Foi na ausência de medidas eficientes no iOS e no Android para proteger as imagens íntimas dos usuários que o aplicativo Nude viu uma oportunidade. Criado por um grupo de empreendedores da Universidade de Berkeley, na Califórnia, o app usa uma tecnologia de aprendizado de máquina para fazer uma varredura na biblioteca de fotos dos smartphones para apagar as “nudes” e as copiar para uma pasta com senha dentro do aplicativo. Por enquanto, o serviço está disponível somente para iOS, mas uma versão para Android está em desenvolvimento.
A ideia para o aplicativo partiu de Jessica Chiu, de 21 anos, que estava trabalhando com atrizes em um projeto de um filme e percebeu que muitas delas possuíam imagens íntimas em seus computadores e celulares e não sabiam como protegê-las. Quando retornou para a universidade, a estudante se uniu a Y.C. Chen e ao desenvolvedor armênio Edgar Khanzadian para criar o app.
No momento, o aplicativo usa o aprendizado de máquina para buscar por nudes no rolo da câmera do smartphone e no serviço de nuvem da Apple, o iCloud. No entanto, ele ainda não é capaz de identificar vídeos com conteúdo sexual, apesar de permitir que os usuários importem manualmente o material.
Com o smartphone ligado, o aplicativo é capaz de operar em segundo plano para buscar conteúdo íntimo, mas as pessoas também podem propositalmente iniciar uma busca ao abrir o app. Dentro do Nude, as imagens ficam armazenadas em uma pasta com senha, e o app tira uma foto com a câmera frontal de qualquer pessoa que tentar abrir a pasta e errar o código de acesso.
Os desenvolvedores também usaram uma tecnologia introduzida pela Apple no iOS 11 que permite que as imagens sejam processadas diretamente no smartphone em vez de na nuvem, o que garante que a busca de imagens feita pelo aplicativo não é enviada para os servidores do Nude. Assim, as fotos íntimas ficam mais protegidas de hackers, já que o conteúdo não está na nuvem.
Para smartphones com iOS 10 ou inferiores, os desenvolvedores usaram o software Caffe2 do Facebook, que também permite que a análise de imagens seja feita localmente no dispositivo.
No treinamento da inteligência artificial que detecta os “nudes”, a equipe criou um software com que pegou 30 milhões de imagens do PornHub para criar uma base de dados. O algoritmo ainda não é perfeito e pode colocar fotos em que um mamilo de um homem aparece, por exemplo, na pasta segura, mas os desenvolvedores acreditam que ele irá se aperfeiçoar com o tempo.
Apesar de ter sido criado pensando no mercado de fotos íntimas, o Nude, que cobra US$ 1 por mês dos usuários, também pode ser usado para guardar fotos de documentos, como passaportes e carteiras de motorista, por exemplo.