Não faz muito tempo, a atriz baiana Maria Gal, de 43 anos, foi reprovada em um teste para participar do elenco de um filme, porque o diretor considerou sua cor “pouco comercial”.
Isso ela soube depois, por um amigo negro que ouviu o comentário do próprio autor. Maria participou do teste com dezenas de candidatas, das quais sobraram, na última etapa, ela e uma atriz branca. “Uma coisa é você nunca se ver representada na TV ou no cinema, a não ser em papéis caricatos. Outra coisa é sofrer o preconceito na própria pele. A proximidade nos atinge pessoalmente”.
Para não passar por isso de novo, Gal resolveu abrir sua própria empresa, a Maria Produtora. Formada por uma equipe de artistas e técnicos majoritariamente negros, ali quem tem o poder de decisão são eles. Para captar recursos, ela usou a discriminação a seu favor.
“Eu vejo o racismo como uma oportunidade. Hoje, grandes empresas querem investir em temas associados ao preconceito de cor, de raça, de sexo. O mundo civilizado busca essa inclusão”, afirmou a atriz de As Aventuras de Poliana.