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Bebês são 38% dos casos de SRAG em Goiás

Wildes Barbosa
Maria Eduarda, com o filho de 2 meses, no Cais Campinas nesta terça-feira (23): espera para atendimento

Os bebês com menos de dois anos representam 38,8% dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) registrados em Goiás neste ano. A proporção se reflete nas recepções das unidades de saúde, muitas delas lotadas de bebês com sintomas gripais. Ao mesmo tempo, os idosos, são os líderes no que diz respeito aos óbitos. Em 2024, 60% das mortes por SRAG no estado foram de pessoas com 60 anos ou mais. A aproximação do inverno acende o alerta para a chegada da influenza e a possibilidade do aumento dos casos e óbitos nas respectivas faixas etárias.

Apesar de a idade ser um fator crucial para que um caso de SRAG evolua para morte, a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim, destaca que evitar a transmissão entre bebês e crianças é mais difícil, o que pode influenciar na quantidade de casos e, consequentemente, na sobrecarga do sistema de saúde. “Elas (crianças) frequentam locais como escola, festas, reuniões, shoppings. Por isso, a orientação é para que sejam vacinadas. Para as que ainda não podem se vacinar, aglomerações devem ser evitadas”, esclarece. A vacina contra a influenza está disponível para bebês a partir de 6 meses.

Sem encontrar uma unidade de saúde pública na região em que mora, a dona de casa Maria Eduarda Viana, de 19 anos, se deslocou do Jardim Novo Mundo até o Centro de Atenção Integrada à Saúde (Cais) Campinas para conseguir atendimento para o filho de apenas 2 meses. Durante visita à unidade, na tarde da terça-feira (23), a mãe disse ao POPULAR que a criança tem apresentado sintomas respiratórios acompanhados de algumas alergias na região do pescoço há três dias.

Sintomas gripais também fizeram parte das queixas da mãe, que disse já estar medicada. Apesar de ter sido informada como lista de prioridade na fila para o atendimento, Maria Eduarda alegou espera de duas horas para ser atendida. Posteriormente, em uma troca de mensagens com a reportagem, a dona de casa disse que o filho recebeu atendimento após a entrevista, por volta das 17 horas. A criança ainda não se vacinou contra a gripe, no entanto a aplicação está prevista para o dia 26, conforme recomendação médica.

Entre o início dos sintomas e o atendimento, algumas mães relataram ter apelado à automedicação com base em orientações médicas anteriores. Duas mulheres que esperavam para entrar no ambulatório com os filhos de 2 e 1 ano disseram ter recorrido a antialérgicos e antigripais. As crianças apresentavam tosse, febre alta e coriza, mas ainda não tinham um diagnóstico. Uma mãe chegou a pontuar a mudança climática como um ponto que pode ter afetado a saúde da família.

Durante a passagem do POPULAR, 30 pessoas esperavam para receber atendimento no Cais. Apesar de já terem passado pela triagem, o encontro com os médicos contava com uma previsão de espera de até 2h30. De acordo com uma servidora, quatro pediatras estavam prestando atendimento no dia que foi considerado “bem tranquilo em relação aos outros”. Os atendimentos na unidade têm sido, em grande parte, por sintomas gripais.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que “tem trabalhado para aumentar e descentralizar o atendimento infantil no município” e que, nesta terça, 11 pediatras estavam distribuídos em seis unidades de urgência para prestar atendimentos, sendo quatro deles no Cais Campinas. A pasta também reforçou que o município mantém atendimento pediátrico em 21 Centros de Saúde (CSs). Eles funcionam de segunda à sexta e reservam 50% das consultas para atendimento sem necessidade de agendamento.

Idosos

A superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO aponta que os mesmos cuidados destinados às crianças devem ser adotados em relação aos idosos. “Vacinação e evitar contato com pessoas com sintomas respiratórios”, reforça. Flúvia ainda pondera a importância da vacina bivalente contra a Covid-19 para o grupo, já que metade das mortes por SRAG neste ano foram pela doença. Para pessoas com mais de 60 anos, é recomendada uma dose de reforço semestral após o intervalo mínimo de seis meses do recebimento da última dose. Atualmente, a cobertura vacinal bivalente no estado é de apenas 15,3%.

Já a campanha de vacinação contra a influenza foi iniciada no final de março. Ela foi antecipada em um mês em razão do aumento da circulação de vírus respiratórios. “Justamente para termos um cuidado maior com esses grupos mais frágeis”, explica Flúvia. Neste ano, de acordo com dados da pasta, já foram aplicadas 450,2 mil doses da vacina contra a gripe. A cobertura vacinal dos grupos prioritários está em 18.84%. A campanha termina no final de maio e a cobertura ideal é superior a 90%. Em 2023, ela alcançou apenas 60%. 

(Colaborou João Gabriel Palhares, estagiário do GJC em convênio com a UFG)

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