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Atraso do MEC trava matrículas de aprovados no ProUni, em Goiás

Ton Paulo / O Popular
Resultado da 1º chamada foi divulgado no último dia 9 de agosto

Há um ano, Maicon Douglas Monteiro, de 18 anos, se mudou de Porangatu para Goiânia com o objetivo de cursar uma faculdade. O sonho está perto de virar realidade, uma vez que o rapaz foi pré-aprovado com uma bolsa no ProUni para o curso de Engenharia de Produção. No entanto, Maicon faz parte dos milhares de candidatos que estão temporariamente impedidos de dar início ao procedimento da matrícula, já que o Ministério da Educação (MEC) completa três dias de atraso para enviar às instituições as informações necessárias dos candidatos aprovados.

Maicon diz enfrentar problemas com o ProUni desde a última semana, quando as inscrições foram abertas. Segundo ele, o sistema não apresentava as notas de corte parciais dos cursos, o que dificultava a escolha. “A gente tem que saber, pra ver em qual curso temos mais chance.”

Na ocasião, vários outros candidatos também relataram problemas como o “sumiço” de vagas que antes estavam disponíveis. A situação fez com que o MEC prorrogasse o período de inscrições em um dia.

Na última terça-feira (9), com a divulgação do resultado da 1ª chamada, os problemas recomeçaram. Após várias tentativas, Maicon conseguiu acessar o sistema e descobriu ter sido pré-aprovado com uma bolsa 100% na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás). Porém, ao entrar em contato com a instituição, foi informado que não era possível iniciar os procedimentos para a matrícula.

“Eles falaram que ainda não tinham recebido os resultados do candidatos. Liguei hoje de novo [quinta-feira], e falaram que estava do mesmo jeito”, diz.

Falhas no site e atraso no envio de informações

O problema alegado ao jovem pela instituição está afetando faculdades, centros universitários e universidades de todo o país. De acordo com a Associação Brasileira das Instituições Comunitárias de Educação Superior (Abruc), O MEC deveria ter enviado a lista com informações dos aprovados na terça, mesmo dia em que o resultado foi divulgado – o que ainda não aconteceu.

“O problema só agrava o descompasso entre o cronograma ministerial e o calendário acadêmico das IES. O MEC não consegue cumprir seu planejamento no atendimento aos alunos e prejudica o cronograma das IES”, declarou a Abruc.

O chefe de gabinete da reitoria da PUC Goiás, Lorenzo Lago, disse que, desde terça-feira, cerca de 100 candidatos pré-aprovados no ProUni já procuraram a instituição para fazer os devidos procedimentos da matrícula, mas tiveram os planos frustrados.

“O MEC publicou a seleção dos candidatos e deveria, ao mesmo tempo, ter aberto o sistema para as universidades com essas mesmas informações, porque as instituições precisam validar a documentação que o aluno apresenta”, explica Lago.

Segundo o chefe de gabinete, é com o acesso a esse sistema que as faculdades conseguem conferir informações essenciais para a confirmação da bolsa do aluno, como a faixa de renda. “Temos que verificar se as informações são verídicas, e isso é feito presencialmente. Os candidatos começaram a chegar, mas não pudemos atendê-los, porque o sistema não está aberto para nós”, diz.

Lago destaca ainda que as aulas na instituição começaram nesta quinta-feira (11), e até o momento não foi possível fazer a conferência das informações de nenhum candidato. “A partir de hoje, eles começam a ter prejuízo”.

Segundo ele, o MEC foi contatado sobre o problema, mas informou que ainda “não há previsão” para o envio da lista de informações. Vale destacar que, conforme o cronograma atual da pasta, os candidatos têm até o dia 17 deste mês para fazer a comprovação das informações prestadas.

Inconsistências no sistema

Conforme o chefe de gabinete, as instituições de ensino superior precisaram pedir ao MEC a correção de problemas no sistema do ProUni logo na fase da inscrição.

Lago relata que a pasta federal publicou edital para que as universidades que aderiam ao programa de bolsas pudessem se inscrever e ofertas as vagas. Porém, segundo ele, o formulário de cadastro possuía diversas falhas.

“Quando começamos o preenchimento, vimos que o sistema estava com inconsistências. Números não estavam batendo no cálculo das vagas necessárias para cada curso, inconsistências também na aplicação da legislação vigente e até divergências quanto ao que o edital dizia e o que o sistema fazia”, detalha.

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Educação por e-mail e telefone. A pasta prometeu um retorno, o que não ocorreu até o fechamento desta reportagem. O espaço segue aberto.

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