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A 42 dias da entrega, BRT tem dezenas de pontos sem conclusão em Goiânia

Diomício Gomes
Pedestre se depara com obstáculo na Estação Perimetral: passeio público não recebeu pavimento acessível


A 42 dias da data marcada para a entrega da obra do trecho 2 do BRT Norte-Sul, entre os terminais Recanto do Bosque e Isidória, há dezenas de pontos onde os serviços foram feitos, mas que algo foi deixado para trás. São passeios sem calçada, local onde ela existe, mas o piso tátil não foi instalado, logradouros onde não há mudas de árvores plantadas, entre outras questões. Também foi verificado que parte das estruturas construídas apresenta defeitos, desgastes e degradação.

A reportagem percorreu todo o trecho de 17,5 km entre os dois terminais na manhã desta quinta-feira (18). Os primeiros problemas relativos a serviços deixados para trás foram identificados na plataforma da Avenida Horácio Costa e Silva esquina com a Rua Rosemira Figueiredo, no Jardim Balneário Meia Ponte. A plataforma apresenta-se sem corrimões e grades de proteção na escada e rampa de acesso. Com algumas variações, a situação das plataformas até a estação Paulo Garcia é a mesma.

Na Avenida Horácio Costa e Silva esquina com a Avenida Nerópolis (sentido Sul), ainda no Balneário, a sinalização tátil da calçada não está instalada. Mais adiante, na Avenida Goiás Norte, entre as ruas Ambrolina Martins do Carmo e RH-8, no Residencial Humaitá, há vários lotes em que a calçada não está presente. Não é possível saber se a mesma foi desmanchada por alguma obra particular ou realmente não foi implantada. A situação é pior na plataforma em frente ao shopping Passeio das Águas. A calçada não foi feita. Ao atravessar a avenida na faixa, os pedestres se deparam com o problema.

Na estação da Avenida Goiás Norte, em frente ao Atacadão, há pontos ao redor da estrutura com pequenos trechos de interrupção das calçadas, sobretudo na saída Norte. O problema é pior na calçada em frente à estação, no sentido Norte, onde tem locais sem piso tátil e próximo à faixa de pedestres há uma calçada irregular e sem piso tátil.

A interrupção das calçadas aparece mais uma vez no trecho entre o Córrego Caveirinha e a Rua G (local conhecido popularmente como ‘Favela Vietnã’). No Centro, na Avenida Goiás e Praça Cívica, os trabalhos ainda estão em execução. Apesar disto, a reportagem só visualizou duas frentes de serviço em todos os 17,5 km verificados. Uma delas estava na estação da Praça do Bandeirante e a outra distribuída na Praça Cívica.

Entre as ruas 84 e 124, no Setor Sul, há locais em que as mudas de árvores não estão plantadas junto ao passeio no sentido Norte. Serviços incompletos também aparecem quilômetros adiante, na Primeira Radial entre a Avenida Areião e o Ipasgo. Lá a calçada não apresenta piso tátil, sendo que em frente ao instituto a mesma não mantém o mesmo padrão regular plano na comparação com os demais trechos do BRT.

A Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) afirmou ao POPULAR que há uma empresa contratada para a supervisão dos serviços executados. “Além disto, a Seinfra possui fiscais de obras que acompanham estes serviços”, acrescentou a pasta, por meio de nota.

Os monitoramentos resultam em relatórios que apontam os serviços que deverão ser refeitos ou receber reparos.

Execução tem problemas

Entre os serviços feitos também há problemas. A verificação realizada pela reportagem encontrou estruturas quebradas, revestimentos se desprendendo, sinalização apagada, trincas no asfalto e ondulações na pista.

O bicicletário do Terminal Recanto do Bosque tem mofo em todas as paredes internas do rodapé ao teto. A massa e a tinta estão se desprendendo com a situação e do lado de fora poucas peças do revestimento se desprenderam. Ainda no terminal da região Noroeste, o rebaixamento de uma das calçadas foi quebrado. O mesmo aconteceu com um bueiro na saída de veículos da estrutura de transporte.

Na primeira plataforma do trecho, localizada na Rua ALV-1, na divisa do Recanto do Bosque com o Setor Alto do Vale, a construtora deixou o piso plano e com a sinalização tátil, mas o mato tomou conta ao menos de metade da calçada.

O pavimento das pistas de rodagem dos carros apresenta boa conservação de maneira geral em todos os 17,5 km. Entretanto, em alguns pontos há trincas e buracos já tapados, reflexo do tempo e do uso da estrutura.

Apesar da situação regular em relação ao pavimento, há um trecho onde o serviço realizado apresenta ondulações significativas que provocam desconforto e insegurança aos motoristas. Estamos falando do segmento da Avenida Horácio Costa e Silva entre a Avenida Antônio Perilo e a Rua Rosemira Figueiredo. Neste percurso, os sinais são grandes reparos, reflexo de que foram muitos os problemas que resultaram na necessidade de conserto.

Resposta

Como mencionado pela Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), a obra deve ser entregue até o fim do próximo mês com as estruturas regulares. O BRT foi iniciado em março de 2015.

Pela previsão atual, as plataformas de embarque e desembarque do BRT Norte-Sul devem ficar prontas até o fim de junho. O motivo é que após isto, elas precisam receber os equipamentos de bilhetagem e a preparação para iniciar a operação, o que tem previsão de ocorrer até julho deste ano.

No entanto, na Avenida Goiás, no Centro, e na Praça Cívica, os serviços das plataformas se apresentam com mais etapas a ser executadas. Na Goiás, logo acima da Avenida Independência, foi iniciado o trabalho de alicerce. As faixas de rodagem estão parcialmente ocupadas por blocos de concreto.

No canteiro de obras da primeira plataforma na parte inferior da avenida, durante a verificação feita para reportagem não havia operários no local. Há escavações e alguns locais concretados indicando ser a base de sustentação. Materiais como manilhas, ferragens e blocos de concreto estão dispostos no espaço. Mais acima, nas proximidades da Avenida Paranaíba a situação é semelhante. A fundação iniciada, mas sem trabalhadores. Materiais também estão no local.

A plataforma da Praça do Bandeirantes tem situação distinta das demais. Lá, a reportagem contou 17 homens trabalhando. O serviço teve a fundação realizada e estão sendo montadas as armações de ferragem, bem como as formas para concretagem. As plataformas da Goiás têm uma particularidade em relação às demais. Elas não são pré-moldadas. Estão sendo construídas no local diretamente pelas equipes da construtora.

A Seinfra foi questionada sobre o motivo da alteração do modo construtivo das plataformas, que deixou de ser pré-moldada. “O método construtivo das plataformas da Avenida Goiás foi alterado em virtude do novo projeto das Estações de Embarque e Desembarque”, afirmou a secretaria, em nota.

Na Praça Cívica, local de quatro plataformas, a reportagem não encontrou operários trabalhando nestas estruturas. Lá foi feita a fundação e a base das estruturas, que são pré-moldadas, foram instaladas. No entanto, o andamento do serviço ainda vai precisar a realização dos dois acessos, cobertura, construção da cabine de cobrança, instalações elétricas e hidráulicas, grades de proteção e corrimões.

A procurou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para saber se havia algum impedimento quanto às construções do Centro. No entanto, o órgão confirmou não haver qualquer restrição por parte do mesmo.

Diante do cenário de muitas atividades a ser executadas nas plataformas, a reportagem questionou a secretaria se as mesmas, na Avenida Goiás e Praça Cívica, estariam prontas quando se der o início da operação do BRT. A pasta disse que as mesmas estarão “em conclusão”.

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