É só ligar a TV na Globo à tarde ou no comecinho da noite que você facilmente vai se deparar com Titina Medeiros. A atriz potiguar pode ser vista em duas produções que estão atualmente no ar: na reprise de "Cheias de Charme", exibida após o Jornal Hoje, e na inédita "No Rancho Fundo", na faixa das 18h.
"Achei uma honra, achei chique, achei muito bom poder voltar", comemora ela, que se diz feliz com a dobradinha. "Eu acho que não tem prova maior do acolhimento do público para o seu trabalho do que a volta de um personagem em uma novela."
Além da vivaz Socorro, que lhe rendeu muitos elogios em sua celebrada estreia em novelas na trama de 2012, ela também está se reencontrando com Nivalda, personagem que viveu em "Mar do Sertão" (2022-2023) e que volta a aparecer em "No Rancho Fundo". Titina comemora as personagens nordestinas e diz que percebe uma presença cada vez maior da região na TV.
Mesmo assim, ela não deixou o estado natal, onde é estrela do teatro e comanda a Casa de Zoé, produtora teatral que fomenta a arte no Rio Grande do Norte.
"Eu acho um privilégio poder trabalhar no Sudeste, viver nessa ponte, mas eu penso que tenho que me manter artista em Natal, porque aqui eu trabalho bastante, eu tenho a Casa de Zoé -que é uma produtora de teatro-, produzo espetáculos, trabalho com muita gente, com muitos atores. Eu acho que é importante também permanecer, ter o meu pé aqui fincado, no sentido de poder produzir obras e coisas que a população daqui possa consumir", diz.
Atriz desde 1992, ela lembra que chegou às artes em uma época em que as inspirações nordestinas eram numericamente escassas ("eu lembro de Chico Anysio, sobretudo na comédia, e de Arlete Salles") e que a região vive agora seu momento de maior destaque na TV e no cinema. "De fato, a gente sentia falta de uma forma massiva, em dramaturgia, de temas nordestinos. Então eu considero esse momento atual que a gente está vivendo agora um momento de conquista."
Titina diz estar animada com "No Rancho Fundo" e rebate as críticas de algumas pessoas de que a novela exploraria estereótipos do povo nordestino na caracterização dos atores, surgidas sobretudo antes da estreia da novela, quando uma foto de parte do elenco viralizou.
"Houve um exagero na reação das pessoas. Primeiro porque aquela foto, pelo que eu sei de informação, foi uma foto vazada, em teste. Ainda nem era uma foto oficial."
Ela diz que a novela explora diferentes camadas da população. Prova disso é a sua personagem, "que é uma Barbie, louríssima, branquíssima".
"Precisa que as pessoas esperem o contexto da novela como um todo, dentro de todos os seus núcleos, para poder tirar uma conclusão", avalia.
Fora da Globo, ela também exalta produções da TV e do cinema nordestinas, principalmente as pernambucanas e cearenses, que vêm ganhando cada vez mais destaque nacional e internacional -como "Bacurau" e "Cangaço Novo"- e abrindo caminho para outros projetos.
"A gente está num momento muito efervescente, tanto da produção como também da fruição. Claro que isso pode melhorar muito. Quando essas produções audiovisuais crescem, começam a existir, a produzir, e as pessoas podem experimentar, elas também formam profissionais. E o Brasil todo ganha."