Depois de um pirarucu ser solto em abril, no lago do Parque da Liberdade, no Setor Jaó, a Gerência de Proteção e Manejo da Fauna da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) de Goiânia foi surpreendida no fim de semana com a informação de que uma arraia foi solta no lago do Parque Leolídio Di Ramos Caiado, no bairro Goiânia 2, região norte da capital.
Ao contrário do pirarucu, que foi levado para a Escola de Agronomia e Veterinária da Universidade Federal de Goiás (UFG), a arraia não sobreviveu.
Gerente da Amma, Caritha Faria Marques explica que esse tipo de peixe precisa de ph, temperatura e oxigenação adequados para não morrer. O gênero da arraia abandonada no lago é do tipo Potamotrygon falkneri, facilmente encontrado em lojas especializadas em aquarismo.
“As pessoas estão sem limite, acham que as áreas de proteção e os parques são uma extensão do quintal da casa delas”, diz a zootecnista. Segundo ela, o administrador do parque encontrou a arraia morta no sábado (8).
Caritha não sabe ainda quem foi o responsável pela soltura da arraia no lago. “Provavelmente foi alguém que comprou e desistiu de criá-la”, acredita.
A zootecnista lembra que a introdução da espécie em ecossistemas estranhos ao habitat natural pode causar desequilíbrio ambiental, mas também é um risco aos frequentadores do parque público.
“A arraia possui ferrões na cauda que provocam uma ferroada perfurocortante que causa dores intensas por horas. A pessoa pode ter agitação, taquicardia, vômitos e até morrer por choque anafilático.”
A espécie, ressalta a zootecnista, não é encontrada na bacia do Rio Meia Ponte. “Ela foi jogada no lago sem nenhum cuidado. Não teria condições de sobreviver. Esse peixe precisa de uma certa temperatura para manter o muco e não deixá-lo desidratado.“ As arraias de água doce só existem na América do Sul e são mais comuns na região amazônica, onde ocorrem 88% dos casos de acidentes com a espécie.
A arraia encontrada morta no lago do Parque Leolídio Di Ramos Caiado foi enterrada no próprio local.