A advogada Amanda Partata, de 31 anos, acusada de matar o ex-sogro e a mãe dele envenenados, deve ir a júri popular por duplo homicídio triplamente qualificado e por dupla tentativa de homicídio. A decisão de pronúncia foi assinada pelo Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal dos Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri, Eduardo Pio Mascarenhas da Silva, nesta segunda-feira (26).
Amanda é acusada de matar envenenados o ex-sogro Leonardo Pereira Alves, conhecido como Leozão, de 58 anos, e a mãe dele, Luzia Tereza Alves, 86. Ela também ofereceu alimento envenenado ao pai e ao irmão de Leozão, João Alves Pereira e Agostinho Alberto Alves, respectivamente, que também estavam na residência naquele dia, mas eles não comeram.
A defesa de Amanda Partata disse que tomou conhecimento da decisão pela imprensa. "Assim que tivermos acesso ao conteúdo iremos nos manifestar", disse.
De acordo com o documento, Amanda foi pronunciada pelos homicídios de Leozão e Luzia, com as qualificadoras (circunstâncias que agravam a pena) por motivo torpe, com uso de veneno e com recurso que impossibilitou a defesa das vítimas. Há ainda a qualificadora por ter feito mais de uma vítima ou em situação de grande sofrimento. Ela também foi prenunciada pelas duas tentativas de homicídio.
O crime ocorreu no dia 17 de dezembro passado. Na ocasião, Amanda foi até a casa dos familiares do ex-namorado para um café da manhã, e levou bolos de pote, biscoitos e suco. Após comerem um bolo de pote levado por ela, Luzia e Leozão passaram mal e morreram horas depois. Amanda foi denunciada pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) no dia 17 de janeiro. O pronunciamento significa que o juiz considera que há provas suficientes para levar o Amanda Partata a júri popular.
Relembre o caso
A advogada Amanda Partata, de 31 anos, foi acusada de matar o pai e a avó do ex-namorado envenenados, em Goiânia. O servidor da Polícia Civil Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, e a mãe dele, Luzia Tereza Alves, de 86, morreram no dia 17 de dezembro depois de tomarem café da manhã com Amanda.
Segundo o laudo da Polícia Científica, os bolos no pote que as vítimas comeram estavam envenenados, conforme as amostras biológicas coletadas.
Compra do veneno
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Carlos Alfama, a advogada Amanda Partata comprou o veneno usado para matar Leonardo e Luzia pela internet uma semana antes do crime. Com nota fiscal emitida pelo laboratório, a substância foi entregue na casa da suspeita, em Itumbiara.
No entanto, um dia antes do crime, ela teria pedido para que uma funcionária da casa dela enviasse a substância, que estava em uma caixa de papelão, para Goiânia, onde estava hospedada em um hotel. Vídeos de câmeras de segurança mostram a advogada tentando esconder a encomenda que acabara de receber no hotel.
Dia do crime
Na manhã de 17 de dezembro, Amanda foi até uma rede de supermercados onde comprou diversos alimentos, inclusive os potes de bolo. Ela voltou ao hotel e trocou de roupa antes de ir à casa das vítimas. Na casa estavam Leonardo Pereira Alves, pai do ex-namorado; Luzia Tereza Alves, avó do ex-namorado; e o marido de Luzia, o único que não tomou o café da manhã, por ser diabético. Uma foto obtida com exclusividade pela reportagem mostra o momento do café da manhã.
Envenenamento
Após algumas horas, Leonardo e a mãe começaram a sentir dores abdominais, vômitos e diarreia e foram levados para o Hospital Santa Bárbara, em Goiânia. Leonardo não resistiu e morreu. A mãe dele chegou a ser internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas também não resistiu.
Amanda retornou para Itumbiara, onde mora, e só procurou um hospital por volta da meia-noite, após saber da morte de Leonardo. De acordo com a polícia, ela chegou a receber um áudio do ex-sogro relatando os sintomas e preocupado com ela pela suposta gravidez que ela havia anunciado para a família.
Prisão
Amanda Partata foi presa em 20 de dezembro de 2023. Ela foi indiciada e responde por pela morte do pai e da avó do ex-namorado por envenenamento e por tentativa de homicídio contra o avô e um tio do ex que teria passado pela casa para buscar uma ferramenta, a quem ela ofereceu diretamente o bolo envenenado. As investigações apontam que ela tentava, com o crime, atingir o ex, que havia rompido o namoro de um mês e meio.
Ameaças e perfis falsos
De acordo com as investigações, foram localizados pelo menos seis perfis falsos criados por Amanda ameaçando o ex-namorado nas redes sociais. Como as mensagens eram anônimas, ela chegou a ameaçar a si mesma, em uma tentativa de desviar o foco da suspeita. O delegado informou que uma das mensagens dizia: "Eu vou matar você e a sua namoradinha".
Como o ex-namorado de Amanda havia denunciado a situação, o crime já estava sendo investigado pela Delegacia de Crimes Cibernéticos. De acordo com o delegado, desde o mês de julho, quando as ameaças começaram, até a data em que o ex denunciou a situação, ele havia bloqueado cerca de 100 números de telefone. A Polícia concluiu que esses contatos foram gerados por um programa que mascara o número original, ligado ao contato de Amanda.