Geral

45% dos goianos com mais de 25 anos não concluíram o ensino médio

Wesley Costa
Dados que apontam que 45% dos goianos em idade acima de 25 anos não concluíram os estudos também estão ligados às altas taxas de abandono escolar no ensino médio

GABRIELLA BRAGA

Apesar da redução no porcentual de pessoas com mais de 25 anos que não concluíram o ensino médio desde 2016, Goiás ainda conta com 45,2% da população nesta faixa etária que deixaram a escola sem finalizar a última etapa da educação básica obrigatória. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Educação 2023 mostram que os homens são os que menos terminam os estudos.

A pesquisa produzida anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi divulgada nesta sexta-feira (22) e aponta para uma tendência de crescimento do nível de instrução da população com a conclusão da educação básica obrigatória, que envolve toda a trajetória escolar do aluno, até o ensino médio. Calcula-se ainda a educação superior, etapa de ensino facultativa.

Em 2016, mais da metade da população goiana com mais de 25 anos havia encerrado os estudos antes da conclusão do ensino médio. A reversão do cenário só foi visualizada em 2022, quando 48,2% não haviam concluído. Vale lembrar que nos anos de 2020 e 2021 a pesquisa não foi realizada. A mudança de tendência para as mulheres já pode ser observada em 2018. Naquele ano, metade havia finalizado os estudos na educação básica.

Em Goiás, para os homens, a reversão foi mais lenta. Apenas no ano passado se registrou menos da metade (47,7%) dos homens sem a conclusão da etapa de ensino obrigatória. No mesmo ano, as mulheres já alcançavam um porcentual ainda menor que o total registrado considerando ambos os sexos: 42,8%.

Superintendente do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira pontua que os papéis de gênero têm impacto também na formação de homens e mulheres. Ele pondera que, historicamente, as mulheres tiveram mais dificuldades para ingressar no mercado de trabalho. Por isso, a permanência nas escolas se torna maior e, consequentemente, a conclusão dos estudos.

Conforme ele, fatores como a falta de creches impactam no acesso ao mercado de trabalho por parte das mulheres. E é um dos pontos elencados pela Pnad Contínua Educação. Apenas 26,6% das crianças de 0 a 3 anos estão nas creches. Mesmo com o aumento, o porcentual aponta para a problemática da oferta na educação infantil, que é conduzida majoritariamente nas redes municipais de ensino.

O jornal retratou em diferentes ocasiões a barreira que mães enfrentam para conseguir uma vaga para os filhos em Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) e Centros de Educação Infantil (CEIs) de Goiânia. Há um déficit de 9,5 mil matrículas nas unidades de ensino da capital. Enquanto isso, muitas mulheres deixam os empregos, ou não conseguem retornar ao mercado de trabalho, pela ausência de um local seguro para deixar as crianças.

Para o superintendente do IBGE em Goiás, os dados que apontam que 45,2% dos goianos em idade acima de 25 anos não concluíram os estudos também estão ligados às altas taxas de abandono escolar no ensino médio, a última etapa obrigatória. “Tem uma maior repetência (reprovação) e evasão”, pontua.

Ele destaca ainda que há uma correlação entre a escolaridade, e as posições no mercado de trabalho que serão ocupadas. “O salário está diretamente ligado à produtividade”, diz, explicando que a produtividade está relacionada à capacidade de uma pessoa concluir uma atividade mais rápida. “E quanto mais estuda, mais consegue ser produtivo”, conclui.

Vieira também pontua que, pelo recorte racial, a população preta e parda é a que mais sofre com a falta de escolaridade. Além da necessidade de ingressar antes no mercado de trabalho, o superintendente pondera que os salários são mais inferiores. “Entra em um ciclo vicioso”, comenta. Em 2023, 49,5% dos pretos e pardos com mais de 25 anos não haviam concluído o ensino obrigatório. Por outro lado, o porcentual para os brancos chegou a 37,6%.

Analfabetismo é maior para idosos, homens, pretos e pardos

A Pnad Contínua Educação 2023 mostra ainda para a tendência de queda na taxa de analfabetismo em Goiás e em todo o Brasil. A situação é mais evidente nas idades mais avançadas. O grupo populacional mais idoso tem a maior proporção de analfabetos, que são aquelas pessoas que não sabem nem ler e nem escrever. 

No estado, houve redução para todas as faixas etárias. A queda foi ainda maior para a faixa etária de 60 anos ou mais, que saiu de 24,4%, em 2016, para 14,2%, em 2023. Ao mesmo tempo, o grupo de 40 anos ou mais reduziu de 11,8% para 7,5%, respectivamente.

Considerando a população com idade de 25 anos ou mais, a diminuição foi de cerca de dois pontos porcentuais, ficando em 4,9% de analfabetismo no último ano. O cenário se repete para aqueles com 18 anos ou mais, ou 15 anos ou mais. Com a queda de dois pontos porcentuais, ficaram em 4,2% e 4%, respectivamente.

O recorte por gênero mostra que os homens são mais analfabetos que as mulheres, independente de faixa etária. Para aqueles com idade de 15 anos ou mais, a taxa ficou em 4,2% em 2023. No caso de quem possui mais de 60 anos, o analfabetismo alcançou 14,4% do grupo populacional. Já as mulheres permaneceram em 3,8% e 14%, respectivamente.

Pelo recorte racial, é evidente que a população preta e parda acima de 60 anos é ainda mais afetada. Em 2016, o grupo chegava a 30,9% de analfabetos. Sete anos depois, fechou em 17,6%. No entanto, para brancos, a taxa ficou em 9,8% no último ano, com redução de seis pontos porcentuais. No caso da faixa etária de 15 anos ou mais, a diferença é menos explícita: brancos (3,4%) e pretos/pardos (4,4%).

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