O Brasil apresenta uma taxa de 23,4 mortes no trânsito para cada 100 mil habitantes, segundo estimativas divulgadas nesta quinta-feira (19) pela OMS (Organização Mundial de Saúde), em Genebra, na Suíça. O país tem o quarto pior desempenho do continente americano atrás de Belize, República Dominicana e Venezuela - campeã de acidentes na região com 45,1 mortes por 100 mil habitantes.
A OMS também estima que o número de mortos nas estradas em todo o mundo pode chegar a 1 milhão por ano até 2030. De acordo com a organização, essa projeção mundial de vítimas fatais de acidentes automobilísticos tem um peso maior nos países de baixa e média renda, grupo no qual se encontra o Brasil.
"Mais de 90% de mortes no trânsito ocorrem nesses países que detêm 82% da população mundial, mas apenas 54% de veículos registrados", destaca o documento. Entre as principais causas citadas estão a "regulamentação fraca, qualidade inadequada das vias e dos veículos e aumento do numero de carros". Os acidentes automobilísticos são a nona maior causa de morte no mundo para a faixa etária entre 15 e 69 anos.
Esperança de vida
Os acidentes de trânsito são uma das ameaças ao aumento da esperança de vida em diversos países no mundo -embora o indicador tenha tido uma alta de cinco anos entre 2000 e 2015. Esse foi o crescimento mais acelerado desde os anos 1960.
Na África, o maior acesso ao tratamento contra a malária e contra o vírus HIV foram os grandes responsáveis pelo aumento da longevidade dos africanos. Atualmente, em média, ela chega a 60 anos. No continente americano, o indicador manteve-se estável no período. Entre a população brasileira, os homens têm esperança de vida de aproximadamente 72 anos, e as mulheres, 79.
Em termos globais, para os homens o país com a esperança de vida mais elevada é a Suíça (81,3 anos) e, para as mulheres, o Japão (86,8 anos). Na base da pirâmide, aparece Serra Leoa com 50,8 anos para os homens e 49,3 anos para as mulheres.
Cobertura universal de saúde
O relatório da OMS também enfatiza a importância da cobertura universal de saúde. "O mundo fez grandes progressos na redução de mortes prematuras causadas por doenças que são tratáveis e podem ser prevenidas", disse a diretora-geral da OMS, Margareth Chan. Mas, destacou Chan, "esses progressos foram desiguais. Temos que apoiar os países para que eles atinjam uma cobertura universal de saúde para nos assegurarmos de que ninguém fique para trás".
A edição deste ano do relatório de estatísticas mundiais da OMS lançou o índice UHC que "é a primeira tentativa de avaliar a dimensão global do acesso à saúde. Esse é um enorme desafio", explicou à reportagem Gretchen Stevens. O novo índice leva em consideração informações sobre a natalidade, mortalidade infantil, vacinação, acesso a exames rotineiros de saúde entre outros fatores.
O Brasil, segundo a OMS, tem sido um parceiro confiável no fornecimento de dados, mas a especialista do Departamento de Análise de Mortalidade e de Saúde da organização adverte: o país precisa enviar com mais regularidade dados sobre a incidência de hipertensão e de diabetes. "Os dados de que dispomos estão defasados".