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'Tive de aprender a cozinhar', diz Elizabeth Savalla sobre quarentena

Divulgação

Silêncio no teatro, atores em cena e de repente um gato invade o palco. “Fez-se silêncio. A plateia não sabia do que se tratava, nem nós. O gato subiu, olhou para os atores, olhou para a plateia, e entrou na coxia. Em cena, soltei um Totó voltou! E continuamos como se nada houvera, mas a vontade de rir foi imensa”, conta a atriz Elizabeth Savalla, ao lembrar de uma das suas muitas passagens pelos palcos goianos.

Atualmente no ar como a cômica Cunegundes na reprise de Êta Mundo Bom!, no Vale a Pena Ver de Novo, Savalla diz guardar com carinho as apresentações por aqui: do calor público ao sabor do pão de queijo feito pela mãe da produtora local e servido no camarim de seus espetáculos. “Fazer teatro e viajar é uma das melhores coisas do mundo, e Goiás é um lugar muito especial”, conta.

Por causa da pandemia do novo coronavírus, a atriz está em isolamento social e aproveita para reviver as personagens das tramas atualmente em exibição. Além de Êta Mundo Bom!, Chocolate com Pimenta, na qual a atriz viveu Jezebel, está sendo reprisada no Canal Viva. Por causa da Cunegundes, a atriz ganhou vários fã-clubes em redes sociais e ficou surpresa: “É interessante porque, normalmente, esses fãs viram seus seguidores quando você é mais jovem. Eles adoram a Cunegundes e estão indo atrás de tudo que eu fiz.” Na entrevista, Savalla conta um pouco da rotina na quarentena e na sensação de rever um trabalho que marcou sua carreira. Confira trechos:

A Cunegundes é uma personagem muito marcante em Êta Mundo Bom!. Como está sendo para você reviver essas cenas e essas memórias?

A Cunegundes é uma personagem muito marcante em Êta Mundo Bom!, é maravilhoso estar revendo agora essas cenas, principalmente nesse momento de pandemia com todos em casa em confinamento. O sucesso da novela é impressionante. É muito bom rever um trabalho que você fez. Quando estamos no ar, normalmente não conseguimos assistir, mas, depois que o tempo passa, você consegue assistir como o público. A novela é muito divertida, o núcleo da Fazenda Dom Pedro II, das peripécias todas daquela família, é comandado pela Cunegundes, que é uma personagem fortíssima. Está sendo muito divertido de ver.

 

Além da audiência na TV, a reprise da novela tem movimentado as redes sociais. Como tem sido seu contato com esse público na internet?

O retorno nas redes sociais é imenso, as pessoas falam muito, tanto no Twitter quanto no Instagram. O que se formou de fã-clubes é uma loucura. É interessante, né? Porque normalmente esses fãs aparecem quando você é mais jovem. Mas eles são jovens e adoram a personagem e vão atrás de tudo que eu fiz. A Cunegundes é uma grande personagem, acho que Walcyr Carrasco foi muito feliz nessa novela, assim como ele é em várias. Nós estamos com duas novela no ar na verdade, né? Uma é no Viva, com a reprise de Chocolate com Pimenta, que estou conseguindo ver também. São duas histórias bem diferentes e engraçadas. O Walcyr sabe lidar com o humor e ao mesmo tempo com o sentimento das pessoas de uma forma bem interessante.

 

Chamada de dona Boca de Fogo por quase todos, a personagem também é muito engraçada. Você se divertia fazendo?

A gente se divertia muito fazendo. Quando o Jorginho Fernando me chamou para fazer a novela e eu conheci a Cunegundes, me apaixonei pela personagem. Mas também fiquei com medo porque era uma personagem muito forte e, ao mesmo tempo, descontraída. Tanto na forma física, quanto na coisa de falar do interior. Nós fizemos aula de preparação para fazer esse sotaque todos parecidos, como se tivéssemos nascido naquele lugar. Eu também pedi ajuda do Thiago Picchi, que por coincidência é meu filho, mas ele também é diretor e tem uma visão de direção bastante diferente. Ele me ajudou muito na construção da Cunegundes. Quando eu começava a exagerar, ele falava: “Olha lá, mãe, tá exagerando. Não é para fazer humor, ela é forte, as pessoas têm de acreditar”. Foi um trabalho que fizemos juntos e foi muito legal.

 

Para quem assiste, parece que o clima era realmente de família. Como eram os bastidores das gravações?

O Jorginho estava muito criativo, como sempre. Nós tivemos também outros ótimos diretores, como a Ana Paula Guimarães e o Marcelo Zambelli, e tínhamos uma equipe toda maravilhosa. Era um cenário difícil de gravar, porque era muita gente e a Cunegundes dominava a cena, ela quem fazia as tramoias e tudo que acontecia. Era difícil, mas ao mesmo tempo a gente tinha uma relação muito boa. Com todos! A gente se dava muito bem, tinha um clima muito bom entre nós. E o nosso saudoso Flávio Migliaccio, que eu trabalhei tanto com ele em vários momentos, um amor de pessoa. Era muito divertido trabalhar ali... Os dias que tinha muito banho de lama, muito chiqueiro, era muita loucura (risos).

Êta Mundo Bom! tem uma mensagem muito positiva, de esperança. Como você vê essa novela diante do momento que estamos vivendo? Acha que pode nos ajudar a passar por esse tempo mais difícil?

Sim! O personagem do Guizé fala: “Tudo que acontece de ruim na vida da gente é para melhorar”. Eu acho que o Walcyr foi muito feliz nessa frase que ele coloca no Candinho e acho que tem tudo a ver com esse momento que a gente está passando. E a novela vai além da fazenda, tinha também o núcleo da cidade. E a cidade é maravilhosa, é onde passam os bondes, as músicas são fantásticas, jazz, Nelson Gonçalves. E o texto maravilhoso do Walcyr Carrasco fazendo humor, em um horário que ele domina. O figurino é lindo. Enfim, há uma leveza nessa novela e é muito bom assistir.

 

Como tem sido sua quarentena?

Meu marido faz parte do grupo de risco e estou há uns dois meses sem sair de casa, direto mesmo, sem sair para nada, nem supermercado, absolutamente nada. Tive de aprender a cozinhar, molhar as plantas... aliás, as plantas estão maravilhosas. As orquídeas estão super floridas.

 

Quais lembranças você guarda de suas passagens pelos palcos de Goiás?

Quem faz teatro, como faço há muitos anos, viaja por todo o País. Já fui a Goiânia um número enorme de vezes. Minha produtora na cidade é a Cinthia Botelho, ela e o irmão Marcelo produzem há muito tempo. O público ama teatro; então, isso é muito bom. O teatro lota! Fiz espetáculos também em Anápolis e em Quirinópolis. A imprensa local sempre nos ajuda na divulgação e tem um respeito grande por quem faz e leva teatro para Goiás. Sem esse apoio, seria impossível fazer. Guardo com carinho a lembrança da visita na casa da Cora Coralina, na cidade de Goiás, e da mãe da Cinthia, que já se foi. Ela fazia um pão de queijo maravilhoso para nossos lanches antes dos espetáculos. A mesa do camarim sempre deliciosa, mas o pão de queijo era especial porque ela fazia com o maior amor do mundo.

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