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Chuva leva parte de obra de drenagem e buraco causa acidente em Goiânia

Diomício Gomes
Obras de drenagem realizada pela Prefeitura, na Rua 10 esquina com a Avenida Cel. Joaquim Lúcio. Seinfra diz que foi sinalizada, mas alguém tirou avisos

Moradores da Rua 10, no Setor Santos Dumont, região Oeste de Goiânia, onde um carro caiu em uma cratera neste fim de semana, reclamam da precariedade da via e da dificuldade de transitar pelo local. Uma obra para instalação da rede de drenagem urbana e pavimentação asfáltica, iniciada em maio deste ano, ainda está em andamento. Com isso, a via está com a terra exposta, gerando transtornos aos residentes.

O drama é relatado pelo vendedor Arnaldo José de Oliveira, de 58 anos. Morador do setor há mais de 30, o homem conta que a obra iniciada há meses estava para ser finalizada. Isso porque, conforme ele, a terraplanagem já havia sido feita e os cascalhos estavam sendo colocados na pista. No entanto, com a chuva deste domingo (19), ele acredita que todo o trabalho terá de ser refeito, adiando a entrega.

“Só falta lá embaixo agora (na esquina com a Avenida Coronel Joaquim Lúcio), mas a chuva levou tudo. Colocaram cascalho e rodou tudo”, conta. Foi neste exato local onde um Chevrolet Classic despencou na cratera, onde está sendo feita uma etapa da rede de drenagem urbana. O vendedor relata ainda que, com a demora para a intervenção ser finalizada, a vizinhança está tendo de se virar.

Um problema para ele é a sujeira que se acumula na casa. “A cerâmica está toda encardida, quero ver como tirar essa sujeira depois que a obra acabar”, diz, ao mostrar o quintal cheio de marcas de barro. Além disso, com a terra mexida, muitos ficam sem ter acesso por veículo à própria garagem. Outros, improvisam uma rampa na calçada. “Tem vizinho que ficou dois meses deixando carro na casa dos outros”, diz.

É o caso da esteticista Gleide Mariana Santos, de 24 anos. Ela, que mora no setor há um ano, se mudou quase junto às obras. Conforme a mulher, o carro que possui teve de ficar cerca de um mês na esquina de casa, pois não tinha como dirigir pela via. “Os buracos estavam maiores. É um transtorno mesmo. Espero que arrumem logo.” Agora, ela pontua que ainda há dias que não dá para estacionar. “Tem dia que mexe na porta e fica alto (a calçada). A gente chega de carro e moto”, descreve.

O vizinho dono de uma distribuidora, Francisco Bezerra, de 59 anos, diz que perdeu metade das vendas por conta das obras, pois a entrada do comércio fica cheia de buracos e terra exposta, o que acaba afastando os compradores. “Faz buraco e deixa tudo aberto. Quando chove tem muita lama, quando não, tem poeira. E nunca termina. Os vizinhos nem entram dentro de casa direito”, reclama.

O homem acrescenta ainda que as ruas do setor ficam todas sujas por conta da terra que é levada da região. “Vai vir a chuva e vai ser terrível. Como o pessoal vai fazer Natal, com a casa toda cheira de barro? Acabaram com o bairro.”

A obra no local faz parte da intervenção que está sendo feita no setor vizinho, o Jardim Novo Petrópolis. Lançado no dia 7 de maio, a serviço era previsto para ser entregue em 150 dias, ou seja, até o fim de outubro deste ano. Em entrevista, o titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), Denes Pereira, explica que a previsão era que fosse finalizado no sábado (18) o trabalho no ponto onde o carro caiu numa cratera.

“O problema da obra não é nem a parte de drenagem, mas o lançamento no Córrego Caveirinha. Essas caixas de passagem não podem ser muito longas uma da outra. Tem várias (caixas) porque é preciso segurar a água para que ela não chegue muito forte no lançamento. Então, a última caixa, no Santos Dumont, estava devidamente sinalizada. Só não terminamos no sábado, conforme estava previsto no nosso cronograma, porque a Saneago não terminou a parte dela. Hoje de manhã (segunda-feira) a acionamos e uma equipe foi para lá”, conta.

O Daqui entrou em contato com a Saneago na tarde desta segunda-feira (20) para pedir um posicionamento sobre o serviço mencionado. Até o fechamento desta matéria, não obteve retorno. A reportagem observou, ao chegar ao local da queda do veículo, que foi colocada terra no buraco. A sinalização foi reforçada. O secretário explica que a obra estava devidamente sinalizada. “Um morador, não sabemos porque, simplesmente tirou a sinalização e tentou passar. O que a Prefeitura de Goiânia faz numa obra tão complexa como esta é sinalizar e terminar a obra. Estamos terminando, depois é só fazer a terraplanagem e colocar a capa asfáltica”, diz.

“Não estou tirando a nossa responsabilidade, mas a obra só não terminou no sábado porque tinha uma obra da Saneago para ser feita. E tem a imprudência do morador de desrespeitar a sinalização. E não foi a primeira vez”, acrescenta. Moradores ouvidos pelo POPULAR apontam que em outras duas ocasiões, veículos despencaram nas crateras das obras no setor. No dia 2 de novembro, a TV Anhanguera mostrou um acidente semelhante, e no mesmo ponto.

O titular da Seinfra descreve ainda preocupação com a chuva nas próximas semanas. “Parece que este ano será muito duro para nós. Tudo indica que haverá um grande volume de chuvas em pouco tempo. Esse é o grande problema. As grandes cidades não estão preparadas para a mudança do comportamento das chuvas. Essas interferências que a prefeitura resolveu enfrentar, vai mudar sobretudo o modo da infraestrutura da drenagem urbana”, ressalta. (Colaborou Malu Longo)

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