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Brinquedos seguem sem uso no Parque Mutirama, em Goiânia

Wesley Costa
Sem funcionar desde 2017, Casa Mal Assombrada foi alvo de vandalismo, furtos e roubos; processo licitatório para revitalização lançado neste ano fracassou, mas Agetul fará nova tentativa

Embora tenha havido uma promessa da Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer (Agetul) de revitalizar a Casa Mal-assombrada, brinquedo do Parque Mutirama, ainda neste ano, a atração segue sem funcionar desde 2017. Outros brinquedos ainda sem uso são o Teleférico, que está parado desde 2016, e as montanhas russas, a mini e a maior, que estão fechadas em razão da segurança aos usuários.

O processo licitatório para a Casa Mal-assombrada aberto em abril, com o objetivo de colocar os carrinhos de volta aos trilhos e a decoração do espaço novamente ativa para “assustar” as crianças de Goiânia, fracassou, mesmo com a presença de cinco empresas interessadas. Um novo edital deve ser publicado ainda neste ano para aproveitar o orçamento já aprovado de cerca de R$ 1.174.400, mas já não há estimativa de quando os bons sustos voltarão a acontecer.

O presidente da Agetul, Valdery José da Silva Júnior, explica que a intenção era mesmo deixar a Casa Mal-assombrada em funcionamento neste ano com uso de emenda parlamentar federal e da própria autarquia. “Naquele momento, deflagraram o processo licitatório que ocorreu e deu como fracassado. Cinco empresas concorreram, mas duas não conseguiram demonstrar capacidade técnica como esperávamos e outras três não conseguiram habilitação”, conta. Ele reforça que o processo é feito pela Secretaria Municipal de Administração (Semad), que já devolveu para a Agetul readequar o edital.

“Agora estamos alinhando com a Semad qual será a modalidade, que deve continuar sendo pregão eletrônico mesmo, mas temos de ver o que podemos modificar”, diz Silva Júnior ao explicar como pretende fazer com que o novo processo licitatório tenha um vencedor. Ele indica que isso deve ocorrer ainda neste ano, mas reforça que se trata de um objeto muito específico e por isso é difícil encontrar a empresa ideal para a reforma da atração. Por outro lado, o presidente da Agetul assume que não serão modificadas as exigências técnicas pedidas para o brinquedo.

O documento apresentado em abril no edital afirmava que a intenção da Agetul era “aumentar a atratividade do equipamento em termos lúdicos, atingindo o emocional do visitante no tocante ao medo”. Isso porque o diagnóstico feito pela administração foi de que a expectativa do público do Mutirama era que a Casa Mal-assombrada pudesse atingir a emoção primária “medo”, mas que isso “não ocorreu na intensidade desejada”. “O visual externo constituiu atração suficiente para provocar a ida dos visitantes ao equipamento, porém, o funcionamento interior não garantiu a atratividade a ponto de estimular o retorno para uma nova visita dos frequentadores”, indica a justificativa do processo licitatório.

A prioridade, então, é garantir o perfeito funcionamento mecânico do brinquedo, com relação aos vagões e trilhos, em consonância com a nova cenografia. “Certos danos que possam existir e que possam ser partícipes do contexto da decoração do que se poderia imaginar como Casa Mal-assombrada, podem ser mantidos na nova proposta de cenografia que seja apresentada, desde que não represente risco à segurança do funcionamento da atração. Um trecho de forro rompido, desde que seguro que não caia, pode compor adequadamente a aparência pretendida para o espaço, por exemplo.” Na época, o contrato a ser licitado era de 12 meses de duração.

Estimativa

Assim mesmo, quando o processo foi iniciado em abril, a previsão da administração da Agetul era de que o brinquedo pudesse ser liberado ao público no Dia das Crianças, em outubro. Depois a previsão passou a ser para o período de férias escolares, o que também não ocorreu. Até por isso, o presidente da autarquia prefere não estimar qualquer prazo para a atração voltar a funcionar, visto que depende do interesse e da participação das empresas especializadas no serviço e que as mesmas possam comprovar capacidade técnica e também idoneidade para ser contratada pelo serviço público.

A Casa Mal-assombrada deixou de funcionar com o fechamento do Mutirama em julho de 2017, após o acidente com o brinquedo Twister, que feriu 13 pessoas na ocasião. Desde então, as atrações foram vandalizadas e furtadas, e o mesmo ocorreu com a parte técnica do brinquedo (cabeamento, iluminação, etc.). Silva Júnior, por outro lado, reforça que assumiu a Agetul com apenas 11 brinquedos em funcionamento, o que ocorreu durante o período de fechamento devido às medidas sanitárias para o combate da pandemia da Covid-19. No último fim de semana, o presidente afirma ter inaugurado a 25ª atração, após a reforma do segundo trenzinho da Maria Fumaça, que circula o parque.

