: A partir de agosto (tempo indeterminado)
Horário de visitação: de segunda a sexta-feira, de 08h às 12h – 13h às 17h
Local: Superintendência do Iphan Goiás, Praça Cívica, 210, Centro
Informações e agendamento: 32241310
Jóia art déco
A exposição Goiás: 11 Mil Anos é apenas a cereja do bolo do tour pelo edifício do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan Goiás). O local é tombado como Patrimônio Nacional ao lado de outros 21 edifícios e monumentos públicos de Goiânia e faz parte do traçado original do arquiteto Atílio Corrêa Lima.
Uma das joias art déco tipicamente goianiense dos célebres anos 1930, o prédio guarda elementos e adornos decorativos e serviu como sede da Delegacia Fiscal quando foi construído. Nos anos 1960, ganhou duas expansões laterais que ampliaram sua edificação. Entre 2015 e 2019 o edifício passou por uma extensa reforma para abrigar a sede do Instituto. Foi feito todo um processo de pesquisa para manter os princípios originais dos anos 1930.