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Argentina recebe doação de 3 hospitais de campanha dos EUA para enfrentar pandemia

Weimer Carvalho

 O governo argentino recebeu, nesta quinta-feira (8), a visita do almirante norte-americano Craig Faller, chefe do Comando Sul dos EUA, para efetuar a doação de três hospitais de campanha ao país. Faller foi recebido por Agustín Rossi, ministro da Defesa e parte do círculo de confiança da vice Cristina Kirchner.

A visita ocorre pouco mais de cinco meses após o primeiro telefonema entre o então presidente eleito Joe Biden e o líder argentino Alberto Fernández. Na ocasião, Fernández disse que a conversa havia sido "agradável e produtiva" e que, além de tratar da relação bilateral, ambos discutiram a dívida argentina com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que está em processo de reestruturação, e assuntos da região.

Tanto a doação desta quinta quanto o diálogo direto são sinais de que a Argentina está passos à frente do Brasil na relação com a nova administração americana, uma vez que o presidente Jair Bolsonaro apenas trocou cartas com Biden --tampouco houve visitas de funcionários do governo dos EUA ao Brasil.

Por trás da relação fria há uma série de rixas entre os dois líderes, já que o presidente brasileiro declarou publicamente, durante a campanha, torcer pela reeleição de Donald Trump, rival de Biden na corrida eleitoral de 2020 no EUA. Bolsonaro também se irritou com críticas do democrata ao aumento do desmatamento na Amazônia e classificou como lamentável declaração do atual líder americano em debate presidencial. À época, Biden disse que garantiria US$ 20 bilhões para a preservação da floresta e ameaçou 'consequências econômicas' caso não houvesse avanços na área ambiental.

O encontro entre Faller e Rossi foi acompanhado pela ministra da Saúde, Carla Vizzoti, e ocorreu na base naval de Buenos Aires. O evento ocorreu no dia em que a Argentina bateu novo recorde diário de infecções por coronavírus --23.683-- e registrou mais 290 mortes, cifra mais alta desde novembro, somando, assim, ao todo, 56.832 óbitos desde o início da pandemia. Na noite de quarta-feira (7), Fernández, que vem sendo criticado devido ao ritmo lento da vacinação no país, anunciou novas medidas de restrição.

Ao lado de Faller, responsável pelos interesses americanos na América do Sul, Central e no Caribe, Rossi confirmou a chegada em breve de um lote de 9 milhões de doses de imunizantes pelo Covax, mecanismo da OMS para distribuição de vacinas a países em desenvolvimento.

Ele afirmou ainda que "conta com a colaboração dos EUA para obter mais doses" e reforçou os laços entre os países na área de defesa. "Mais de 50% do gasto argentino em equipamento militar ocorre nos EUA, e ali nosso país tem a maior quantidade de representantes no mundo, com três agregados militares por cada Força e dois escritórios de compra, um da Marinha e outro da Aeronáutica".

Faller, por sua vez, afirmou que "desde o início da pandemia nosso comando tem trabalhado em estreita colaboração com seus sócios argentinos" e, "juntos, realizamos 15 doações de assistência humanitária relacionadas à Covid-19 para ajudar a resposta da Argentina a essa crise, entregando ao país equipamentos de proteção, remédios e material para testes e detecção".

As doações dos EUA à Argentina somam US$ 3,5 milhões (R$ 19,4 milhões). Segundo o governo, o pacote inclui também geradores de oxigênio e capacitação para atender situações de desastre e pandemias.

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