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Lady Gaga pulsa com euforia em Chromatica, disco que leva a artista de volta à pista

Divulgação
Lady Gaga em cena do clipe e Chromatica : novo disco da artista é uma convocação explícita à festa

Lady Gaga sente tantas saudades das pistas de dança quanto os seus milhões de fãs pelo mundo, trancafiados em casa. Depois de um hiato de quatro anos, a cantora retorna com um disco de inéditas e, mais do que isso, está de volta às cores, ao barulho e ao agito. Até por isso, Gaga segurou o lançamento de Chromatica, antes previsto para abril, o quanto pôde. Uma convocação explícita à festa, o álbum soaria deslocado num mundo assustado com o avanço do coronavírus. A pandemia ainda é uma realidade, mas - como é comum nos lançamentos de Gaga –, o disco vazou antes da hora, e saiu oficialmente em 28 de maio.

Bastante aguardado, Chromatica remete diretamente à época de maior sucesso da cantora, com os discos The Fame, de 2008, The Fame Monster, de 2009, e Born This Way, de 2011. Desde que lançou Artpop, de 2013, Gaga já se dedicou a cantar jazz com Tony Bennett, gravou um álbum voltado ao country (Joanne, de 2016) e teve um hit (Shallow) na trilha do filme Nasce uma Estrela, em que atuou.

Esse período pode ser visto tanto como uma busca por aprovação – ser mais do que uma cantora pop – quanto um desvio natural da euforia dos anos anteriores. De toda forma, até Artpop, um disco conceitual recebido friamente quando lançado, nos últimos anos tornou-se um queridinho dos fãs – tamanha a demanda por novas músicas mais dançantes da cantora.

Chromatica é uma resposta a tudo isso, mas também um resgate. Não só das batidas contagiantes da Gaga de Just Dance e Poker Face, mas da música eletrônica dos últimos 30 anos, do house dos anos 1990 à eletrônica do DJ Tiesto, do começo da década passada. E Gaga amarra as referências trazendo tudo para o presente. Ela se junta ao girl group de k-pop Blackpink em Sour Candy enquanto intercala vozes de maneira entrosada com Ariana Grande em Rain on Me.

Em 43 minutos, Chromatica não tem espaço para baladas ao piano e praticamente não há respiros entre as 16 faixas – da abertura instrumental a Babylon, derradeira, que lembra Vogue de Madonna. Até a participação de Elton John, ídolo e amigo de Gaga, é em uma música dançante. Mestre ao piano, o britânico empresta a voz grave para um pop. “Vivi meus dias apenas pelas noites/ Me perdi sob as luzes/ Quando eu era jovem, me sentia imortal”, eles cantam juntos em Sine from Above.

Majoritariamente produzido por BloodPop, Chromatica é quase inteiro sintético e pulsa eufórico. Se Future Nostalgia, disco recente de Dua Lipa, soa como uma balada chique, Chromatica dispensa o requinte – é o porre depois de um término, dançar até se esquecer do dia seguinte.

Em Alice, Gaga se diz presa na própria mente, pergunta onde está seu corpo e pede “maestro, toque sua sinfonia/ vou ouvir qualquer coisa/ me leve para uma viagem, DJ, liberte minha mente”. A faixa é um anúncio - ela quer fazer música para ouvir com o corpo, não com a cabeça. Paradoxalmente, ela acaba soando muito mais autêntica em Chromatica do que na tentativa de humanização de Joanne.

Até porque, mesmo quando está fazendo música dançante, Gaga - que sofre de depressão - não soa alegre de graça. Seu pop eletrônico pode soar sombrio, lembrando New Order, e ela fala sobre os problemas nas letras. Em Replay, diz que os traumas voltam à sua mente. Em Fun Tonight, se diz “presa no inferno” da fama.

Os exageros que podem derrubar Chromatica para um público mais genérico – o drama, os refrões sempre épicos, a “sujeira” eletrônica – são exatamente o que deve aproximá-la ainda mais dos monstrinhos (seus fãs) e do público LGBTQ.

Gaga está recuperando o tempo perdido. Se os fãs passaram sete anos longe da faceta dançante de sua cantora favorita, a resposta vem tão intensa e barulhenta quanto a pedida. Em Chromatica, Lady Gaga reivindica a pista de dança. Como canta em Free Woman, “esta é minha pista de dança, pela qual lutei/ um coração, é para isso que estou vivendo/ então acenda meu corpo e me beije com força/ o centro da cidade é nosso, ouça nosso som”.

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