Desde o início da disseminação descontrolada de informações relacionadas a supostos ataques a escolas, 18 adolescentes foram apreendidos e internados provisoriamente por ameaça de atentado em Goiás. A maioria deles são do sexo masculino. A idade varia entre 13 e 17 anos. Os atos infracionais mais recorrentes são ameaça e incitação ao crime, mas também foram registrados casos de homicídio qualificado e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.
O tempo de internação dos adolescentes varia de 30 a 45 dias. A maioria deles estão nos Centros de Atendimento Socioeducativo (Cases) de Goiânia e Formosa. Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Social de Goiás (Seds) comunicou que após o fim do prazo da internação provisória, um juiz dará uma sentença aplicando outra medida socioeducativa como, por exemplo, liberdade assistida e prestação de serviço à comunidade, ou aplicará uma medida de internação definitiva por até três anos, com reavaliação a cada seis meses.
No dia 4 de abril, um homem, de 25 anos, invadiu uma creche em Blumenau, Santa Catarina, matou quatro crianças e feriu outras cinco. No dia 13 deste mês, um garoto, de 13 anos, esfaqueou três colegas de sala, em Santa Tereza de Goiás, no Sudoeste do estado. Após o incidente, as forças policiais de Goiás intensificaram ações contra atos violentos.
Governo
Nesta quarta-feira (19), em entrevista à CBN Goiânia, o titular da Secretaria de Estado de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), o coronel Renato Brum, contou que, desde a última semana, 55 adolescentes foram apreendidos por incitar ou ameaçar ataques em escolas por meio das redes sociais em Goiás. As identificações foram feitas por meio dos serviços de inteligência, especialmente a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC).
Os jovens foram encaminhados para a Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (Depai). “É uma ação muito forte. Estamos nos antecipando. É importante destacar que isso está em queda, não só registro de ocorrências, como também o descumprimento de cautelares relativas aos menores”, explicou Brum.
A maioria dos casos se tratam de adolescentes que estavam compartilhando ameaças na internet, que alguns justificaram como sendo brincadeira. A SSP-GO esclareceu que nesses casos, a Polícia Civil do Estado de Goiás faz a apresentação dos adolescentes ao Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) e ao Poder Judiciário. Em algumas ocasiões, eles se manifestam a favor de que o adolescente seja liberado para responder o processo sob termo de responsabilidade dos pais, o que justifica que só uma parte dos apreendidos sejam internados.
Internação
Quando chegam aos Cases, os adolescentes são recebidos por uma equipe técnica de referência, composta por psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e enfermeiros. Inicialmente, é feita uma triagem relacionada a questões de saúde e os jovens permanecem dois dias em quarentena até poderem iniciar as atividades da rotina socioeducativa: aulas escolares e, no contraturno, atividades ligadas à cultura, esporte, lazer, qualificação profissional e capacitação. Os adolescentes que apresentam fragilidades psicológicas, são encaminhadas para serem acompanhados em unidades especializadas.