Parte fundamental da cultura do Estado está escrita na Travessa Bezerra de Menezes, no Setor Sul, onde está localizado o Centro Cultural Martim Cererê. Um dos espaços mais emblemáticos e atuantes na capital estava desde outubro de 2022 de portões fechados para passar por uma merecida e necessária revitalização. Após seis meses, o espaço é entregue à população nesta sexta-feira (5), a partir das 19 horas, com um evento gratuito.
Berço de artistas da nova geração de Goiás, a programação de reinauguração não poderia ser diferente: shows de artistas locais movimentam o palco do teatro Yguá, enquanto os DJs comandam a festa do lado de fora nos intervalos. Por enquanto, a previsão é que o teatro Pyguá não receba shows na noite desta sexta. “A programação destaca a intenção dessa reabertura: artistas goianos como a Maduli, por exemplo, mostram que o Centro Cultural está aberto a novas propostas, não só para o que já acontecia no espaço anteriormente”, aponta a secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes.
Com previsão inicial de investimento de R$ 330 mil, a obra termina custando R$ 550 mil. “Em obra sempre tem surpresas. Do valor total, R$ 400 mil são por meio do governo de Goiás e os outros R$ 150 mil de emenda parlamentar do deputado estadual Virmondes Cruvinel”, explica a secretária.
A revitalização abrangeu principalmente as cúpulas do Martim Cererê, que estiveram inativas por cerca de quatro anos e receberam novo sistema de combate a incêndio e descargas elétricas, impermeabilização e pintura dos teatros Yguá e Pyguá, ar-condicionado e outros reparos. “Essa revitalização é uma grande vitória. Agora os teatros são não só bonitos, como efetivamente seguros, já que não havia nem o verniz antichama nos pisos”, diz Yara Nunes.
“Havia também um problema de infiltração nos dois teatros, que foram solucionados. Alguns detalhes como o uso de refletores de led, que esquentam menos, e de cortina de ar quando as portas estão abertas, vão melhorar a climatização dentro das cúpulas”, explica Dirce Vieira, gerente de Gestão e Equipamentos Culturais da Secult Goiás.
Ela, que é responsável direta pela coordenação do espaço, diz que demandas dos artistas e produtores também foram ouvidas para a revitalização do espaço. “Abrimos um portão mais próximo aos teatros para os artistas acessarem mais facilmente. Antes eles entravam e saíam com equipamentos pelo mesmo portão do público”, explica. Um quadro de energia na área externa foi instalado pensando nos expositores e organizadores de eventos como a Feira das Minas, que volta a acontecer no local em um domingo por mês.
Um edital de chamamento para grafiteiros será lançado em breve para os artistas locais interessados em estampar seus traços e cores no Cererê. A ideia é pintar as cúpulas dos dois teatros e o balcão onde funciona o bar em dias de evento. “O espaço foi todo pintado, mas tudo em cinza e cinza escuro, quase na mesma paleta de cores da Praça Cívica. Acreditamos que essas áreas grafitadas ficarão a cara do centro cultural”, observa Dirce.
Em dose dupla
Nesta sexta-feira (5), a programação de reinauguração apresenta shows de Maduli, Medley Dance, Synx, Urumbeta do Espaço, Blowdrivers e um especial produzido pela produtora Berço Music, apresentando nomes promissores do hip hop, pop, funk e trap da capital: Taysa, Teodoro, Silvvr, Maaju, Lara Evelin e Devito Cxrleone, conduzidos pelo DJ Pamperz.
Já no dia seguinte, um dos eventos que mais movimentou o Martim Cererê nos últimos anos já faz o seu retorno: o Cidade Rock, que realiza temporadas de shows gratuitos no espaço. Neste sábado (6), apresenta Rollin’ Chamas, Desert Crows, Lobinho e os 3 Porcão, Idos de Março e Cabrosa no palco do teatro. Na área externa, o som fica por conta dos DJs Pafa, Maurício Mota, Yasmin Lauck e Gordogroove.
“A ideia é essa mesmo, voltar com tudo. Não adianta esse investimento tão alto em revitalização se não tiver demanda para ocupar o espaço, que já estava, inclusive, com uma agenda grande de eventos adiados”, diz a secretária Yara Nunes. A Secult Goiás adianta que entre os eventos que devem ocorrer ao longo do ano estão o Festival Vaca Amarela, Goiânia Noise, Grito Rock e Feira das Minas, e que ainda há algumas datas para quem deseja marcar o seu evento no Centro Cultural. “E não só eventos de música: o Martim Cererê recebe iniciativas de todas as áreas das artes, de circo, teatro, dança”, aponta.
Local que tem em seu histórico shows de nomes como Projota, Lobão, Rogéria, Paulinho Moska e Karol Conká, festivais como Vaca Amarela, Goiânia Noise e Bananada tem suas raízes no Cererê. “O Martim tem uma importância histórica para Goiânia e Goiás que é inconfundível e inexplicável. É um espaço extremamente democrático, em que conseguimos receber eventos de todas as categorias e de fácil acesso, por ser centralizado. Dá para ir de carro, ônibus, bicicleta, a pé”, aponta Yara.