Em operação dramática e descrita como "extremamente arriscada", oito pessoas, incluindo sete crianças e adolescentes, foram resgatados por militares do Paquistão após ficarem presas por horas em um teleférico, a 274 metros de altura.
O equipamento ficou pendurado após um dos cabos que o sustentavam romper enquanto os passageiros iam para a escola na região montanhosa de Battagram. A Autoridade Nacional de Gerenciamento de Desastres do Paquistão disse que as tentativas de substituir o cabo falharam. Dezenas de socorristas especializados e dois helicópteros do Exército foram mobilizados para a missão de salvamento.
Uma criança desmaiou devido "ao calor e ao medo" - não há informações detalhadas sobre seu estado de saúde, mas a rede britânica BBC disse que ela tem problemas cardíacos. O teleférico está preso numa região de ravina e pendurado por um único cabo após o rompimento do outro fio de sustentação, disse Shariq Riaz Khattak, oficial de resgate, à agência de notícias Reuters. "Todos os esforços estão sendo feitos pelo Exército do Paquistão para resgatar as pessoas presas", disse.
Ao menos duas tentativas de resgate fracassaram. Em uma delas, um militar pendurado num dos helicópteros chegou a se aproximar do teleférico, mas não conseguiu retirar ninguém. Havia ainda a dificuldade adicionada pelo anoitecer, que torna a operação mais difícil - o pôr do sol estava previsto para as 19h no horário local (11h em Brasília), e a falta de visibilidade diminui as chances de êxito.
O rompimento do cabo aconteceu por volta das 7h no horário local (23h de segunda em Brasília), de modo que até o anoitecer em Battagram já haviam se passado 12 horas em tentativas de resgate. Bilal Fiazi, porta-voz dos socorristas, disse que ao longo do dia os militares conseguiram jogar pacotes com comida e remédios aos passageiros no teleférico.
Muzaffar Khan, funcionário da administração de Battagram, disse que sete alunos e um professor estavam a bordo. Os estudantes têm de 10 a 16 anos, e suas identidades não foram divulgadas.
"Fortes ventos estão nos atingindo. Nossa situação é precária, pelo amor de Deus, faça alguma coisa", disse por telefone um homem de 20 anos, identificado apenas como Gulfaraz, ao canal de televisão local Geo News. Ele também pediu pressa aos socorristas.
Autoridades, porém, adotaram cautela e disseram que o helicóptero não podia se aproximar muito do teleférico pois existiam riscos para a estabilidade da cabine. "Toda vez que o helicóptero levou o socorrista para perto do teleférico, o vento provocado balançou e desequilibrou a cabine, o que fazia as crianças chorarem", disse Ghulamullah, presidente do vale de Allai, onde ocorreu o incidente.
Apesar das dificuldades, os dois primeiros alunos foram resgatados por helicóptero, mais de 12 horas após o rompimento do cabo. Segundo autoridades, eles recebem atendimento médico, mas passam bem.
Por volta das 20h no horário local, sem dar detalhes, as autoridades anunciaram que as operações com os aeronaves estavam suspensas - as equipes continuaram trabalhando em terra. Sem as aeronaves, os socorristas conseguiram resgatar as outras seis pessoas enviando à cabine do teleférico pequenas plataformas, utilizando o mesmo cabo que prendia a estrutura.
"Estou feliz que o progresso esteja sendo feito", disse o premiê interino do Paquistão, Anwaar-ul-Haq Kakar, que ainda prometeu reforçar a segurança dos equipamentos. "Instruí as autoridades a realizar inspeções de segurança de todos esses teleféricos privados e garantir que sejam seguros."
As pessoas que vivem nas regiões montanhosas do norte do Paquistão costumam usar os teleféricos para o transporte de uma aldeia para outra. Abdul Nasir Khan, um morador local, disse que as crianças estavam indo para uma escola secundária em Batangai, uma comunidade vizinha. Battagram, onde ocorreu o incidente, está localizada a cerca de 200 km ao norte da capital paquistanesa, Islamabad.
Os esforços de resgate paralisaram o país, com paquistaneses aglomerados em torno de aparelhos de televisão, enquanto a mídia local mostrava imagens do teleférico pendurado. No local do incidente, aldeões e curiosos também se juntaram para acompanhar as operações de resgate.
Não é a primeira vez que o Paquistão registra incidente com teleférico. Em 2017, dez pessoas morreram após uma cabine desabar próximo de Islamabad.