Pelo menos em seis localidades de Goiás os termômetros já passam dos 40°C, de acordo com o acompanhamento do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que monitora 16 estações em todo o Estado. As maiores temperaturas foram registradas nos municípios de Aragarças, na região Oeste, e Goiás, na região Central, onde os termômetros apontaram 41,9°C. Em Goiás, esta máxima se deu no domingo (22), enquanto que em Aragarças a mesma temperatura foi registrada na segunda (23) e na terça (24). A cidade ficou quatro dias seguidos com temperaturas acima de 40°C, porém, em São Miguel do Araguaia, no Noroeste, está assim desde a sexta-feira (20).
O município é também a localidade que mais vezes ficou acima de 40°C neste mês, em que isso ocorreu por 11 vezes nos 24 dias de medição até então. Além dos já citados, Goiânia, Jataí e Porangatu também registraram temperaturas elevadas neste patamar em setembro. Na capital, foram dois dias seguidos nesta semana (segunda e terça), quando se atingiu as maiores temperaturas do ano, 40,3°C e 40,5°C, respectivamente. O recorde histórico da cidade, de acordo com o Inmet, é de 41,2°C, que foi medido no dia 7 de outubro de 2020. De acordo com a coordenadora do instituto em Goiás, Elizabeth Ferreira Alves, as altas temperaturas devem permanecer até o final da semana.
A previsão era a de que a temperatura acima dos 40°C também fosse registrada nesta quarta-feira (25). O mesmo prognóstico se tem para esta quinta-feira (26). Mas há uma estimativa de que as temperaturas possam cair a partir do final de semana, quando há previsão de chuvas para algumas regiões do Estado, como também Goiânia. “Essa onda de calor deve ainda persistir até final de semana. Aí depois começa a mudar, porque temos condições de chuva, baixando um pouco mais essa temperatura. No entanto, não vai baixar tanto assim, ou seja, não vamos para 30°C. Vai sair aí dos 40°C, como está hoje, e vai para 37°C em Goiânia e para a região Sudoeste. Ou seja, ainda vai continuar com temperaturas elevadas, mas não tão elevadas como agora, mesmo com essa condição favorável de chuva para o final de semana”, diz Elizabeth.
A coordenadora diz ainda que essa onda de calor de setembro está sendo a mais intensa do ano. “Em agosto a onda de calor pegou somente o extremo Sudoeste. Tendo os critérios de onda de calor, que é de 5°C acima da média. Goiânia estava com temperaturas elevadas, mas não com 5°C acima. Agora na onda de setembro, Goiânia entrou”, afirma ela. Elizabeth explica que a onda de calor neste mês está mais drástica por se tratar de um dos meses mais quentes mesmo da climatologia. “E também é favorecido pela questão de não ter ocorrido nenhuma chuva anteriormente, além de todas as problemáticas de queimadas que vivenciamos e contribuições de material particulado, fumaça, vindo de outras regiões, associando com as queimadas já ocorridas por aqui.”
Segundo ela, isso tudo favorece um clima mais seco e quente. “Esse ar seco e a incidência dos raios solares, ele aquece mais a superfície, porque não encontra nenhuma barreira, vamos dizer assim, nenhuma nuvem. Então ele incide sobre a superfície, aquecendo mais ainda esse ar. E aí fica com essas condições de temperaturas bastante elevadas, persistentes por vários dias”, explica. Elizabeth diz ainda que como estamos em um ano quente e atípico, ela não crê que seja a última onda de calor do ano. “Ainda tem outubro, que é um mês que tem essas condições para onda de calor. Então, ainda podemos vivenciar no mês de outubro a onda de calor, sim. Assim como também em dezembro. Em novembro os modelos não mostram tanto essa condição para onda de calor.”
Marcha
No sábado (28), 38 entidades e políticos goianos ligados ao meio ambiente vão realizar a Marcha por Justiça Climática, às 16 horas, no Parque Vaca Brava, Setor Bueno. A intenção é “chamar a atenção dos governos, da sociedade e das instituições para a urgência de colocar o meio ambiente no centro das ações humanas daqui em diante, porque disso pode depender a nossa sobrevivência”. Segundo o porta-voz da organização, Gerson Neto, membro da Associação para Recuperação e Conservação do Ambiente (Arca), é preciso “levar essa discussão para um novo patamar porque a sociedade precisa se unir para enfrentar as dificuldades que virão”. “Nosso objetivo é chamar atenção da sociedade como um todo, mais que dos governos. É preciso união para enfrentar o que está por vir.”
Gerson reforça que essa vai ser a primeira manifestação pública pelo clima em Goiânia. “Sabemos que a crise climática vai se agravar cada ano mais e já estamos vivendo as primeiras fases do colapso climático. Pensamos mesmo que está na hora de todos nós parar e refletir. Podemos viver esse colapso em meio ao caos, ou enfrentá-los unidos e protegendo uns aos outros. As medidas urgentes seguem as orientações do IPCC: adaptar as estruturas físicas e sociais, mitigar as emissões.”