As escolas públicas da rede estadual de Goiás irão retomar as atividades presenciais antes da maioria dos servidores receberem a segunda dose da vacina contra a Covid-19. Três semanas após a campanha de vacinação alcançar a categoria, o governo estadual definiu que a retomada parcial será feita a partir do dia 2 de agosto.
Levando em consideração o início da imunização do grupo, a segunda dose começaria a ser aplicada duas semanas após o primeiro dia de aula e atingiria a maioria apenas em setembro.
A gestão estadual já trabalhava com a possibilidade de retorno há algumas semanas. Em entrevista nesta terça-feira (08), o governador Ronaldo Caiado (DEM) confirmou a decisão.
À reportagem, a superintendente de Organização e Atendimento Educacional da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Patrícia Moraes Coutinho, diz que a volta está marcada para a primeira segunda-feira de agosto.
De acordo com Caiado, com a reserva de parte das vacinas para os professores, o Estado deve conseguir imunizar a maior parte da categoria antes dessa data, prevendo de 80% a 90% com a segunda dose no final de julho.
Apesar disso, pelo calendário das vacinas utilizadas no País, que prevê intervalos que vão de 21 a 84 dias, a maioria dos profissionais deve voltar para a sala de aula antes de receber a segunda dose.
Isso porque desde que os municípios começaram a vacinar os servidores da educação, a maioria das doses disponíveis para primeira dose foi da Astrazeneca e Pfizer, ambas com previsão de intervalo de 12 semanas para aplicação da segunda dose.
Segundo Patrícia Coutinho, a previsão é de que, de fato, parte dos trabalhadores não terá recebido o reforço do imunizante na data do retorno às escolas.
No Plano Estadual de Vacinação, o governo estadual estima que 106 mil profissionais da educação devam ser vacinados, atingindo todos os departamentos das escolas. Do total, 81.265 são profissionais da Educação Básica e outros 24.843, do Ensino Superior.
No balanço da Secretaria Estadual de Saúde (SES) atualizado segunda (08), 64.475 pessoas do grupo receberam a primeira dose da vacina, 61% do total. Já a segunda dose chegou a 112 pessoas, o que representa 0,1% do grupo.
Segundo a superintendente da Seduc, nem todos os professores voltariam às salas de aula de imediato, já que o retorno irá obedecer ao limite de 30% da capacidade das escolas. Assim, não haveria demanda para todos os professores na modalidade presencial, segundo ela.
“Vão retomando de acordo com o planejamento de aulas”, diz Patrícia Coutinho. Segundo a Seduc, parte dos municípios já teria atingido 100% de profissionais da Educação vacinados, o que traz expectativas para que a segunda dose seja aplicada antes do início das aulas.
A gestora destaca que ações do Estado dão garantia para a volta híbrida, tendo as escolas sido equipadas com internet de alta velocidade. Acreditando ter condições estruturais para o retorno, Coutinho diz que há espaço para ampliação da capacidade de cada escola.
“A volta será atendendo integralmente as orientações do COE. Se tiver mudanças, nós ajustamos. Se chegar em agosto e falar que podemos ampliar para 50%, nós estamos preparados”, diz a superintendente.
Professores
Para a professora Thais Rodrigues, que trabalha em uma escola pública de Goiânia, a volta representa uma mistura entre ansiedade e preocupação. A educadora lembra que a área observa uma defasagem no aprendizado dos estudantes, o que mostra necessidade de retorno.
Apesar disso, ela afirma ter dúvidas como será o funcionamento. “Com a vacinação é seguro, mas precisamos nos preocupar com a prática dentro das escolas”, considera.
A professora Flávia Marques, servidora da rede estadual, é mais dura e não vê segurança no retorno. Ela diz que tenta agendar sua vacina e ainda não conseguiu. Flávia diz acreditar que mesmo após as duas doses ainda é necessário obedecer ao tempo de efeito do imunizante, que varia de duas a quatro semanas após a aplicação do reforço.
“São muitas expectativas e a gente não sabe exatamente como vai ser”, diz sobre a falta de explicações oficiais. A educadora também cita a preocupação com a saúde de alunos e familiares.
Para a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), Bia de Lima, o momento propicia a preparação para a retomada parcial. A representante diz que pretende dialogar com o governo para definir a volta das aulas no dia 18 de agosto, duas semanas após a previsão do Governo estadual.
A sindicalista também propõe que a volta leve em consideração os professores que tomaram as duas doses, indicando a possibilidade de revezamento da classe docente. Por parte do Conselho Estadual de Educação (CEE), entidade que Bia de Lima participa, a entidade ainda discute como será a volta.
Educação de Goiânia quer antecipar dose
Em Goiânia, o secretário de Educação, Wellington Bessa, pretende pedir o adiantamento da aplicação da segunda dose para os profissionais da educação antes da volta das atividades. Tanto a rede pública da capital como a de Aparecida de Goiânia devem acompanhar o Estado e retomar as aulas presenciais em agosto.
Segundo Wellington Bessa, o retorno na capital ainda está sendo discutido, mas deve acontecer na segunda ou terceira semana de agosto, nos dias 9 ou 16. “Nós temos um planejamento pronto e vamos apresentá-lo. Tanto o planejamento pedagógico como o de segurança sanitária”, ressalta o gestor.
A expectativa, segundo Bessa, é conseguir atingir todos os estudantes na modalidade presencial, com rodízio entre aulas remotas e na escola.
Pelos dados repassados pelo secretário, até à tarde desta terça-feira (08), Goiânia já havia vacinado 17.329 trabalhadores da Educação, 95% dos 18.500 que fazem parte da categoria, de acordo com estimativa do município. O secretário diz que espera da Saúde uma análise dos protocolos.
Entre os pontos que o gestor irá apresentar como proposta está a consulta sobre possibilidade de antecipação da aplicação da segunda dose. A Secretaria Municipal de Saúde (SME) diz que a antecipação do reforço pode ser feita no máximo em três dias da data estimada.
Na rede municipal de Aparecida de Goiânia, o retorno também está previsto para o início de agosto. Segundo o secretário de Educação do município, Divino Eterno, a expectativa é de que as aulas voltem no mesmo formato que o Centro de Operações Emergenciais (COE) em Saúde Pública de Goiás já definiu.
Assim, as aulas na cidade devem voltar com 30% dos alunos com ensino presencial e o restante acompanhando as atividades de forma remota, pela internet ou com entrega de material impresso aos estudantes.
Sobre a volta antes da segunda dose para os servidores, o secretário informa que a questão ainda está sendo discutida, mas que “pelas orientações atuais, poderíamos voltar só com uma dose”.
Antes da decisão final sobre como deverá ser a volta, Divino promete submeter as propostas a uma análise criteriosa da Saúde. “Toda retomada depende de análise persistente”, considera o gestor.