Alunas que denunciaram o médico João Paulo Ferreira Castro por crimes sexuais já tinham relatado os casos aos professores da faculdade, mas nada foi feito, segundo a delegada à frente do caso, Isabella Joy. O suspeito passou por audiência de custódia, na tarde desta sexta-feira (21), e segue preso na Casa de Prisão Provisória de Anápolis (CPP).
Ao Daqui, a defesa do médico, o advogado Edvaldo Adriany, disse que se posicionou para que ele responda em liberdade, pois não oferece risco à sociedade, não tem passagens pela polícia, além de possuir ensino superior e endereço fixo. Contudo, segundo o advogado, a juíza decidiu “aguardar mais um pouco o encaminhamento da instrução para que ela tenha essa segurança que ele não vai atrapalhar a instrução do inquérito”.
Em nota, a Unievangélica de Anápolis informou à reportagem que “desde que tomou conhecimento dos referidos acontecimentos, a instituição adotou todas as medidas administrativas pertinentes”. Acrescentou que se colocou à disposição para colaborar com qualquer informação que possa ajudar nas investigações (Veja a nota completa no final da matéria).
O hospital Santa Casa de Misericórdia de Anápolis respondeu que o João Paulo atua como médico residente na unidade e que, até o momento, não houve relato contra o médico por parte de pacientes ou colaboradores (Veja a nota completa no final da matéria).
De acordo com a Polícia Civil, quatro vítimas já compareceram à delegacia e formalizaram a denúncia contra o profissional, que foi preso na quinta-feira (20). Os crimes contra estudantes de medicina teriam acontecido entre setembro do ano passado a março deste ano.
Questionada sobre a demora das alunas para denunciar os abusos, a delegada disse que elas relataram que fizeram denúncias aos professores da universidade, mas nada foi feito.
"Elas alegam que nada acontecia. As reclamações que elas faziam nos órgãos não aconteciam nada. Então elas resolveram tomar uma medida drástica que seria a ocorrência", disse a investigadora à TV Anhanguera.
Abusos
Segundo a delegada, a polícia acredita que haja outras possíveis 50 vítimas dos médicos, uma vez que há um grupo de Whatsapp com mulheres que teriam sido importunadas por ele.
"Eram conversas indecorosas, atos libidinosos, passar a mão em locais inapropriados, que constituem importunação sexual", afirmou a delegada, em entrevista à TV Anhanguera.
Entenda o caso
O suspeito realizava uma especialização em ginecologia em uma faculdade em Anápolis, a 55 km de Goiânia, onde os crimes teriam ocorrido. A identificação do médico foi divulgada, segundo a Polícia Civil, para que as "imagens possam auxiliar no surgimento de novas vítimas e testemunhas que façam seu reconhecimento, além de novas provas para o inquérito".
A reportagem procurou a unidade de ensino, por email, mas não obteve resposta. À TV Anhanguera a instituição informou que adotou medidas administrativas e se colocou à disposição da polícia. Além disso, declarou que João Paulo é aluno e não professor da instituição.
O Daqui também procurou o Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), que informou que as denúncias relacionadas à conduta ética de médicos são apuradas e tramitam em total sigilo, conforme determina o Código de Processo Ético-Profissional Médico.
Veja a nota completa da Unievangélica
Em relação aos fatos que envolvem o médico residente mencionado, a Universidade Evangélica de Goiás - UniEVANGÉLICA, esclarece:
Desde que tomou conhecimento dos referidos acontecimentos, a instituição adotou todas as medidas administrativas pertinentes e prontamente se colocou à disposição das autoridades competentes para fornecer quaisquer esclarecimentos ou informações que possam ser úteis à investigação em curso.
Veja a nota completa da Santa Casa
Esclarecemos que o médico Dr. João Paulo Ferreira Castro, atua junto à Santa Casa de Misericórdia de Anápolis, como médico residente, em razão de Convênio Universitário, portanto, não possui vínculo empregatício com essa Unidade de Saúde.
Afirmamos, que até o presente momento, não recebemos qualquer relato de denúncia contra o médico por parte de paciente ou colaboradores dessa Instituição, contudo, colocamo-nos à disposição das autoridades para contribuir no que for necessário.