Outros problemas no Mutirama são com relação às montanhas russas, mas que a solução já está bem encaminhada. Silva Júnior revela que já realizou os orçamentos para a manutenção das estruturas, que estão fechadas em razão da segurança aos usuários. Ele conseguiu com que a própria empresa que realiza a manutenção de rotina de todas as atrações do Mutirama realize a reforma na Mini Montanha Russa após um aditivo no contrato já firmado com a Agetul, em que o trilho foi quebrado em dois locais após a queda de uma árvore durante uma chuva. Já a Montanha Russa maior está fechada por questões de segurança, passando por trabalhos preventivos.

Neste mês, o Mutirama ficará aberto de quarta a domingo, das 16h às 22h, segundo a programação especial com a decoração de luzes de Natal, inaugurada no sábado (10). No parque, o tema da decoração deste ano é ‘Sonho de Natal’. Ele consiste “em um projeto mais lúdico para atender a população que vai ao parque, com uma árvore de Natal automatizada de 26 metros de altura, que pisca de acordo com o ritmo da música, além de presépio, túnel de luzes, Vila do Papai Noel e decorações natalinas”.

Licitação de Teleférico depende de testes

O Teleférico, atração do Parque Mutirama que consiste no transporte de pessoas por uma cabine suspensa em cabos entre a sede e o Parque Botafogo, implantado na reforma de 2013 e que funcionou até 2016, ainda não tem data para ser reformado. Apesar de incluído nas promessas de revitalização deste ano, o processo licitatório para a revitalização do brinquedo ainda não foi lançado, embora já tenha previsão de custos na casa de R$ 1 milhão. A licitação, no entanto, ainda depende da realização de um exame nos cabos do equipamento.

Presidente da Agetul, Valdery José da Silva Júnior explica que os cabos de aço estão parados há oito anos e existe a necessidade de analisar qual a situação deles. A administração já pediu a realização destes testes, que é basicamente uma radiografia para verificar se há pontos de fragilidade. “Precisamos analisar se o cabo está bom, quando tivermos esse laudo, prosseguiremos com a licitação. O termo de referência, a matriz de risco já está toda pronta”, diz. Em resumo, o exame vai definir se a reforma ou a troca do cabo de aço deverá constar no processo licitatório ou se será possível manter sem a mudança do item.

“Não adiantaria nada a gente fazer toda a licitação para a reforma do Teleférico sem incluir o cabo e depois descobrir que ele não pode ser usado por questões de segurança”, afirma Silva Júnior. Além disso, o presidente da Agetul lembra que a atração é um caso à parte, por ser o único teleférico do tipo cabinado de uso público em todo o mundo, especialmente em um parque. A agência, nos últimos meses, tentou buscar empresas que realizam reformas em teleféricos no Brasil e mesmo em países do exterior e encontrou uma, da Suíça, responsável por construir o equipamento usado em Canoas (RS), mas que, após contato, informou não ter interesse em reformar o equipamento do Mutirama.

Com isso, há uma grande chance de que a licitação a ser publicada nas próximas semanas ocorra com resultado deserto, ou seja, quando não há empresas interessadas em realizar o serviço. Silva Júnior conta que uma opção é a participação da Meta Alumínio, localizada no interior de Minas Gerais, que construiu o Teleférico do Mutirama, mas que é preciso fazer o processo licitatório para verificar se há interessados no mercado e, se confirmada a falta de interesse, após isso, poderá buscar alternativas legais para uma contratação direta, por exemplo. 

Ele ressalta que, assim mesmo, é necessário fazer o processo licitatório justamente para deixar clara a dificuldade em obter uma disputa de empresas pelo serviço e a falta de concorrência daria a legalidade ao uso da inexigibilidade de licitação. A implantação do Teleférico no Mutirama começou a ser feita em julho de 2015, com assinatura do contrato de compra do equipamento ao custo de R$ 1,8 milhão. A previsão era de que a atração, cujas cabines percorreriam cerca de 1 quilômetro entre os parques Mutirama e Botafogo, começassem a funcionar durante a passagem da tocha olímpica por Goiânia, em comemoração às Olimpíadas do Rio de Janeiro, de 2016.

No dia 5 de maio de 2016, o equipamento foi utilizado pela primeira vez, justamente com a passagem da tocha na capital. O ex-atleta André Villarinho foi o responsável por conduzir o item na cabine do Teleférico. A previsão era que depois disso a atração fosse aberta ao público, mas isso só ocorreu em julho daquele ano. Na época, estavam disponíveis quatro cabines para o uso e o trajeto era percorrido em cerca de 12 minutos, passando por cima da Marginal Botafogo. Apenas 13 dias depois, no entanto, a atração do Mutirama foi fechada ao público por questões de segurança, tendo de passar por testes, mas desde então nunca mais voltou a funcionar.

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