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Arquidiocese desiste de construir nova catedral em Goiânia

Wildes Barbosa
Cruz marca o terreno no Park Lozandes reservado para receber a catedral

Arcebispo de Goiânia, dom João Justino de Medeiros Silva disse nesta sexta-feira (8) durante café da manhã com jornalistas, que o projeto de construção de uma nova catedral para a capital não será mais executado.

Um terreno no Park Lozandes, de 27 mil m² para esse fim, foi doado em 2006 pelo empresário Lourival Louza Jr. à Arquidiocese de Goiânia e em 2008 lançada a pedra fundamental, mas como a construção não avançou conforme o que estava previsto em documento, quase a totalidade da área foi devolvida. Nos 2 mil m² que restaram será erguida uma igreja em homenagem ao Divino Pai Eterno, conforme desejo do doador.

No terreno, na região Sul de Goiânia, entre o Paço Municipal e o Centro Cultural Oscar Niemeyer, ainda permanece a cruz que marca a pedra fundamental. Neste sábado (9), conforme dom João Justino, a construção do novo templo, em formato reduzido, será discutida com a família do doador, ocasião em que também será apresentado o projeto arquitetônico.

“Como ele pediu que seja uma igreja em homenagem ao Divino Pai Eterno, solicitei ao arquiteto responsável que o projeto tenha elementos que remetam à antiga matriz de Trindade”, explicou o arcebispo. O primeiro Santuário do Divino Pai Eterno foi inaugurado em 1912.

O arquiteto responsável pelo projeto da nova igreja é o baiano João Martins Filho, especialista em espaços litúrgicos. Ele também tinha elaborado o ambicioso projeto da futura catedral que poderia acomodar até 5 mil fiéis. O espaço também abrigaria todas as instalações da Cúria Metropolitana. Diante do alto custo, a construção foi protelada e mais tarde esbarrou em cláusulas contratuais que previam tempo para o uso da área. A nova igreja, conforme explicou dom João Justino, terá espaço para 300 fiéis e com possibilidade de ser transformada numa reitoria.

Sem uma nova sede episcopal, as atenções da Arquidiocese de Goiânia se voltam para a reforma da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Auxiliadora, já em andamento. Inaugurada em 1956, com arquitetura em estilo moderno-eclético, a igreja tem sua fachada tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Dom João Justino explicou que tanto a área externa quanto a interna, além do órgão de tubos, serão reformados. Para a obra, que envolve ainda a requalificação da praça no entorno, recursos estão sendo captados através da Lei Rouanet. O telhado da catedral está sendo trocado e na parte interna haverá intervenções para facilitar a mobilidade.

Primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom João Justino afirmou que espera entregar a catedral renovada em setembro de 2027, quando Goiânia vai receber o 19º Congresso Eucarístico Nacional (CEN). Cerca de 250 bispos estarão na capital durante o evento que será realizado pela Arquidiocese de Goiânia com a colaboração das dioceses de todo o regional Centro-Oeste da CNBB. O arcebispo já esteve com o governador Ronaldo Caiado para pedir o apoio estrutural do Governo de Goiás para o congresso.

‘Meios de comunicação podem contribuir para atitudes cidadãs’

Durante o encontro com profissionais de imprensa, o arcebispo de Goiânia fez um paralelo entre a atuação da igreja e os veículos de comunicação, enfatizando o compromisso com a verdade. Ele lembrou que o Cristianismo não é uma ideia, mas uma proposta de vida. “Somos chamados a comunicar Cristo. Ele é a verdade e não é uma notícia passageira”.

O religioso ainda fez um apelo para que grandes iniciativas e práticas exitosas tenham mais espaço na mídia. “Precisamos comunicar mais coisas boas e não somente violência.” O arcebispo falou do papel fundamental da imprensa para transmitir conhecimento. “Os meios de comunicação podem contribuir para atitudes cidadãs. São eles que nos ajudam a perceber que há uma crise climática. O que nos cabe fazer como pessoa e como sociedade para enfrentar esse desafio?”, questionou. 

Dom João Justino lembrou que a Igreja Católica tem se atualizado em relação às novas tecnologias, tanto no processo de comunicação, quanto de evangelização. E para atingir jovens e crianças, o Projeto de Iniciação à Vida Cristã desenvolvido pela arquidiocese, ” propõe uma catequese não somente de assimilação da fé, mas de iniciação à vida cristã e sua relação com a comunidade”. Ele ressaltou que há uma relação mais assistencialista da Igreja Católica para atender de forma imediata comunidades carentes, como as pessoas em situação de rua. “Mas isso não basta, é necessário políticas públicas. Precisamos ter mais força e organização para pressionar as autoridades.” 

Mineiro de Juiz de Fora, dom João Justino manteve sua vida pastoral no estado natal até fevereiro de 2021 quando foi empossado arcebispo de Goiânia. Ele comentou que já se sente muito à vontade em Goiás, até porque há uma proximidade cultural muito grande entre mineiros e goianos, “no jeito de acolher e de colocar a mesa”. O volume de trabalho, entretanto, ainda o impacta, pelo número de comunidades, escolas, casas religiosas e obras sociais que dependem do seu olhar. “Preciso entender a história e dois anos não é suficiente.”

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