O Observatório Nacional de Causas de Grande Repercussão (OCGR), dos Conselhos Nacionais de Justiça (CNJ) e do Ministério Público (CNMP), incluiu, na quarta-feira (24), o caso do assassinato do empresário Fábio Alves Escobar Cavalcante, em Anápolis, em junho de 2021, na lista de monitoramento do grupo.
Como vem mostrando o Daqui, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) denunciou o ex-auxiliar do governo Carlos César Savastano de Toledo, o Cacai, e o assessor da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) Jorge Caiado como mandantes do crime e outros três policiais militares como executores. Cacai é alvo de mandado de prisão preventiva e está foragido há cinco meses.
O MP-GO investiga também outras sete mortes subsequentes em Anápolis em aparente tentativa de queima de arquivo, também com envolvimento de PMs. Escobar foi um dos coordenadores da campanha do governador Ronaldo Caiado (UB) no município em 2018, juntamente com Cacai, à época presidente do DEM (ex-UB) de Anápolis. Após as eleições, os dois entraram em conflito e Escobar passou a fazer acusações de corrupção contra o ex-aliado.
O MP-GO reuniu dois depoimentos de ex-integrantes da cúpula da Segurança Pública e da Casa Militar do Estado com relatos de que Jorge Caiado e Cacai queriam ajuda para assassinar Escobar.
Criado em 2019, o OCGR acompanha casos de grande complexidade e repercussão que tramitam no Judiciário brasileiro, com o objetivo de verificar eventuais entraves, estimular a celeridade e colaborar com "análises de maneira transparente e imparcial pela Justiça", segundo o CNMP.
Em uma lista de quase 60 casos já monitorados, o Observatório acompanhou um outro processo de Goiás, o julgamento dos acusados pela morte do jornalista Valério Luiz, em 2012, em Goiânia. Na lista de monitoramento do grupo também já foram incluídos os casos da Boate Kiss, da morte do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista Dom Philips, do desastre da barragem de Mariana e de crimes contra a comunidade LGBTQI+.
O Observatório tem um goiano na composição, o secretário-geral do CNMP e promotor de Justiça Carlos Vinícius Alves Ribeiro, que conduz as reuniões juntamente com a secretária-geral do CNJ.
A reportagem solicitou aos dois conselhos mais detalhes sobre o pedido de inclusão no Observatório e as providências do colegiado, e aguarda respostas.