Para a Netflix, as séries brasileiras no serviço de streaming não devem se resumir apenas à já lançada "3%" - cuja segunda temporada sai em 2018 - e às já anunciadas "Samantha!" e "Lava Jato".
"Pretendemos continuar no país enquanto houver boas histórias". Essa foi a resposta dada por Kelly Luegenbiehl, diretora da plataforma, ao ser questionada durante a feira audiovisual Rio Content Market sobre quantas séries brasileiras o serviço ainda pretende lançar.
A apresentação da Netflix, nesta quarta (8), foi uma das mais concorridas, e coube à diretora da empresa explicar como funciona a criação de roteiro, principalmente em um momento em que estão levando programas produzidos por determinados países, como Brasil, México e Espanha, para o mundo todo.
Uma das atrações que já fez esse trajeto é "3%", série brasileira criada por Pedro Aguillera e que mostra o processo seletivo pelo qual jovens brasileiros precisam passar para chegar ao Mar Alto, um local privilegiado, sem pobreza nem injustiça.
Luegenbiehl disse que a Netflix ficou bastante contente com a repercussão global do programa, embora não tenha divulgado dados de audiência.
"O Brasil ama 3%, o que era o nosso primeiro objetivo. É uma série voltada a jovens adultos, mas tem um olhar muito brasileiro, que encontrou sucesso globalmente. Principalmente na França, Alemanha e Turquia", declarou.
"Nesses países, se identificam com essa história, vocês tem um olhar muito brasileiro de retratar esse momento", acrescentou. "As pessoas no mundo todo querem ser as primeiras a descobrir isso. Não estavam acostumadas a ver isso em séries e filmes."
Quando "3%" foi lançada, uma das principais críticas que recebeu é os aspectos de ficção científica - gênero não tão recorrente por produções locais - não serem tão explorados. No lugar, a ênfase estava nas relações entre as personagens, o que mais chamou a atenção dos estrangeiros.
Ao ser questionada sobre quais como tem sido trabalhar com roteiristas brasileiros, Luegenbiehl afirmou que ficou impressionada com o entusiasmo dos roteiristas e com a vontade que eles tem de aprender com o que é feito em muitos países.
"Esperamos trazer conhecimento de Hollywood ao Brasil e também vice-versa", afirmou.