O motorista que se locomover por 1.465 quilômetros (km) de estradas em Goiás terá de ter cuidado e paciência para transitar por trechos considerados péssimos ou ruins pelos técnicos da Confederação Nacional de Transportes (CNT). Este número corresponde a 19,7% da quilometragem das rodovias federais ou estaduais pesquisadas no território goiano.
São locais como a GO-142, entre os municípios de Montividiu do Norte e Formoso, considerada a oitava pior de todas as rodovias analisadas no País no aspecto geral, em que os pesquisadores verificam os aspectos de pavimentação, sinalização e geometria viária.
A Pesquisa CNT de Rodovias 2022 é a 25ª edição do levantamento feito pela entidade empresarial, em que os técnicos compareceram in loco nas vias analisadas entre o fim de junho e o fim de julho deste ano.
No levantamento com relação a Goiás, além das vias consideradas péssimas e ruins, há ainda 39,5% das estradas em situação regular e 40,8% descritas como ótimas ou boas. Neste último caso, por outro lado, se refere a 14 estradas federais, sendo a metade delas administrada por concessionárias privadas, como é o caso da BR-050, entre Valparaíso e Cumari, classificada como a quarta melhor do País.
Entre as piores vias, a situação é diferente, sendo que há duas péssimas e três ruins, mas apenas a BR-158 entre Jataí e Aragarças é de responsabilidade federal, operando sem concessão. As outras quatro vias analisadas são estaduais, cuja manutenção e recuperação é obrigação da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra). Os trechos são, além da GO-142, a GO-050, de Jataí a Chapadão do Céu, também descrita como péssima, e ainda as GOs 341, na região de Mineiros, e 184, de Jataí a Aporé, classificadas como ruins.
O levantamento estima ainda que a situação viária verificada provoca um aumento de 29,8% no custo operacional das empresas que operam nas rodovias em Goiás. Um destes custos é o consumo de 67,6 milhões de litros de diesel a mais do que o necessário, o que gera, segundo a CNT, um custo extra de R$ 308,63 milhões aos transportadores.
Há ainda um problema ambiental, já que as más condições das rodovias obrigam maior aceleração e força dos motores, e gera 176 milhões de quilogramas (kg) de emissão a mais de gás carbônico (CO2), 6.763,82 kg de gás metano (CH4) e ainda 9.469,35 kg de óxido nitroso (N2O).
estaduais
A situação das vias citadas, no entanto, vem sendo modificada, de acordo com a Goinfra. “A GO-142, por exemplo, já está recebendo obras de restauração do pavimento nos 74 quilômetros que ligam Formoso à divisa de Goiás com o Tocantins.”
A agência informa que a GO-341, na região de Mineiros, está recebendo pavimentação em trecho de 32 quilômetros. “Já a restauração da GO-184 está prevista para iniciar no próximo ano, atualmente a Goinfra trabalha na execução do projeto de engenharia para licitar a obra.” O órgão reforça ainda que os trechos destacados são de rodovias com pavimento antigo e, portanto, com vida útil expirada.
“Essas vias são monitoradas e recebem serviços rotineiros de manutenção para garantir a trafegabilidade em segurança, mas demandam intervenções maiores, como as obras de restauração. Essas intervenções já estão sendo realizadas ou estão na programação da Goinfra”, garante a agência.
Além disso, o órgão ressalta que a pesquisa de abrangência nacional tem limitações, como a baixa amostra da malha viária estadual que foi vistoriada. Foram avaliados menos de 3.829 km de um total de mais de 12.000 km de rodovias estaduais pavimentadas.
Outro ponto contestado é com relação à metodologia, pois a pesquisa na avaliação da geometria viária propõe larguras mínimas para a plataforma, especialmente do acostamento. “Esse padrão não contempla o histórico de implantação da malha estadual, já que a maioria das rodovias estaduais foram pavimentadas há mais de 30 anos e sem a execução de acostamentos”, informa a Goinfra, que ressalta atualmente atender os padrões preconizados no levantamento, “com execução de vias de pistas mais largas e com acostamentos, contemplando a evolução do tráfego e das normativas de projeto rodoviário”.
De toda forma, a agência estadual considera que o levantamento da CNT “vem ao encontro do que tem sido executado e programado pela agência como obras prioritárias de manutenção, reconstrução, restauração, pavimentação e duplicação de segmentos da malha viária estadual, além da implantação de pontes, com investimentos que já superaram os R$ 2 bilhões desde o início da atual gestão estadual”.
Nos últimos quatro anos, a Goinfra garante ter executado a pavimentação e a restauração de 391 km de rodovias estaduais; recuperou mais de 2.300 km; sinalizou mais de 6.400 km; e construiu mais de 100 pontes, substituindo antigas estruturas de madeira. A pesquisa calcula, por outro lado, que a recuperação da malha asfáltica deve custar R$ 6,574 bilhões dos cofres públicos, levando em conta também os trechos federais.